quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

A temperatura subiu no telhado

Alô, pessoal do G1.

A notícia já é péssima. Podia ser dada com mais cuidado e um título melhorzinho.

Não precisa vir com rapapés, como o SAC que respondeu a uma amiga com um "Seu e-mail foi RECEPCIONADO com sucesso" — ela entende de cerimonial e diz que já está pensando em mandar a próxima mensagem com "traje a rigor".

Que tal uma mudança bem simples, algo como "Rio terá calor de 42º no último dia do janeiro mais quente em quase cem anos"?

Ainda não é ideal, porque tentei usar as mesmas palavras, mas acho que já está menos enrolado.

PS: vi a postagem (com chamada resumida) na página de um colega, entrei no site e dei de cara com o trambolho da imagem.

Tragédia de erros

Aproveitando o ensejo, informo aos colegas do Globo que está errado o título que a assídua colaboradora acaba de me enviar:

"(Fulano) libera (Beltrano) a encontrar familiares em unidade militar (...)".

Nananinanão, crianças!

Sicraninho LIBERA PESSOA PARA ENCONTRAR parentes, amigos, quem for.

Libera-se alguém para fazer alguma coisa, deu pra entender?

Confiram na imagem.

Fui ali, estou voltando já


Caros amigos, peço desculpas pelo sumiço nos últimos dias.

Fui derrubada por chatices de ordem odontológica, pelo calor infernal da cidade do Rio de Janeiro e, em especial, pelo mar de lama que inunda o Brasil, metafórica e literalmente.

É claro que a imprensa "escrita, falada e televisada" deu escorregadas horrorosas no período, como constatamos a assídua colaboradora, o atento amigo, eu e outros colegas.

Tivemos até "pessoas em situação de óbito", talvez o pior dos eufemismos já inventados para substituir a palavra "MORTOS".

Pelo menos, parece que O Globo ressuscitou os "PARENTES", "enterrados" de tal forma pelo famigerado "familiares" que achávamos que nunca mais teríamos notícias deles.

Sejam bem-vindos, PARENTES. Voltem pra ficar!

Aos poucos prometo retomar as atividades por aqui. Abraços.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Dá pra escrever como gente grande?

O que há de errado com esse texto, copiado do Globo?

O atento amigo já não gostou do título e fez poesia:

"Amar, verbo intransitivo.
Avião, advérbio de lugar."

Daí pra frente, é puro tatibitate do Jardim de Infância Pequeno Jornalista.

Era um piloto (portanto, tripulante) e um passageiro, mas não demora muito para aparecerem "os passageiros" — e eles pousaram no mar, pousaram na água, a mesma água com a qual o avião "entrou em contato"...

Dá muita vergonha ler essas redações pueris.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Perguntar não ofende

Num dia especialmente calorento e depressivo, pergunto às pessoas que leem este blog e ainda se interessam pelo idioma pátrio o que acham mais surpreendente:

a) o "triângulo de três"

 ou

b) a "retrospectiva do futuro"?

O primeiro foi enviado bem cedo, pela assídua colaboradora; o segundo, da leitora assídua, chegou mais tarde — e ainda inclui "anoS após ano" (sic, com destaque meu), aspas que não fecham...

Dá até desânimo de comentar.

Suplemento na medida certa

Alô, pessoal da indústria farmacêutica de fitoterápicos Orient Mix.

Vocês podem entender de suplemento alimentar, mas estão precisando de um reforço no Português.

Lamento ter que lhes contar que, assim como as INFORMAÇÕES, ESCLARECIMENTOS não vêm nos tamanhos P, PP, M, G ou GG.

Não posso dar a vocês um "esclarecimento maior" na matéria, mas garanto que sou capaz de dar MAIS ESCLARECIMENTOS e MAIS informações.

Procurem o SAC Na Ponta da Língua, para consumidores do idioma. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Sem palavras para descrever

Não basta começar o título com o tolo e dispensável "após": tem que fazer um trem enigmático.

