sábado, 31 de dezembro de 2011

Ano novo, TV paga nova

Minissérie "Great expectations"
É ótimo saber que a televisão por assinatura está disponível para mais brasileiros a cada dia. Mais de 42 milhões de pessoas já têm acesso ao serviço, que, em 2011, registrou crescimento de 30,54%. O cenário, que já era bom com a ascensão da classe C no país e com o advento das UPPs — e o consequente fim da “GatoNet” — tende a ficar ainda melhor com a proximidade da Copa e das Olimpíadas. A pergunta agora é: que retorno será dado ao assinante em termos de qualidade? Clique aqui para ler o artigo "Televisão à altura do preço e da inteligência do público".

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Olha a tautologia aí, gente!

Leio no Segundo Caderno matéria a respeito da peça "The Disney killer", que, pasmem, "estreia no Rio pela primeira vez" (sic)!

Pessoal, estrear já é:
  • usar ou colocar (algo) em exercício pela primeira vez;
  • ter seu primeiro desempenho;
  • exibir(-se) ao público pela primeira vez.

Onde? Aonde? Como assim?

Terminando de coar um café na cozinha, ouço, da TV ligada na sala no "Hoje", alguém falar do réveillon na Av. Paulista: "(...) vai haver um momento aonde as pessoas poderão refletir (...)".

Vale explicar duas coisinhas: o advérbio onde indica lugar e aonde significa para onde. Ou seja, a frase não fecha, mesmo que momento fosse o lugar mais maravilhoso do mundo.

Aliás, tem havido uso indevido do onde a todo momento na televisão. Até o canal HBO anda anunciando uma série onde acontece... o que será mesmo? A palavrinha inadequada dispersa minha atenção, que voa sabe-se lá pra onde.

Está mais que na hora de descobrirem o "em que", por exemplo.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Múmia geneticamente incorreta

Ainda a propósito da matéria a respeito do Tutancâmon, que gerou a nota
abaixo, Sergio Flaksman duvidou e conferiu que relações incestuosas, de acordo com o Houaiss, podem não ser, necessariamente, consanguíneas. Diz lá: "incesto: relação sexual entre parentes (consanguíneos ou afins) dentro dos graus em que a lei, a moral ou a religião proíbe ou condena o casamento".

Agora, me explica só uma coisa: se a relação é incestuosa, mas não consanguínea (ou seja, com irmãos de criação, padrasto ou madrasta, por exemplo), em que afeta a genética do cidadão, que é do que trata a reportagem?

Ai, meus hífens! (2)

Agora foi o faraó Tutancâmon, pobrezinho, vítima, segundo O Globo de hoje, de mal genético, "devido a relações incestuosas e co-sanguíneas".

Pois foi vítima da nova reforma também. Se o certo é "cossegurado", não deveria ser "cossanguínea"? Eta coisa horrorosa!

Em tempo: pelo Facebook, que está dando tilt, Sergio Flaksman lembra que a palavra certa é "consanguínea" (que, aliás, jamais teve hífen).

Ai, meus hífens!

Sabia tudo (ou quase tudo) de hífen, essa coisinha que incomoda tanta gente — e que, com a nova reforma, incomoda muito mais. Agora, vivo na dúvida.

Ao ler matéria desta semana a respeito do assustador degelo nos Himalaias, dei de cara com um "auto-alimentação" e desconfiei. Após consulta, confirmei: se em autoajuda o hífen não existe, aí também não há.

 

A meia constrangida

Constrangida, a meia enroscou-se toda
Ligo a TV e pego matéria já começada no "Globo esporte". Pelo que entendo, a moça, Kelly, é uma atleta, posou pelada e fez sucesso. A primeira frase que a escuto dizer é:

"(...) só fiquei meia constrangida quando (...)".

Não ouvi mais nada, claro.

Essa história de achar que estar "meio" isso ou "meio" aquilo varia conforme o gênero de quem fala é erro grave, velho e repetidíssimo por aí (certas atrizes muito conhecidas insistem na forma). Por acaso alguma mulher já ficou "pouca" ou "muita" constrangida com alguma coisa?

sábado, 24 de dezembro de 2011

Só mesmo a reforma...

Falei que não vinha aqui por esses dias, mas não resisto. Culpa da nova reforma ortográfica, que, às vésperas de 2012, ainda não pegou.

Fui ler a matéria do lançamento da biografia da saudosa Mara Rúbia — que morou no Bairro Peixoto, onde a conheci e fiquei amiga de um de seus filhos, artista plástico — e lá estavam consequência ainda com trema, ideias com acento...

Feliz ano novo e boa sorte para todos os que têm que brigar com essas "benditas" mudanças dia após dia!

