domingo, 27 de maio de 2012

Já aquele outro tem que...


Inspirada no título da nota abaixo, sigo com este aqui, para pedir encarecidamente aos colegas que parem de "focar" e "ficar focados" em tudo que lhes aparece pela frente.

Mal comecei a leitura do jornal do dia e já encontrei um exagero de foca aqui, foca acolá! Se fosse o bicho, nem no SeaWorld se achava tanto.

Um já era, outro tem que ficar

A paranoia, o paranoico etc. não são mais os mesmos desde a mais recente reforma do idioma (não digo a última porque, infelizmente, nossas autoridades no assunto sofrem de comichão, para desgosto dos patrícios). No entanto, uma "paranoica" apareceu com acento na revista do Globo deste domingo.

Nela, também, encontra-se a frase "(...) em foto que as personagens são identificadas pela silhueta". Sinto informar que, neste caso, a repetição do "em" é obrigatória. Se, por acaso, o redator achou feia a forma "em foto em que", podia tê-la substituído por "em foto na qual", por exemplo.

domingo, 20 de maio de 2012

Mídia esquizoide

Neste fim de semana em que a família aumentou — a priminha Mariella, linda, nasceu ontem — e as crases enlouqueceram na TV Globo — uma amiga encontrou "sal à gosto" (ui!) no programa "Estrelas" e eu vi casos semelhantes nos "Hoje" da vida —, a pergunta que não quer calar é: para quem fala O Globo?

O perfil esquizoide salta aos olhos em suas revistas dominicais, que exaltam a ascensão da classe C, mas têm seções especiais para destacar as bobagens ditas pelo povo sem cultura. No mínimo, causa estranheza.

sábado, 19 de maio de 2012

É homepage ou não é?

Não tenho encontrado muito o que ler no caderno Ela faz tempo, mas não o jogo fora sem uma folheada (vai que dou sorte?). Hoje, bati o olho não numa informação interessante, mas num texto-legenda que começava com "Na home principal (...)".

Peraí! Homepage (home, para os íntimos) já não é exatamente isso: a página principal de um site?!?

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Imprecisões de um relator

O artigo de um cientista político — e coordenador técnico do relatório brasileiro para o evento internacional — chama-se "Rio+20: crônica de uma morte anunciada?", assim mesmo, com a interrogação no fim (a quem interessar, está na página de Opinião do Globo de hoje). O problema começa quando se une a informação inicial ao primeiro parágrafo do texto, que afirma:

"O livro de Gabriel García Márquez retrata fielmente os preparativos para a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento a ser realizada em junho no Rio de Janeiro. (...)"

Para início de conversa, acho que o autor queria se referir ao "título do livro", já que a obra em si, de 1981, não tem nada a ver com biodiversidade, meio ambiente e outros bichos (além dos humanos). Ainda assim, se o relato é tão fiel quanto ele quer nos fazer crer, por que a pergunta lá no alto?

Encurtando a história de imprecisões, a penúltima frase do artigão diz que "os governos (...) pilotam felizes a espaçonave Terra para um desastre de proporções". E ponto final. O cientista escritor esqueceu de explicar quais: proporções astronômicas, minúsculas, grandes, desconhecidas...? A dimensão (ou extensão, intensidade etc.) de um acontecimento requer que se determine sua grandeza, não?

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Na hora 'agá', quando há

Antes de mais nada, quero dizer que sou ferrenha defensora das legendas e do som original na programação da TV — as emissoras (em especial as pagas) certamente têm grana suficiente para dar ao público a opção, além da dublagem. Esta, mesmo quando bem feita e bem dirigida, sempre será um "corpo estranho" na criação e interpretação de um personagem — o fenômeno pode ocorrer até mesmo em desenhos animados, ou quando um ator precisa pôr a voz sobre a própria imagem depois de a cena ficar pronta.

Mas chega de digressão. O "xis" da questão aqui é, na verdade, o "agá", que tem surgido fora de hora, ora aqui, ora ali, às vezes a curtos intervalos.

O texto ficou confuso? Idem os legendadores (e alguns jornalistas, com menos frequência), que cometem deslizes como por hora no lugar de por ora, a casa fica tantos quilômetros de distância etc. etc. Por favor, pessoal: tem gente que cobra por hora, mas, por ora (ou "por agora"), deixemos de lado o "agá". E, se , digamos, uma casa nas redondezas, use a preposição — não o verbo — para dizer a que distância ela está (a dois passos do paraíso, por exemplo).

terça-feira, 15 de maio de 2012

Preguiça ou falta de imaginação?

Em matéria pequenininha de canto de página no Globo de hoje, a respeito da febre maculosa, a palavra "óbito" grudou como carrapato na cabeça do redator, incapaz de encontrar sinônimo para ela. Não dava para usar "morte", por exemplo, ao menos em um dos quatro minúsculos parágrafos?