Vejam o que recebi agorinha por e-mail e me digam: qual é o sentido disso?

Que língua é essa, gente?

Excesso de imaginação


Colegas do Globo, sabemos que o Português ora praticado é pobre, que deve estar faltando tempo para ler bons livros etc.

Só pedimos, por favor, que não inventem expressões estrambóticas, porque a prática não disfarça o parco conhecimento do idioma pátrio.

As amigas encontram uma bobagem aqui, outra ali...

Somem tudo e vejam o resultado.

Ontem, uma delas, eventual colaboradora, descobriu a criação de um novo cargo: o "gerente armado".

Sim, isso mesmo. O jornal diz que o cara é "contador e gerente armado" de milicianos.

Usem a imaginação para explicar o significado da função, fantasiem muito. E aproveitem pra entender: é nessa seara que transita o adjetivo "FANTASIOSO".

"Nomes fantasiosos", como hoje leu outra amiga, assídua neste blog, é muito forte pra NOMES FALSOS, concordam?

Está na matéria a respeito de mais um guru picareta (desculpem a tautologia).

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Em cima da América tinha um...



Queridos colegas da Folha, esse título ficou estranho, muito estranho.

A assídua colaboradora quer saber que centro é esse — e eu, também.

Conhecemos centro comercial, centro espírita, centro de convenções, centro de mesa...

Este último é o que mais faz lembrar um "centro de jantar".

É isso, pessoal? Sério?!?

E a América Latina ficará embaixo, talvez?

Meu nome é Lage, Kit Lage

Está no Ancelmo Sempre Ele Gois, "Kit Lage", da família Lage, aquela que dá nome ao parque no Rio etc.

Não é isso?

Porque a assídua colaboradora e eu estamos rindo com a história.

Aquela placa de concreto (ou de pedra etc.) que se põe no telhado das casas tem outro nome: é LAJE com "J".

Já ouviram falar em LAJOTA, colegas?

É uma laje pequena, usada em pisos. Não seria "lagota", não é?

Pensem nela na hora de escrever, pra não errar.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Sim à língua, não às armas



Se a porção pacifista do meu cérebro aplaude a falta de intimidade dos editores do Globo com armamentos em geral, a alma de jornalista (e de ex-professora de Comunicação) fica besta com as coisas que os amigos têm lido no jornal.

Há pouco, um ex-colega de redação me falou da novidade: os "coletes balísticos". Uau!

Não precisa estudar Física: basta abrir um dicionário pra saber que esse trem não existe.

Se queriam dizer dizer "COLETES À PROVA DE BALA", por que não escreveram isso?

No sábado, a assídua colaboradora viu reportagem que informava que a polícia, entre outras coisas, apreendeu "50 munições". Pois é.

Quem inventou esse plural não consultou o verbete, ou saberia que "MUNIÇÃO", no caso, é o "conjunto de balas, projéteis, cartuchos etc. usado nos armamentos de guerra ou em ações armadas".

Por favor, armem-se com os (ou "dos") bons Aurélio e Houaiss. Eles são munição mais do que suficiente.

Tautologia e desatenção

O Globo virou figurinha fácil por aqui, devido à falta de atenção e de revisão.

Só isso explica as gracinhas enviadas hoje pela assídua colaboradora.

No Segundo Caderno, há "uma faca que esfaqueia" — como se o verbo pudesse ser outra coisa além de "desferir facada(s) em ou sofrer golpe(s) de faca".

Em matéria do "primeirão", temos a "linda" construção:

"No dia seguinte (...), Fulano passou a manhã de ontem (...)".

"No dia seguinte passou a manhã de ontem", crianças?

Sempre que escreverem uma frase longa demais, voltem ao início e refaçam a redação, pra poder aproveitar o recreio sem preocupação.

Quem protege a língua do Procon?

A função do Procon é proteger o consumidor — e seria ótimo se protegesse, também, o Português que pratica em suas notícias.

Vejam na imagem o que a assídua colaboradora achou no site da autarquia.

"Abusividade" é forte, pessoal!