Megafeliz Natal!


Feliz Natal com "Megamente", espécie de cruza de Brian, do Monty Python, e Super-Homem — enquanto o primeiro nasce e cresce à sombra de Jesus, o trapalhão magricelo, cabeçudo e azul é enviado para a Terra ao mesmo tempo em que o futuro Metro Man — um Clark Kent mais bombado e com pais adotivos cheios da grana. Clique aqui e veja o que há de melhor na programação de filmes destes dias de festa.

PS importante: se não aparecerem no blog as bobagens lidas e ouvidas por aí, é porque o período não dá muito espaço para fazer outra coisa que não seja festejar. Mas logo, logo volto à rotina.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Reforma dá mau humor

A nova reforma é de enlouquecer, especialmente na questão do hífen.

Hoje, na coluna Gente Boa, o título principal traz a palavra bem-humorado sem o dito cujo.

Uma consulta às novas regras, porém, faz crer que ele continua a existir.

Socorro!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Não dá para engolir

Na ânsia de fazer um título (ou subtítulo) caber no espaço da página, muitas vezes redatores e editores escolhem o caminho mais fácil, de suprimir a menor expressão disponível. O problema é que nem sempre a Língua Portuguesa permite a supressão de certas palavrinhas, caso da preposição "a" comida hoje no Globo, em:

"Oposição rejeita texto que obriga União ressarcir prejuízo da Fifa e votação é adiada". (sic)

Não tem jeito: obriga-se alguém a fazer alguma coisa. Para não mexer muito e escrever certo, com a União obrigada a ressarcir prejuízo, só trocando o "e" pelo ponto e vírgula — com ponto final, obriga o "V" a ficar em caixa alta (ou maiúscula) — ou dimunindo o corpo da fonte (ou tamanho da letra).

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O ditador morreu quando?!?

Uma querida amiga me passou mensagem de texto, para perguntar se eu já tinha visto a legenda de hoje do Globo, na chamada da morte do ditador norte-coreano.

Mal cheguei em casa, fui ler com calma a primeira página do jornal, onde encontrei a "gracinha".

"CHORO COLETIVO: a morte do ditador Kim Jong-il, ao lado do filho Kim Jong-un durante uma parada em Pyongyang, no ano passado, leva norte-coreanos a cenas de desespero". (sic)

Afinal, o homem morreu dias atrás ou no ano passado? Foi durante uma parada? O filho morreu junto? Então, como o substituiu no poder?

É a velha história: no Português, a ordem dos fatores altera o produto. O redator tinha que dar um jeito de explicar o fundamental: na foto à direita, tirada durante uma parada em Pyongyang, em 2010, Kim Jong-il posa com o filho Kim Jong-un. De preferência, entre parênteses.

Apesar? Não seria além?

Nesta nota de hoje da coluna de TV do Globo, o uso do "apesar" soa estranho. Apesar dos salários atrasados o presente foi uma bomba ou "além" de os salários estarem atrasados deram uma bomba de Natal?

domingo, 18 de dezembro de 2011

A cor da redundância

No "dicionário brasileiro da moda", pink — rosa, em inglês — passou a significar aquela tonalidade "cheguei" da dita cor.

Na coluna do Ancelmo, criaram, pelo visto, um tom ainda mais forte: o cor-de-rosa pink. Deve ser um espanto, mas, como diria o colega, deixa pra lá.

Questão de ordem

Português não é matemática, na qual, em determinadas operações, a ordem dos fatores não altera o produto.

Vejam este subtítulo de hoje, no Globo: " TCE flagra 1.173 que morreram na folha de pagamento (...)". Trata-se, no mínimo, de um lugar muito estranho para se morrer.

Que tal inverter? "TCE flagra, na folha de pagamento, 1.173 que morreram". Fica ou não fica mais clara a intenção do redator?

Detalhe: "flagrar" traz a ideia de ação no momento do crime. Será que pegaram os defuntos com a boca na botija?

'Sobre' de sobra

Os colegas andam abusando do "sobre". Já não se fala disso ou daquilo, mas, quase sempre, "sobre" isso ou "sobre" aquilo.

A moda pegou de tal jeito que ontem, na coluna do Ancelmo, uma nota a respeito da Mocidade Independente dizia que seu enredo "é sobre Portinari".

Não fica melhor, mais simples, mais direto etc. etc. dizer que o enredo da escola é o nosso grande artista?

sábado, 17 de dezembro de 2011

Saudades sem intimidades

Recomendação aos colegas: não tentem parecer íntimos de famosos.

