segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Evite danos à língua

Em mensagem fechada, o veterano colega me mandou nota, publicada hoje, no Ancelmo. Está lá:

"A prefeitura do Rio, pela primeira vez, vai usar peças de madeira plástica, oriundas de reciclagem e que dispensam manutenção (e evitam a maresia), em uma de suas obras. (...)"

Pra começar, deviam explicar que o material é sintético e imita madeira, porque esta sai sempre de árvores de verdade.

Mas eu estou curiosíssima mesmo é pra saber se o plástico se abana, emite algum tipo de radiação ou coisa do gênero pra "EVITAR A MARESIA". Inteligente essa novidade, né?

Não dá pra acreditar

Agora alguém me diga o que se passa na cabeça de alguém que escreve isto (no Extra):

"Os outros três rapazes que FALECERAM APÓS A ABORDAGEM POLICIAL são (...)".


Dispensa comentários.

PS: o destaque, claro, é meu, não é do jornal.

Pobre Jornalismo...

O atento amigo me enviou esta coisa, encontrada no Globo online:

"RIO —A polícia investiga a morte de cinco jovens que estavam dentro de um carro em Costa Barros, na noite de sábado. (...) De acordo com o comando do batalhão, foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para esclarecer as circunstâncias do crime.
O crime aconteceu na noite de sábado. Os rapazes estavam dentro de um carro, na (...)".

E por aí vai, numa indigência de dar dó.

Colegas, imagino que vocês estejam saindo diretamente do Jardim de Infância para a redação.

Então, aprendam: geralmente, quem anda FORA DO CARRO é acrobata ou destaque de escola de samba, OK? (se quiser ler o texto, clique aqui)

sábado, 28 de novembro de 2015

Dá até agonia!

Hoje não recebi O Globo, mas sempre há um colaborador de plantão.

Por e-mail, uma amiga diz que achou esquisita a regência na seguinte frase, encontrada no Segundo Caderno:

"(...) me deu uma agonia EM saber qual seria (...)".

Pois não é apenas estranha: inexiste!

Procure num dicionário.

Tem "a agonia DO Império Romano", "VIVER EM agonia"; ou "NA maior agonia"; "saia DESSA agonia"...

Agonia "em" alguma coisa, neca!

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Leitura aos tropeços

"Por conta", "por conta", "por conta" do excesso de Português ruim no Globo, em que quase não há título ou subtítulo sem um "após" "após" outro "após" (tem até dois coladinhos na página 26 de hoje), resolveram "mudar", tentar um (igualmente desnecessário) "depois" e... tomaram um "TO TOMBO".

É isso mesmo.

Na página 29, "ações do BTG" tiveram "queda de (x)% DEPOIS TO tombo" da quarta-feira.

Ainda bem que não contaram o que aconteceu "antes" e "durante", ou o tropeço poderia ser pior.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Creche Globinho de Jornalismo

Nem Freud explica a obsessão do Globo com o "após", o "antes" e o "durante" — todos inúteis (quando não ridículos) em matérias mal escritas e pessimamente tituladas.

O atento amigo encontrou mais uma:

"Jato russo invadiu espaço aéreo turco antes de queda, diz Otan".

Bolas! Não invadiu "durante"? Não invadiu "depois"? Que coisa, hein?

Santa infantilidade, Batman!

sábado, 21 de novembro de 2015

Feminismo em bom Português


Fazia tempo que Gente Boba não aparecia por aqui. Pura preguiça.

Hoje, porém, não pra deixar passar essa regência horrorosa que inventaram na nota "O 'revenge porn' em questão":

"Temos que mostrá-los que aquela piadinha (...)".

As bobagens não param aí, mas essa doeu.

Colegas, temos QUE MOSTRAR A ELES, os homens. Se é indireto, o pronome é "LHE", OK?

E não existe vingança pornô ou coisa que o valha em Português, não?

O tempo ridículo do Globo


Parece piada!

Vejam o que o atento amigo achou ontem, "antes" do "após" de hoje, "durante" a falta de editor, redator e revisor no Globo:

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Besteirol global

"Após" o Globo, o jornalismo nunca mais foi o mesmo.

Vejam aqui o título trambolhesco que eu encontrei:

"Parte da árvore de Natal da Lagoa é destruída após ventania no Rio".

Será que os repórteres descobriram a identidade dos vândalos que esperaram a ventania passar pra entrar naquela água poluída e destruir um pedaço da árvore?

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Globo sem dicionário

Os últimos dias foram movimentados — e a colaboração do atento amigo me espera nos e-mails desde sexta-feira.