Ultrapassa os limites da permissividade com o sufixo "-dade" e da imaginabilidade.

A turma que adora inventar um polissílabo estrambótico tinha dado um tempo na criatividade.

Vai começar uma nova era de necedade

sábado, 19 de janeiro de 2019

Não tem dicionário? Usa o Volp

Queridos colegas do Globo, infelizmente sou obrigada a lhes contar a dura verdade: se vocês desconhecem o feijão com arroz do idioma, não podem acreditar que são Guimarães Rosa.

Então, "bora" parar de criar neologismo, como o encontrado hoje, pela assídua colaboradora, em matéria sobre o Enem.

Está em destaque:

"(...) os candidatos que não são treineiros (...)".

O que são "treineiros" e de onde vocês tiraram isso, periodistas?

Usaram tanto o inglês TRAINEE que desconhecem a existência dos ESTAGIÁRIOS?!?

Consultem o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp, pros íntimos) antes de mandar seus textos pra oficina, por favor. O leitor agradece.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

De como a língua vai pra cucuia


Uma grande amiga comentou hoje que nunca tinha visto usarem a palavra "empreendimento" com o sentido de "PRÉDIO".

Pois é, crianças.

Esse "sinônimo" é "fake", como se diz por aí.

"Empreendimento" pode ser uma empresa, um projeto, uma organização etc. Um "EDIFÍCIO", jamais!

Também não entendi por que botaram umas vírgulas enlouquecidas no texto e como é que "as pessoas passavam e foram mantidas".

Mais um mistério daquela língua estranha que adotaram no Globo.

Português aquilo não é, ou a assídua colaboradora não teria visto a manchete "(...) é eleito COMO primeira capital (...)".

Tira esse advérbio daí, por favor, não inventa moda.

"Cidade é ELEITA (a) primeira capital" e mais nada.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Quem é o sujeito da frase?

Editores do Globo, dá pra prestar mais atenção ao texto, aos títulos etc.?

Um querido ex-colega de redação chamou minha atenção pra essa matéria de hoje.

Como não achava o texto no online, pedi ajuda a outro amigo, aquele sempre atento, que eu sei que assina o jornal impresso.

Pois aí está um trecho do festival de besteira, do qual ele desistiu a certa altura.

No título, foi O ATOR que CAPOTOU, não o carro — às vezes, uma pessoa bebe muito e capota na mesa do bar, não é? Ou capota de sono no sofá, sobre o teclado do computador etc.

Mais abaixo, O CARRO foi levado pro hospital — e aí fica claro que o veículo capotou.

Meu amigo entregou os pontos ao ler que o ator "estava grave, mas agora está estável".

Que tatibitate é esse, pessoal?

Prezados, que desleixo é esse?!?


O atento amigo e eu pressentimos que o bendito "prezar pela" é a praga da vez.

Está na nota anterior e está em matéria do Globo.

A pressa é inimiga da perfeição, colegas.

A preguiça, também.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

O mau exemplo vem de cima

O atento amigo acaba de ouvir o presidente dizer que "o Brasil PREZA PELA (...)".

Informo aos homens do poder que NÃO se PREZA "POR" coisa alguma.

E recomendo a todos muita leitura — além, é claro, de uma visita ao verbete PREZAR:

verbo 
transitivo direto
ter apreço por; gostar, estimar, apreciar
Ex.: <prezar o bem> <prezar os amigos> <prezo nele a sua franqueza>
transitivo direto
ter em alta consideração
Ex.: prezar os homens de ciência
transitivo direto
querer para si; desejar, almejar
Ex.:prezar a paz de espírito
transitivo direto
ser adepto de; defender, respeitar, acatar
Ex.: <prezar a ordem> <prezar a liberdade> <prezar a natureza>
pronominal
5 sentir orgulho de si mesmo, ter amor-próprio
Ex.: <prezar-se de ser bom profissional> <alguém que se preza não faria esse papel>

Pois é.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Nem vírgula, gente?