Nossas homenagens não são "ao" Sérgio Britto, "ao" Joãosinho Trinta, "à" Cesária Évora, mas a todos esses grandes artistas.

Apertem os cintos... O uso sumiu!


Gente, mal liguei a televisão e sintonizei no "RJ-TV" e já escutei a frase (repetida em seguida, com ênfase): "(O bandido Fulano) será processado por emprego de arma."

Por um átimo, pensei que as armas estavam deixando nosso alto índice de desemprego. Depois, já mais desperta, lamentei a agonia do "uso", pobrezinho. Depois de ser substituído pela "utilização", agora mais essa...

O dia muito antes do fim

Um filme atual traz outro, de quase duas décadas atrás, à lembrança.

Kevin Spacey está nos dois — em ambos, cercado por atores de alto gabarito: em “Margin call — O dia antes do fim”, por Jeremy Irons, Stanley Tucci e Paul Bettany; e em “O sucesso a qualquer preço” (“Glengarry Glen Ross”), pelo saudoso Jack Lemmon, além de Al Pacino, Ed Harris e muitos mais. Clique aqui para ler.

Meta para 2012: otimização

Não resisti ao ler, no Facebook, a postagem de um amigo e colega, que ouviu uma pérola gigante no rádio, a respeito do temporal de ontem em Belo Horizonte (cidade onde mora a maioria dos meus parentes queridos). Tinha que reproduzir a notícia. 

Disse o locutor que "as chuvas superaram as metas deste ano".

Comentário do amigo: "Fico imaginando a eficácia de gestão do responsável por esse imenso aqueduto no céu."

O pessoal do marketing da "empresa" provavelmente diria que esta gestão "pluviometrista" modelo é participativa, conta com o engajamento de todos os funcionários do setor e, após superar as metas de 2011, tem planos de otimizar os resultados no ano que vem.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Em discordância

Horas depois de escrever a nota abaixo, enviada por uma amiga, lembrei-me de outro erro de concordância, que vi no Globo de terça-feira, mas não tive tempo de postar no dia, devido a compromissos diversos.

Estava na nota do Ancelmo intitulada "Petróleo é nosso" (o artigo definido faz falta aí...), que começava assim: "Os Correios, em parceria com a Petrobras, lança amanhã (...)" Didi Mocó perguntaria: "Cuma?!?"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fica por isso mesmo?

Uma grande amiga (e grande jornalista) passou e-mail assim que o "JN" acabou. Diz ela:

"Agorinha mesmo, no 'Jornal Nacional', em matéria a respeito de um trabalho do IBGE, foi dito que se tratava de um relatório "sobre as riquezas produzidas pelo Brasil, e como ela é distribuída."

Segue a missiva: "Erro de concordância na boca do preclaro e emproado Bonner, ele próprio. Se 'assim estava escrito', nosso 'mocinho passadinho a limpo' não poderia corrigir, não? Eu acho que sim, mas... quem sou eu?"

Eu diria que a querida amiga é uma pessoa preocupada com a dsseminação do mau Português. Não há vergonha em errar. Vergonha é não corrigir no ato — mais cedo, por exemplo, a Sandra Annenberg tropeçou no "Hoje" e deu a volta por cima rapidamente, com classe e simpatia.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Propaganda enganosa

Dando uma olhadinha no Facebook antes de ir pra cama, vi um anúncio de canto de página, com um título feioso ("Melhor a dois que só"), mas que me fez pensar: "Legal! Será que o Face vai se redimir da odiável censura e até abraçar a causa contra a homofobia?" Afinal, com a foto do rapaz abaixo, lê-se a frase:

"be2 apresenta homens compatíveis (...)." No site, porém, só há casais heterossexuais. Se eu fosse homem e gay, ficaria ainda mais injuriada com esse povo que não sabe escrever direito e engana o leitor.


domingo, 11 de dezembro de 2011

A (intro)metida outra vez

Hora de jogar fora os jornais da semana. Numa última folheada, encontro, mais uma vez, a crase fora de lugar na expressão "metido a besta". A intrometida estava na coluna do Ancelmo de sexta-feira, em nota a respeito das bodas de Zeca Pagodinho.

Quem será o metido a inteligente, metido a erudito, metido a acentuar tudo o que vê pela frente? Perceberam que não há crase (ou seu correspondente masculino "ao") em nenhum desses exemplos? Na dúvida, recomenda-se a regra de ouro do saudoso colega Aloísio Branco: derrube! A crase errada chama muito mais atenção do que a falta dela.

Causa espanto

A gíria nem é tão corrente assim — pertence a um nicho (para usar palavra da moda, também feia que só). E tinha sumido das páginas do jornal.