Como a praga, infelizmente, continua solta no Globo — a tal da temporização dos fatos — vale a nota.
Em matéria do acidente com o Citation que matou a cúpula da Bradesco Seguros, diz o repórter que a carcaça da caixa preta se desprendeu do gravador "durante a queda".

O amigo entende de aviação e garante:

"É impossível! Só o choque com o solo pode ter produzido isso."
Mais adiante, o "informativo" colega me sai com outra: o avião "ficou soterrado numa cratera de cinco metros de profundidade". 

Nova intervenção do meu amigo:

"O avião não ficou soterrado, ele abriu uma cratera de cinco metros de profundidade! E se despedaçou, evidentemente. Ninguém foi lá com um trator para jogar terra por cima e soterrar os restos. Seria uma maldade, no mínimo."

Preciso dizer mais?

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Precisa reforçar o óbvio?

Mais uma ouvida pelo atento amigo, agorinha, na Record.

O repórter vai narrando a notícia até que, em dado momento, mostra um automóvel e diz:

"O assassino chegou DENTRO deste carro".

Estou às gargalhadas com o comentário do amigo:

"Imagina se o assassino ia chegar dependurado no retrovisor, ou no para-choque, sei lá!"

Bom, ele mesmo já leu, em matéria de sequestro, que Fulano foi levado "NO INTERIOR do porta-malas".

Vai que os bandidos, cada vez mais ousados, decidiram fazer malabarismos (além de exibir suas vítimas NO EXTERIOR do porta-malas)?

Colegas, pensem antes de dar informação inútil e ridícula, por favor!

domingo, 8 de novembro de 2015

Erro se propaga com rapidez

Há uma nova praga no ar.

O atento amigo ouviu uma, duas, dez vezes — e agora escuta a todo momento "vários países do mundo" e "vários estados do país".

Com razão, ele questiona:

"Existem países FORA DO MUNDO?!? E desde quando Estados estrangeiros (ou nações) podem entrar no mesmo saco que Rio de Janeiro, Tocantins, Paraná etc.?"

Acordem antes que o "vírus" fique incontrolável, colegas!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Besteira após besteira

Proponho um desafio aos editores do Globo: um dia sem usar "APÓS" nos títulos.

O uso idiota da palavrinha — uma coisa sempre acontece depois de outra, colegas! — hoje chegou a níveis intoleráveis.

Na primeira página, "Mulher morre APÓS ter alta" na chamada e "morreu três dias APÓS começar a procurar socorro" no textículo abaixo; lá dentro, a mesma mulher "morre APÓS gravar denúncia (...)".

Daqui a pouco vão escrever que Fulano morreu após nascer, respirar etc.

Comece pelo bê-á-bá

A assídua colaboradora encontrou no Globo online esse aí espanto — não pelo tema; pelo texto mesmo. (clique aqui para ler)

Há frases sem pé nem cabeça, como:

"A mãe de Ramses Sanguino, que mora em Los Angeles (Califórnia, EUA), é capaz de revelar números que são mantidos em sigilo por ela."

A mãe é capaz de revelar números e os mantém em sigilo?!? Que números são esses? Referem-se a quê?

E o que dizer de ""Eu o ensinei algumas das línguas (...)"?

A amiga sugere que se ensine AO redator o Português, antes de mais nada.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Cadê a informação relevante?

"Por conta" (argh!) do novíssimo jornalismo infantiloide, a "causa" foi pro espaço e a informação inútil ganhou espaço.

Veja este título do Globo de ontem, por exemplo:

"Aluna é esfaqueada por bandido após sair de aula no Santo Inácio".

Qual é a relevância disso?

Se dizer o que ela fazia "antes" do assalto é tão importante, por que não deram destaque, também, para o fato de ela, "após sair de aula" etc., ter passado numa padaria?

O óbvio ululante

Alguém me explica a função da palavra "idoso" neste título? (clique aqui para ler)

A idade está aí, então por que o "idoso de SP"?

Os colegas estão exagerando nas muletas e firulas.

Cadê o bom e velho título direto, claro, objetivo? "Aos (xx) anos, paulista vê o mar pela primeira vez" já ficava melhorzinho.

O caso parece emocionante; o descaso dos jornalistas é preocupante.

domingo, 1 de novembro de 2015

Na dúvida, evite


O Globo mata a "causa" em prol da "conta" (ai, a quantificação!) e está com mania de usar "em" pra qualquer coisa.

Além de um horroroso "tenho direito em fazer" (é "DE", tá?), encontrei hoje no jornal uma enormidade de "sonhar em isso" e "sonhar em aquilo".

Teriam essas pessoas sonhado EM preto e branco, EM cores, NA cama ou NO sofá?

Só há um caso em que o "em" é aceito com o verbo "sonhar". Melhor evitá-lo pra não escrever bobagem, concordam?