Vira e mexe, o Luiz Fernando Verissimo diz que nunca aprendeu a usar corretamente ponto e vírgula, mas é claro que se trata de uma brincadeira de quem sabe lidar muitíssimo bem com o idioma.

Não é o caso de outra colunista (da Folha), de cujo texto a assídua colaboradora pinçou o parágrafo destacado na imagem.

Bora ensinar pontuação "ao Verissimo"?

"Também estão previstos 900 'mouse pads', que vão custar R$ 10.990; 5.950 blocos de anotação, com 50 páginas cada, por R$ 42 mil; e 3 mil agendas personalizadas, no valor de R$ 135 mil".

O texto pode ficar ainda melhor, mas aí eu quero receber pelo copy.

domingo, 13 de janeiro de 2019

Faça o teste e comprove

Colegas do Globo, cuidado com a mania de exagerar no uso do plural. Está virando praga como o "após".

O tema da matéria — enviada pela assídua colaboradora — é sério: esclerose lateral amiotrófica (ELA).

Minha sugestão dos dois pontos no lugar do ponto final é nada, comparada com a confusão que "próximo" pode causar.

Ele pode ser "o próximo", SUBSTANTIVO, aquele que recomendam respeitar, amar... Ou que é chamado no consultório, porque chegou a vez de ser atendido.

Ele pode ser ADJETIVO e aceitar feminino e/ou plural: as próximas horas, as amigas muito próximas etc. e tal.

Mas também pode ser ADVÉRBIO, o que significa que não "combina" com ninguém.

É o caso do "próximo" do texto.

Experimente usar PERTO e veja como não cabe um "S" aí.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Alto, bonito e sensual

Colegas do Estadão, errar em Português e em Inglês ao mesmo tempo é dose.

Vejam a imagem que a assídua colaboradora me enviou (é para olhar o texto; o Idris Elba fica pra depois).

Agora, consultem um dicionário.

O Houaiss diz:

"Sexy":

adjetivo de dois gêneros e dois números

1 sexualmente atraente (diz-se de pessoa)

Ex.: <mulheres sexy> <um homem sexy>

2 sexualmente sugestivo ou estimulante (diz-se de coisa); erótico

Ex.: <um vestido sexy> <camisas sexy>

Está em dúvida e sem dicionário por perto? Use homens sensuais "nativos".

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Dá pra encarar de ladinho?

A "concordância" do Globo — "renegociação aumentaM" —, enviada ontem pela assídua colaboradora, é pinto perto do pleonasmo cometido pela equipe responsável pela publicidade desse utilitário aí da foto.

Como ressalta o atento amigo, o bendito verbo é autoexplicativo.

Como é que se ENCARA alguém "de costas"?

Uma amiga brincava que isso seria "enucar". O amigo sugere "embundar".

A cara está na frente, gente! É só olhar no espelho e confirmar.

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

No momento em que as fotos...

Editores do Globo, pensem um tiquinho antes de publicar os textos.

O jornal virou uma piada — e ainda faz piada de coisa séria, usando aspas na palavra CULPA, o que denota ironia.

A nota do Ancelmo Sempre Ele Gois, enviada pela assídua colaboradora, abre com "fotos nuas" (fotografias preferem usar calça ou vestido?).

Os NUS, as fotos de uma MENINA NUA ou até mesmo os "NUDES", como dizemos hoje nas redes, são expressões que cabem na frase.

Já o atento amigo começou a notar um novo cacoete: "no momento do fato", "no momento do crime" e por aí vamos, ladeira abaixo.

Hoje, encontrou esse "momento em que (Fulano) tinha 16 anos" e brincou:

"Afinal, no momento seguinte o garoto já poderia ter 17 e..."

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Escola CSI de Jornalismo

Do Globo, temos uma de hoje, no Ancelmo impresso:

"(...) a intenção de processarem ele e o (...)".

"Processarem ele", Ancelmo?!? Isso lá é Português que se apresente?

No sábado, também na versão em papel (que a amiga e eu ainda acreditamos ser alvo de um pouco mais de atenção), dois títulos se destacaram (pelos piores motivos).