Hoje, reapareceu na Revista da TV, sem aspas ou itálico, como se fosse a coisa mais usual do nosso linguajar: "(Fulana) causou ao posar bem confortável (...)".

Em bom "mineirês", causa espanto ver um trem desses no Globo.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Festas com muita 'ralação'

Que tal pôr seu namorado — ou amigo, ou marido etc. — para passar roupa nas festas que se aproximam? Pois foi o que sugeriu, no "Hoje", uma moça que, segundo a repórter da TV Globo, tem a sensacional profissão de "consultora de imagens" (assim mesmo, no plural — e não me pergunte o que vem a ser isso, que eu sou capaz de dizer que é alguém que escolhe fotos para álbuns, sei lá).

Bem, a tal "consultora de imagens" deu algumas sugestões para as moças que não sabem com que presentear os rapazes nesta época — entre elas, belas camisetas: "Preta, para ele passar no Natal; branca, para ele passar no Ano Novo."

Sugiro que o ferro seja incluído no pacote, com manual de instruções, pois muitos homens nunca devem ter chegado perto desse utensílio doméstico — com o qual, confesso, eu sou um desastre completo.

É Hora de Clarice. E de recuperar
a memória de nossos artistas

Iniciativas como as do Instituto Moreira Salles — que recupera acervos preciosos e promove eventos culturais constantemente — e da Imprensa Oficial de São Paulo — com sua coleção Aplauso, de biografias e histórias de patrimônios como a TV Tupi (disponível também na internet, em http://aplauso.imprensaoficial.com.br/) — têm se encarregado de aproximar os brasileiros de seu passado em todas as artes. Clique aqui para ler.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A César o que é de... quem?

No tempo em que não existia ombusdman por aqui (mas o colega Luiz Garcia fazia este papel no Globo), aprendi coisas como: não se misturam os sujeitos no meio da frase.

A utilíssima lição serve para evitar bagunças como esta de hoje, em nota na coluna do Ancelmo: "Maria Fernanda, que enfrenta uma guerra judicial com o sobrinho Alexandre Teixeira, considera 'o fato de a Global conduzir esta negociação sem sua participação um verdadeiro ultraje'."

Se o trecho está entre aspas, significa que foi dito por Maria Fernanda. Então, de quem será a tal participação?

Se o possessivo "sua" se refere à atriz, a frase deveria ter pausa, com dois pontinhos, depois dos quais ela diria: "O fato de a Global conduzir esta negociação sem a minha participação é um verdadeiro ultraje."

Festa pelos cem anos de Mário Lago

Mário Lago (1911-2002) poderia ser definido como um artista multimídia avant la lettre. Afinal, foi ator e autor de teatro, cinema, rádio e TV, compositor, radialista, escritor e poeta — além de grande frasista, militante sindical, ativista político e, ao mesmo tempo, boêmio e homem de família. “De forma absolutamente intuitiva” — e com a ajuda da irmã Graça Lago (o irmão mais velho, Henrique, tem acompanhado de longe, porque está morando na Bahia) — Mário Lago Filho distribuiu todas essas facetas em um ano de celebrações pelo centenário do pai e diz, brincalhão: “Papai odiava ser ‘arroz de festa’. Ia ficar orgulhoso, mas, também, muito irado com a gente.” Clique aqui para ler.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Essa doeu!

Mal termino de escrever a respeito de uma nota do Ancelmo e bato o olho numa crase que quase me derruba da cadeira, aqui diante do computador.

Está lá, bem grande, no título "Sentaí metido à besta".

Antes de perpetrar a bobagem, recomenda-se a todos os colegas que experimentem achar um correspondente masculino para ver se cabe "ao". Por exemplo: "metido a inteligente". Vale também "passou de cavalo a burro".

Se alguém conseguir usar a preposição + o artigo em uma expressão do gênero, prometo que engulo essa crase indigesta com batatas!

Ficção ou realidade?

Na coluna do Ancelmo, a nota "Toca dos leões" informa que Fulano e Beltrano vão estrear "na direção de ficção de longa-metragem". Até aí tudo bem, embora goste mais da forma "longa-metragem de ficção".

Estranho mesmo foi ler, no parágrafo seguinte, que o filme será baseado na biografia de Washington Olivetto escrita por Fernando Morais. A história, afinal, é fictícia ou real?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Vai torcer pra quem?!?

Lendo hoje o jornal de ontem, vejo o titulaço da seção Guia de Compras: "Vou torcer pro time que sou fã".

Sinto dizer que essa torcida está caidaça, devido à ausência da preposição "de", indispensável aqui. Quer dizer, pode-se até torcer sem ela, mas nunca ser fã de alguma coisa ou pessoa — sentiu a diferença?

