sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

As bobagens nossas de cada dia

Jornalistas veteranos e outros amigos que amam o idioma pátrio têm reclamado de vários cacoetes, encontrados diariamente na imprensa escrita, falada e televisada, como diria Odorico Paraguaçu.

Um deles implica com o abuso da expressão "cães farejadores", provavelmente porque o adjetivo foi dicionarizado há pouco tempo e porque, a não ser que sofra de algum mal, todo cachorro tem faro.

Eu implico é com modismo e falta de variedade mesmo. 

Que tal usar também cães treinados? Afinal, há cachorros com treinamentos distintos — para detetar drogas, cadáveres, explosivos, sobreviventes em desabamentos etc. etc. 

Por que não especificar ou dizer, apenas, que policiais contaram com a ajuda de cães na tarefa da vez? Ou não está implícito que eles são treinados?

Outro me conta que repórteres de rádio e TV não se responsabilizam por nada. 

Explico: os colegas não "veem" mais, só "percebem". É um tal de "é possível perceber isso" e "dá pra perceber aquilo", que a gente logo percebe que falta firmeza à informação.

Passando ao esporte, quem aí já está cansado de ouvir que "o lance favorece AO time" X ou Y?

Pois é.

Narradores e comentaristas, deem uma olhadinha no verbete FAVORECER, copiado do Houaiss e reproduzido aí no quadro, e procurem uma acepção em que ele figure como transitivo indireto. Duvido que alguém ache.

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