Um reproduzia uma fala equivocada:

"Brasil tem que se aliar a si mesmo (...)".

Nananinão.

O Brasil e outros países podem SE ALIAR CONTRA um inimigo comum (o nazismo, por exemplo).

"Aliar (ou aliar-se) a" alguém é usado para fins matrimoniais, tais como "o pai quer aliar a filha a alguém importante".

Enquanto "o país não se casa", a gente convive com a bobagem de situar todas as mortes no tempo, qualquer tempo, como se jornalistas fossem cientistas forenses, legistas ou coisa do gênero.

Se não são, como podem saber que uma pessoa morreu "durante" um tiroteio? Em que momento do tiroteio? No início? Mais pro fim?

A "informação" é tão tola quanto o famigerado "após".

A moça morreu NO tiroteio. Ponto. Por favor!

Feito pra dar errado

Devido ao calor insuportável do Rio, novamente acumulei achados da assídua colaboradora.

Este aqui é da Folha, em que, no domingo, apareceram novamente os benditos "erros estratégicos".

Amores meus, estratégia é "a arte de aplicar com eficácia os recursos de que se dispõe ou de explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando ao alcance de determinados objetivos" (e isto é só um pedacinho do verbete do Houaiss).

Então, alguém pode cometer um erro DE estratégia (ou DE estratégica), por calcular mal, planejar pessimamente as coisas etc.

Cometer um erro "estrategicamente" é o mesmo que dar um tiro no pé. De propósito!

O infeliz que faz isso não é um estrategista.

Deve ser um masoquista — ou personagem de cartum.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Reedição urgente!

Aprendi com o "Manual de Redação e Estilo" do Globo a não usar a locução "a partir de" com o verbo "começar".

Um evento (como o carnaval carioca) tem DATA ou HORA certa para COMEÇAR:

"Carnaval do Rio COMEÇA hoje, com blocos não oficiais".

Faz questão do "a partir de"?  Esquece o "começar":

"A partir de hoje, blocos desfilam nas ruas do Rio" é uma opção.

O livreto merece reedição urgente.

Está lá o bom uso das maiúsculas — a assídua colaboradora encontrou um ridículo "a atriz fez História", na matéria dos Globos de Ouro — e do "após", com o seguinte exemplo:

"Acusou sábado, após voltar de Paris, o PMDB (...)".

Correto: "Ao chegar de Paris, sábado, acusou o PMDB (...)".

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Enfrentem os dicionários, 'please'

De onde os editores do Globo tiraram esse "enfrentamento A" alguma coisa ou alguém?

Não pode ter sido do tradutor do Google, que transforma a "lindeza" em "confrontation WITH" — e há publicações que aceitam, em Português, o "enfrentamento DE Fulano COM Beltrano" ou "DE Sicrano COM.a polícia", por exemplo.

Também há quem admita o "enfrentamento ENTRE uma pessoa e outra".

No entanto, em se tratando do ato de enfrentar o que quer que seja, a preposição favorita de todos os especialistas é mesmo "DE", como suspeitávamos a assídua colaboradora e eu.

Teoria dos conjuntos nas Letras

A canícula está braba. Por isso, começo pela menorzinha — uma entre várias bobagens  que a assídua colaboradora achou no Globo de hoje.

As crianças nunca ouviram — na escola, na faculdade, na redação — a recomendação pra não misturar elementos diferentes, tais como "Europa, França e Bahia"?

O exemplo é poético, mas ilustra bem, porque não devemos juntar estados com cidades ou continentes etc. na mesma frase.

É um pouco como a teoria matemática dos conjuntos.

Não ponham na mesma "bolinha" o nonsense "um espanhol e um psicólogo" (?!).

Profissão combina com profissão — um psicanalista e um professor; um advogado e um garçom... — e nacionalidade combina com nacionalidade — um italiano e um canadense, um japonês e um paraguaio...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

No jardim nasce um monstro

O atento amigo, como eu, está indignado.