Como o título "Vou torcer pro time de que — ou do qual — sou fã" não é lá muito bonitinho, melhor seria o autor ter pensado em outro, em vez de errar. Como fã do bom Português, torço por melhor escolha da próxima vez.


Plural esquisito

Soou estranho quando a repórter do "Hoje" soltou o plural "vouchers" no ar, pronunciando "váu-che-res", com todas as letras. Daqui a pouco vão abrasileirar o termo de forma horrorosa, estilo "juniores" e "seniores" — que têm ênfase no "o" fechado, como se ali houvesse um acento circunflexo.

Carioca de sangue mineiro, tenho apenas um comentário a respeito dos monstrengos importados e mal adaptados: "Ô trem!"

Ednei Giovenazzi celebra a vida
no palco com réquiem de Ionesco

Nestes tempos de celebridades instantâneas, em que também a nobreza se notabiliza mais pelos escândalos, dá gosto assistir a um ator de verdade, que, aos 81 anos, empresta enorme vigor ao monarca que se recusa a aceitar a morte — e, consequentemente, a abandonar o poder.
Clique aqui para ler o texto completo.

sábado, 26 de novembro de 2011

Vai que é tua, Zuenir!

Concordo em gênero, número e grau com a coluna de hoje do "Mestre Zu".


Relógio enlouquecido


Deu a louca no canal HBO!

Estão anunciando para "hoje à noite" o filme "Toy Story 3", começando às... "15h15"!

Nem fora do horário de verão dá para imaginar essa matinê infantil como sessão noturna.

'A maremota'

Quando as pessoas vão se convencer de que, usada em português, a palava tsunami é masculina? Hoje foi a vez de a correspondente da Globo em Nova York escorregar na onda, lendo um trecho de livro de Woody Allen.

Dicionários a postos, colegas:
tsunami/ [jap.] s.m. (c1897) vaga marinha volumosa, provocada por movimento de terra submarino ou erupção vulcânica etim jap. tsunami, de tsu 'porto, ancoradouro' + nami 'onda, mar'.

'Potpourri' de falhas

Numa folheada rápida pelo Segundo Caderno, bati o olho em três falhas:

1) hiperespiritualizado é horroroso, mas é assim mesmo, tudo junto (no texto do jornal, está separado);
2) a palavra francesa não é poutpourri, Gente Boa, é potpourri;
3) e o Rene Silva, do Complexo do Alemão, já avisou (até pelo Facebook) que o nome dele não tem acento.

Mulheres idealizadas


Leitura de “Traduzindo Hannah”, do brasileiro Ronaldo Wrobel, inspira releitura de “A mulher das maravilhas”, do italiano Alberto Bevilacqua. Cenários, época, personagens, linguagem, trama, tudo é diferente — mas um lembra o outro pela viagem de seus protagonistas em busca de uma misteriosa mulher. Tentando desvendar suas "esfinges", um sapateiro e um escritor fazem uma viagem para dentro e para fora de si mesmos — e confrontam-se com o próprio passado, reveem o presente e arriscam as fichas no futuro. Clique aqui para ler.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Muito barulho por nada

Podem me chamar de implicante, mas ando sem a menor paciência para textos que usam um monte de polissilábicas para dizer coisa alguma (e, talvez, tentar vender uma imagem de erudição).

Veja, por exemplo, este trecho da crítica da segunda animação em torno do lindo pinguinzinho sapateador, Happy Feet, publicada hoje no caderno Rio Show:

"Sobre o episódio inicial, prevalecia uma visão da predação mais magnética do que as paragens românticas da trama."

O caríssimo leitor entendeu?

Por que o inglês?

Essa não deu para entender. A matéria do "Hoje" a respeito de uma pesquisa com vestibulandos insistiu em usar o vocábulo inglês "stress", tanto na pronúncia afetada da repórter quanto na tela, com todas as letras.

Quer dizer, sem todas as letras, já que a palavra está aportuguesada e dicionarizada há muito tempo. Ou seja, dá para se ter estresse por aqui sem precisar importá-lo de outro país.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Chico Nelson e Leila Diniz

Éramos uma equipe formidável na Enciclopédia Encarta, da qual fazíamos parte, Chico e eu, quando ele nos deixou, cedo demais, em 1998.

Por um desses mistérios insondáveis, o esboço de um texto que ele escrevera a respeito de sua passagem pela casa de Leila Diniz — no período da clandestinidade forçada pela didatura militar no país — ficou com uma das amigas do grupo, que o reencontrou, dias atrás, numa gaveta.

