quinta-feira, 28 de março de 2019

'Após' explicar, será que funciona?

Muita gente não entende minha implicância com o "após" que assola a imprensa.

No meu tempo de redação, essa praga horrorosa não existia.

Pessoas morriam DE infarto, NUM acidente, COM um tiro ou NO tiroteio, após os quais eram enterradas. Ponto.

Hoje a assídua colaboradora me mandou um monte de "após" que encontrou no Globo — e há muito tempo eu não trabalho no jornal.

Ou seja, não recebo um tostão pelo copidesque, mas vou me esforçar pra tentar explicar por que essa mania de "temporizar" os acontecimentos é equivocada.

Num dos títulos, cabia dizer que "depois de 44 anos de luta", a rua tal foi reaberta. Faz sentido, é informativo.

O abuso "desmoraliza" o uso acertado.

Vejam na imagem o ridículo do "após durante". Custa muito ser simples, direto e claro? Que tal "Destruído pela chuva, Sheraton dá a volta por cima"?

Quer "temporizar"? "Destruído pelo temporal de fevereiro (...)" é uma sugestão.

Ou ficassem com o subtítulo, que, adequadamente (se não houvesse a bobajada anterior), diz: "Hotel reabre depois de quase dois meses fechado".

É só um trecho. Leiam com atenção.

Se forem usar "também", esqueçam o "além". Se tem "a partir de", prefiram o presente, dispensem o futuro.

E não separem o sujeito ("caixa de força") do verbo ("estourou"), por favor.

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