Já nem chama de "novilíngua" o que está em formação no Jardim de Infância Pequeno Jornalista: é um "novocabulário". 

Ontem, na Globonews, ele ouviu um repórter de Brasília dizer que um fulano "foi AGRACIADO ao chegar" — e a imagem mostrava o cara sendo abraçado por duas ou três pessoas.

Hoje à tarde, na Record, informaram que alguém "efetuou o homicídio" (EFETUAR é dose!). 

Na Band, em programa policial daqueles que eu não vejo nem amarrada, a matéria a respeito de uma moça desaparecida "informou" que ela "foi vista muito alegre e depois chorando. Mudou da água pro vinho" (socorro!)

O obituário do fotógrafo Cafi, no Globo, começa mal, muito mal:

"Nascido no Recife em 1950, de onde ainda mantinha (...)".

Colegas queridos, 1950 de onde?! Recife é o lugar, Recife foi de onde ele saiu, OK?

E mais não leio, ou escrevo, porque estou chapada, de tanta besteira e de calor. As explicações, a quem interessar possa, estão na ilustração.

Merece um texto correto

O lugar é lindo — basta ver aí a imagem que ilustra sua página na internet — e fica na simpática Gamboa.

O texto, porém, inquietou o atento amigo, um fã do samba tocado por lá e do bom Português.

Na seção "Como chegar", ele encontrou exemplo de mais uma tendência do idioma que estão inventando no Jardim de Infância Pequeno Jornalista:

"Se você vier pela Av. Rio Branco ou Av. Presidente Vargas, vir em direção à Praça Mauá, pegar a Av. Sacadura Cabral e seguir em frente. Estamos quase na esquina entre a Rua Sacadura Cabral e a Rua Barão de Teffé".

Crianças, ESQUINA é o "ângulo formado pelo encontro de duas vias".  

Portanto, NÃO EXISTE uma esquina ENTRE uma rua e outra. 

A casa em questão fica NA ESQUINA DAS RUAS Sacadura Cabral e Barão de Teffé, deu pra entender? 

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

'Pó pô pouco. Após a pós'



Pra fechar o festival de horrores do dia, uma do atento amigo.

O enquadramento da imagem pode não estar um primor, mas é possível ler o duplamente ridículo "após posse" — pelo "após" bobão, que já encheu, e pelo cacófato.

Só falta começarem a fazer aliteração.

Após posse, podemos pensar poeticamente num Português menos pobre. Porém, após posse parece que a pobreza proliferará. Após posse, pencas de pabulagem e apocalipse, podemos padecer e perecer. Ou podemos pousar em Portugal. Que tal?

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Venho, por meio desta, desejar...

Vou abrir 2019 com duas do Globo, uma enviada no Natal, pela amiga de muitos carnavais, outra fresquinha, de hoje, com erro batido que incomoda muita gente — como a assídua colaboradora e eu.

 Alguém é capaz de explicar esse "chegou de carro, por meio de uma entrada (...)"? Por que o "meio" no meio dessa bagunça?!?

Quanto ao "comentou sobre", COMENTO COM vocês A bobagem porque, pelos dois recortes, dá pra ver que será moda NÃO COMENTAR ABSOLUTAMENTE NADA nos anos vindouros.

Que mania é essa de pôr tudo SOBRE alguma coisa? Deixem "the book ON the table" e evitem erros de regência consultando o verbete, que dou de presente pra vocês:

verbo COMENTAR
 transitivo direto
1 tornar inteligível ou interpretar por meio de comentário escrito ou falado
Ex.: na primeira aula, comentou OS vilancetes camonianos
 transitivo direto e bitransitivo
2 conversar sobre, discutir acerca de
Ex.: comentou (COM o amigo) A vida que se vai vivendo
 transitivo direto
3 fazer uma apreciação crítica
Ex.: o examinador comentou A prova escrita dos alunos
 transitivo direto
4 tecer observações mais ou menos malévolas, maliciosas
Ex.: comentar A vida alheia.