No domingo, ela me entregou a preciosidade sem me dizer o que era. Assim que abri o envelope, reconheci a letra; em seguida, o teor daquelas quatro laudas envelhecidas.

Mas pulemos a parte emocional da história. Sigo o conselho de outra amiga presente no dia da entrega e publico aqui o texto, que, se não me engano, o Chico fez, a pedidos, para um documentário sobre Leila Diniz (acho que o depoimento seria lido por alguém). O rascunho está inacabado, mas é excelente exemplo de como se deve escrever.





 

sábado, 19 de novembro de 2011

Está certo, mas...

Pelas regras da nova reforma ortográfica, a palavra "suprassumo" está correta. Mas é tão feia que jamais deveria ser usada em títulos de jornal. Aliás, é horrorosa como as sandálias cor de abóbora que o caderno Ela diz ser moda na página seguinte. Ui!

Animação e decepção em série


Para quem gosta de seriados de TV, a alta temporada já começou. Mas nem tudo é motivo para comemoração em meio à tradicional enxurrada de estreias do período. Uma das boas surpresas é Ted Danson (foto) como novo chefe da equipe de "CSI". Clique aqui para saber mais.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

'Massacre' na Zona Sul

Vira e mexe circulam por aí e-mails recheados de placas com erros crassos de Português, a maioria com cara de trabalho de Photoshop ou foto tirada em beira de estrada.

Pois não é preciso se embrenhar pelo Brasil para ver o idioma ser massacrado em letreiros. Basta um pequeno giro por Copacabana, nas imediações do Posto 4.

Um dos erros mais recorrentes está nos restaurantes à quilo (argh!). Gente, antes de pesar os alimentos, dá para deixar essa crase indigesta de fora?

Vai comemorar onde?

Anúncio da loja Mercatto na TV diz que "você pode comemorar seu fim de ano aonde quiser".

Eu, pelo menos, não vou comemorar nada com Português errado. A Mercatto pode celebrar o que quiser, onde quiser. Mas aonde — ou para onde — ela vai com o mau uso do idioma, eu não sei.

Danilo Caymmi pop

Nos dias 19 e 20, às 19h, o cantor, músico e compositor apresenta seus grandes sucessos na Caxa Cultural do Rio, acompanhado do violão do maestro Muri Costa. Clique aqui para ler.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Dúvida atroz com Lupi e Adair

O que é pior? Ver o lombrosiano ministro Lupi aos berros na televisão ou ouvir o empresário Adair Meira rebater suas declarações usando o plural majestático?

Futuro, passado e presente no palco

Não é de hoje que a mulher recorre a artifícios para ficar bela. Mas de que serve uma beleza escultural se a cabecinha for completamente oca? A perfeição poderia estar num ser artificial que aceitasse conteúdos (ou programas) diversos, quem sabe? Esta “viagem” do simbolista Villiers de L’isle-Adam — “A Eva futura”, de 1886 — fez viagem quase tão incrível até aportar em palcos brasileiros, em 2011. Clique aqui para ler.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Fora de foco na Globosat

Ligo a televisão e encontro um ator, ex-"Sob nova direção", comentando animadamente um filme (acho que era "Amanhã nunca mais"). Lá pras tantas, diz ele que uma das coisas interessantes da história é mostrar "profissões constantemente em perigo" — como a de motoboy, entre outras que me escapam.

É claro que o ator queria falar dos profissionais que arriscam a vida diariamente para pagar as contas no fim do mês, mas, no calor da entrevista, jogou o foco em trabalhos que não estão, até onde se sabe, em vias de extinção.

Mais fora de foco descobri que estava eu, que pensava ter sintonizado no Canal Brasil, mas via, na verdade, o Globosat HD — e este anunciava a divertida série canadense "Murdoch mysteries" naquela barrinha da Net. Ou seja, uma salada!

Como pode uma emissora paga ser uma miscelânea dessas? Quando os responsáveis por ela vão tomar vergonha e criar uma grade de programação para fazer um canal de verdade? Não há regras para o (mau) uso de sinal na TV por assinatura?

sábado, 12 de novembro de 2011

Dúvida em dose dupla

Duas dúvidas me assaltaram após a leitura do jornal de hoje. A primeira foi: afinal, caiu ou não caiu o hífen em não ficção e expressões afins?

A segunda veio com as expressões "alentada reportagem" — reforçada em seguida, em nota a respeito de matéria de transplante capilar — e "tropas aliadas" — em referência à invasão da Rocinha: serão os colegas que andam imbuídos de um certo "espírto Cazuza" ou serei eu a exagerada? 