PS: ali pertinho, no divertido quadrinho "Gatão de meia-idade", caiu um acento em cima do coco, fruto da palmeira cocos nucifera tão apreciado entre nós. Vale lembrar que o circunflexo em questão inexiste desde muito antes das últimas famigeradas reformas do idioma pátrio.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Morte ressuscitada

O "Globo esporte" acaba de ressuscitar um modismo que parecia definitivamente enterrado: dizer que Fulano "não corre risco de morte".

A matéria, que tratava de Fórmula 1, transformou um piloto acidentado em imortal — e não um daqueles da Academia Brasileira de Letras.

Risco de morte corremos todos nós, todos os dias. Basta nascer para se correr o risco de morrer. Se alguém sofre um acidente, mas passa bem, não corre mais risco de vida, porque esta sim poderia estar ameaçada.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quando se vira ex

A matéria a respeito de uma mulher torturada já estava longa e confusa, devido à mania do momento: como se fossem atores em cena, repórteres/apresentadores têm que rir, se condoer, se indignar, enfim, externar as emoções "adequadas" ao que estão relatando.

Seriam eles "ex"-jornalistas? Ou é preciso ser levado à prisão para o "elemento" atingir a condição de "ex"? Sim, porque, na reportagem em questão, o bandido por trás da ação, encarcerado, só foi mencionado como "o ex-traficante". Pela lógica dos colegas (talvez "formados" pela CAL ou pelo Tablado) — e pela insistência no "ex", repetido à exaustão —, deduz-se que, indo parar na cadeia, todos deixam de ser o que eram, passando a "ex-cirurgião", "ex-artista", "ex-engenheiro", "ex-vendedor ambulante" etc. etc. etc.

Em tempo: na Globo News, a nova moda de apresentadores atores, que "interpretam" as notícias, criou uma leva de jornalistas canastrões. E em todos os canais, outra mania, a de incorporar o jargão policial, já encheu.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Furo de repescagem

Dia de fazer a pilha de jornais já lidos para botar no cestão de lixo reciclável e eis que bato o olho num subtítulo da coluna Gente Boa de sábado, que me havia escapado. Tratava de vendedores das praias cariocas que iam fazer "esquete ecológica".

Devo, na pressa, ter lido "enquete ecológica", porque "esquete" é palavra masculina. Está no verbete:

s.m. eat rápida encenação, ger. cômica, em teatro, rádio ou televisão etim ing. sketch (1668) 'um esquema preliminar representando os principais traços de um objeto ou de uma cena', do hol. schets < it. schizzo, lit. 'salpico, mancha , esboço', der. de schizzare 'salpicar, esguichar, jorrar líquido', de orig.onom.

domingo, 6 de maio de 2012

Seitas mais que secretas

Faz tempo que procuro evitar a página Seriais, da Revista da TV, para não me irritar. Afinal, além das listinhas insuportáveis, que considero coisa de jornalista preguiçoso (correr atrás de notícia dá trabalho!), geralmente só tem coisa antiga ou opinativa.

Hoje, porém, alvíssaras: encontrei informação novíssima por lá. Segundo a coluna, uma atriz que atuou em "Dexter" está escalada para outra série, em que viverá "uma especialista em seitas do FBI".

Fiquei curiosíssima. Essas seitas do FBI terão nascido nos tempos do J. Edgar? A trama é do Dan Brown? São tantas questões...

sábado, 5 de maio de 2012

Fora de hora

O que está havendo com os jornalistas da Rede Globo e o tempo? Não digo no sentido meteorológico — embora já tenha enchido as medidas aquele papo de comadre no "Hoje" todo dia! O problema maior está no descompasso completo com os tempos verbais.

Neste sábado, justamente no telejornal citado acima, a apresentadora da vez me saiu com a seguinte frase, em matéria a respeito de um acidente automobilístico: "A polícia achou que ela dirigisse em alta velocidade." 

Hã?!? Como assim?!? Não é "dirigia"?!?

Misturaram o pretérito imperfeito do indicativo com o do subjuntivo e deu no que deu. Que tal providenciar umas aulinhas de conjugação para o pessoal? Os ouvidos do espectador agradecem.
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sexta-feira, 4 de maio de 2012

O tempo passa, a música voa

Aproveitando o tema "tempos verbais"...

Iinformaram no "JH": "Morre hoje o cantor Tinoco." Dito assim, parece que ele foi condenado à pena de morte (vade retro!). Escrito — e sem a palavra "hoje", claro — tudo bem. Falado, soa muito esquisito. Recomenda-se usar o pretérito perfeito ("passado", para os íntimos). No mais, saudades das autênticas duplas caipiras de ontem, sem qualquer relação com as chatésimas sertanejo-baladeiras atuais.