A aventura de ler e caçar livros

Sobreviveu ao 11-11-11? O filmeco de mesmo nome (ou número) trouxe à lembrança coisa melhor: "O Clube Dumas", de Arturo Pérez-Reverte que virou filme pelas mãos de Roman Polanski — "O último portal", com bom elenco e muitas mudanças no roteiro — e, como convém ao autor homenageado, tem trama folhetinesca e cheia de reviravoltas.

O discutível herói é um caçador de livros raros, às voltas com duas tarefas: autenticar um original de "Os três mosqueteiros" e encontrar uma obra queimada pelo Santo Ofício e considerada demoníaca. Ilustrações quase idênticas, mas com pequenas discrepâncias, vão montando o quebra-cabeças para o leitor e o mercenário decifrarem o enigma.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Rio, transporte único

Elucubrações na plataforma do metrô — mais precisamente, na estação Botafogo, vindo do Centro e esperando "conexão" para Copacabana, logo ali.

O Rio deve ser a única cidade do mundo com transporte subterrâneo em que o usuário, em vez de fazer baldeação de uma ilnha para outra, para ir aos mais variados cantos do município e arredores, troca de trem para continuar na mesmíssima linha, no mesmo sentido, e avançar apenas umas duas ou três estações.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

No andar de baixo

Ancelmo Gois tanto reclama do abuso de expressões estrangeiras por aí e hoje, logo abaixo de sua coluna, uma das muitas matérias do Globo dedicadas ao traficante Nem traz em título e texto a praga do delivery, sem aspas ou itálico, como se se tratasse de vocábulo do nosso dioma.

Resta cobrar do colega sua tradicional indignação: "Delivery é o..."

Papéis trocados

Nunca é tarde para explicar — e, afinal, “O preço do amanhã” continua em cartaz. Diferentemente do que foi informado na crítica do Globo, Justin Timberlake e Cillian Murphy não são os protagonistas do filme.

O primeiro ocupa este posto, o segundo é seu antagonista — e, por mais que a considerem uma falha de escalação, Amanda Seyfried é a mocinha da história (ou protagonista feminina, como preferirem).

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Net, um espanto até nos textos

A Net nos dá sustos frequentes — os piores, claro, quando nos deixa sem internet e temos que trabalhar e na hora de pagar a fatura. Outros chegam a ser risíveis de tão absurdos, como esta sinopse de um filme intitulado "Ninja assassino" (HBO):

"Treinado desde criança para ser um assassino letal, Raizo deu as costas ao clã Ozunu que o criou e que agora busca vingança por seus sanguinários assassinatos." (sic)

Entendeu alguma coisa? Nem eu! Ainda estou rindo com o "assassino letal"...

Viva o povo brasileiro

O logradouro (com o qual minha rua se confunde) é mínimo e tem nome desproporcional ao seu tamanho: Praça Vereador Rocha Leão.

O imóvel recém-reformado é pequeno e tem fachada ainda menor.

Então, deve ter pensado o proprietário (ou sua mulher, ou um operário da obra, sei lá), por que não simplificar as coisas?

Criatividade é isso aí....
(...e como bem lembrou meu filho, o endereço só é um risco para sonegadores.)


Uma hora acerta

Quem escreveu a matéria do novo sistema de bondes de Santa Teresa (hoje, no Globo) fez várias tentativas de acertar os ponteiros com a nova reforma ortográfica, sem sucesso.

Uma hora saiu micro-onibus (com hífen e sem acento); outra, microonibus (sem nenhum dos dois).

O certo agora, porém, é micro-ônibus, com tudo a que o usuário do idioma tem direito.

Plurais, mas não promíscuos

Hoje, logo no início do jornal de mesmo nome, a repórter de campo soltou um "tinha ganho" que bateu mal no ouvido.

Não custa lembrar que os verbos que aceitam diferentes formas de particípio passado são seletivos ao escolher os parceiros de cada uma elas.

Assim, ganho e ganhado, por exemplo, não vão com qualquer um. O primeiro "anda" com ser e estar; o segundo, com ter e haver.

O mesmo vale para limpo e limpado, gasto e gastado etc. etc. etc. Veja esta frase: "Ele disse que tinha limpado o chão, mas nem parece que foi limpo." Agora experimente o contrário e me diga se não soa estranho.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Obra gráfica de Scliar em SP

Até 8 de janeiro do ano que vem, o público terá a oportunidade de ver o trabalho do artista na Caixa Cultural da Av. Paulista. Para o curador Marcus Lontra Costa, Carlos Scliar foi, entre muitas outras coisas, “um cidadão espetacular”; “um artista de vanguarda que deixou de lado esta imagem para ser o representante da consolidação do mercado de arte brasileiro”; e “integrante de uma geração que sabia a importância do que fazia, que tinha um projeto cultural para o Brasil e a ideia clara de que estava construindo o país”. Clique aqui para ler.

domingo, 6 de novembro de 2011

Fim de ano 'fake'

Se jornalistas, publicitários etc. etc. não conseguem evitar o uso de termos estrangeiros em seus textos, que pelo menos tomem o cuidado de escrevê-los sem erros.