Tempo que não se acerta

Tempos atrás, o particípio "pego" não existia na nossa língua. Como esta é viva, o uso levou à dicionarização — e o verbo "pegar" passou a ter dois particípios: "pego" e "pegado". O problema é que muita gente acha que a segunda forma morreu (na TV, nos jornais, no linguajar cotidiano).

Informo que ela também está viva e não pode ser substituída pela outra a torto e a direito (como já foi explicado em nota anterior). Por exemplo: Fulano tinha pegado um resfriado, por isso ficou em casa; Beltrano resolveu assaltar a loja sozinho e foi pego em flagrante.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ciclistas na contramão

Esta nota não tem nada a ver com crimes perpretados contra o idioma, mas com os abusos de quem deve estar se achando "dono do pedaço" com a nova onda de ciclovias (muitas vezes mal planejadas) no Rio.

Sou totalmente a favor de transportes não poluentes e quase poderia ser chamada de "eco-chata". Mais do que chata, porém, fico quando vejo um ciclista ignorar um sinal fechado e quase atropelar dezenas de pessoas (como ontem à tarde, na Barata Ribeiro, esquina com Siqueira Campos, no coração de Copacabana). A morena vistosa e bem vestida, de seus 30 anos, ainda deu aquele olhar de "tô nem aí" para os assustados.

Ciclistas têm que obedecer leis, sinais de trânsito etc. como motoristas de veículos motorizados e pedestres. No entanto, parecem se sentir acima de tudo e todos montados no selim. A supracitada Siqueira Campos tem exemplos disso todos os dias: ver gente pedalando na contramão (no asfalto e na calçada), mesmo nas horas de maior movimento, é coisa comum na rua. Já os guardas para multar os infratores...

Outro acento sempre trocado

Não é só na "necropsia" que jornalistas costumam tropeçar — neste termo, insistem em inventar um acento no "O", como comentado aqui outro dia (clique para ler). Outro hábito, entre colegas de profissão (como a repórter do "Hoje", há pouco) e até médicos, é tornar paroxítona a palavra "cateter".

Para quem duvida (e tem medo de ser "corrigido" pela imensa maioria que pronuncia catéter), basta consultar o dicionário. Está lá:

/tér/ a pronúncia postulada pelo étimo é oxítona, us. pelos médicos mais cultos; (...) em Portugal, a registrada como correta é igualmente a culta.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Máquina com defeito de gênero

Em matéria de uma feira de agricultura, no "Hoje", o repórter apresentava um moderno trator e disse que a máquina vibrava "por inteira".

Nananinanão! Ou ela inteira vibra ou ela vibra por inteiro (ou seja, inteiramente). Só para ficar mais claro: alguém já viu, por exemplo, uma máquina que vibra por cima e por baixa?

terça-feira, 1 de maio de 2012

Depois da 'crocância'...

Primeiro, inventaram a "crocância" (argh!). Agora, resolveram que "croque" tem a ver com crocante.— mas, de acordo com o Houaiss, não tem. Diz lá, no verbete:

1) gancho metálico posto na extremidade de uma haste de madeira us. para facilitar as manobras de atracação de embarcação miúda; gancho com que negros dos EUA manejavam rolos de tabaco; meretriz; (... e segue por aí):

2) (...) ver sinonímia de cascudo.

Ou seja: hoje o setor gastronômico não vai bem no jornal.

Coquetel de pizza

A confusão que muita gente faz com a pizza margherita e o drinque margarita não está no gibi! Hoje, está nas cruzadas do Globo, nas quais a iguaria italiana ganhou sal na borda, como o coquetel — nome da marca mais famosa do passatempo por aqui.

Para que seus autores não misturem tudo novamente e provoquem um desastre culinário, vamos repetir: não beba a pizza ou coma o drinque! A margherita é salgadinha, sólida e vai ao forno — e é no preparo da geladinha e líquida margarita que se põe sal na borda da taça, OK?

Lá vem o ovo colocado!

O médico que bate ponto no "RJ-TV" costuma ser ponderado e falar bem. Hoje, porém, em matéria a respeito do mosquito que nos aflige, foi um tal "ovo colocado" ali, "ovo colocado" acolá, que chegou a incomodar.

Será que as pessoas acham mais chique usar "colocar" do que "pôr" ou "botar"? Será que, por ter mais sílabas, o verbo lhes dá a ilusão de parecerem mais cultas aos ouvidos alheios?

Bom, do maldito aedes aegypti eu quero distância. E, no meu prato, como já pedi aqui tempos atrás, espero que ninguém ponha um "ovo colocado", que deve ser tão perigoso quanto a dengue, sei lá. Afinal, galinhas normais botam ovos. Das outras, desconfio.