Hoje, na "nova" revista do Globo (que só mudou, para pior, a qualidade do papel), o Portobello Resort (chique, não?) gastou duas páginas coloridas para anunciar, em letras garrafais (e mais de uma vez), seu "reveillon".

Só que a palavra francesa, já incorporada ao nosso vocabulário, tem acento: réveillon. Já que o Português não está na moda, que tal criar o hábito de consultar dicionários para grafar as palavras "gringas" direitinho?

PS: até pela reprodução do pequeno pedaço da publicidade, dá para ver como está ruim a impressão no novo papel.

sábado, 5 de novembro de 2011

Cuidado com a ordem

Frases longas costumam ser inimigas de quem escreve (a não ser que o redator em questão seja um Saramago, por exemplo).

No afã de dar, de uma só vez, todas as informações ao leitor, podem ocorrer coisas como um mês virar "lugar" ("em fevereiro, onde", quando o correto seria "em Berlim, onde"). Aconteceu na matéria de hoje do Segundo Caderno, a respeito do filme "Submarino", em trecho reproduzido aqui:


Pelo menos o texto usa o bem mais adequado "falar de" alguma coisa, do que o "falar sobre" encontrado em título da coluna Gente Boa. Será porque as moças estão "sobre" suas motos na fotografia?

Herança portuguesa, com certeza

Os escândalos políticos da vez e a doença do ex-presidente Lula suscitaram farto troca-troca de mensagens na internet e algumas conversas em torno do jeitinho brasileiro de ser. Com razão, criticaram-se as piadas de mau gosto. Também foram alvo de comentários na rede nossa velha falta de memória, o hábito de acender uma vela para Deus e outra para o Diabo e umas tantas coisas mais, a maioria pouco lisonjeira. Mas de onde vem o jogo de contura nacional e outras marcas brasleiras? Dois livros lançam luz sobre o tema. Clique aqui para ler.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Muso?!? A sério?!?

Perguntar não ofende: o Globo resolveu usar a sério "o muso", sem aspas ou itálico? Estava assim ontem na crítica de "A pele que habito", em referência à relação de Antonio Banderas com Pedro Almodóvar.

A continuar assim, a próxima palavra a ser adotada pelo jornal será "ídala".

Que saudade, pleonasmo!

Andava eu tão distraída, mais atenta a outras leituras que as diárias, que nem percebi minhas saudades do pleonasmo. Mas eis que ele hoje me atingiu em cheio em título garrafal do Segundo Caderno do Globo:

"Aos 90 anos, Zé Menezes faz show e planos para o futuro".

Parabéns ao artista e me desculpe o responsável pela tautologia, mas cabe aqui a pergunta: tem como alguém fazer planos para o passado?

sábado, 29 de outubro de 2011

Paranoias em série

O pavor de ser invadido (por terroristas, alienígenas, imigrantes etc.) e a sensação de ser monitorado todo o tempo — o que leva à perda da privacidade e dos direitos de cidadão — são típicas dos EUA e rendem o melhor da nova safra de seriados que vem de lá: “Person of interest” e “Homeland". Clique aqui para ler.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Copidesque para o leitor

Os jornais abrem cada vez mais espaço para o leitor — provavelmente, não apenas para atraí-lo, como para economizar na contratação e formação de profissionais. Esquecem-se, porém, de que não basta copiar carta ou e-mail desses colaboradores gratuitos: há que se fazer, no mínimo, um copy das contribuições.
Em "A última do Galeão", no Globo de hoje, há dois exemplos numa só mensagem: dentro de aspas duplas, as que enfatizam a palavra 'doutores' deveriam ser simples; e, muito pior, a crase em "se negaram à solicitar" é erro crasso, perdoável para o leitor participativo, imperdoável para jornalistas.

A erva da discórdia

Calma, gente. A erva em questão é a alface, que muita gente insiste em masculinizar.

Hoje, no telejornal que leva este nome, foi a vez de Cláudia Raia escorregar no pé de alface (aí sim masculino), ao falar do truque usado para aparecer fumando em cena, no musical "Cabaré", sem risco de recuperar o vício em nicotina: um cigarro feito com a erva. E acrescentou outra vantagem: "O alface é calmante."

Pode até ser, mas no feminino. A alface agradece.