sábado, 31 de janeiro de 2015

Posição que faz a diferença

O atento amigo deixou pra hoje a leitura de alguns suplementos do Globo, como o caderno Zona Sul.

Em matéria a respeito de um encontro de vendedores de motos, achou a pérola:

"(...) aqueles que têm prazer em andar SOB duas rodas (...)".

Caramba! Qual é o masoquista que quer ficar EMBAIXO da moto?!? Acho que a imensa maioria prefere andar SOBRE ela, não?

Não escreva sem pensar

Clique aqui para ler a matéria
Mal abri os e-mails, encontrei mensagem do atento amigo, que dizia:

"A discussão, pelo jeito, foi acalorada."

Só pode!

Afinal, a notícia informa que o cara teve "90% do corpo queimado DURANTE" o bate-boca.

Como terá sido isso? Pra cada xingamento, uma queimadura?!?

Uma coisa é certíssima: a briga começou "POR VOLTA DAS 20h35", que tal? Gente, "em torno de" etc. só se usa com número redondinho, tá?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Cada coisa em seu lugar

Na crítica do filme "Grandes olhos" (hoje, no Rio Show), há um equívoco que vem se repetindo com frequência no jornal: os advérbios deslocados.

Se "onde" indica LUGAR e "quando" indica TEMPO, o que faz o primeiro nesta frase:

"(...) uma época mais ingênua, ONDE ainda não (...)"?

Vale quanto pesa


Ficou esquisito o "valor de face de títulos da OAS", encontrado em nota do Ancelmo.

Em economia, não se traduz "face value" como "VALOR NOMINAL", ou eu delirei?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Fora do compasso



Segue aí mais um resultado da "pescaria" do amigo em Cabo Frio.

A cidade, pelo visto, está linda, mas anda precisando de um revisor para fazer inspeção em cartazes, placas etc.

Desde já, eu me ofereço para acertar esse ritmo descompassado.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Invencionices da internet

As, as novidades facebookianas...

Agora inventaram de escrever assim na rede:

"Fulano de Tal começou UMA amizade com Beltrana da Silva."

E se eu quiser começar DUAS, TRÊS amizades com a mesma pessoa?

Horário insólito

Recebo com certa frequência e-mails cheios de placas com erros de Português, mas não as incluo aqui, já que, como "provas do Enem", várias são criações de piadistas de plantão.

Hoje, porém, abro exceção para este cartaz, registrado por um amigo em Cabo Frio e verdadeiro primor em matéria de "criatividade acentual".

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

É 'fantástico'!

O atento amigo é paciente também — bom, imagino que deva ser qualidade necessária para se assistir ao Fantástico.

No programa, ele ouviu da apresentadora (que não faz ideia de quem seja — e eu, menos ainda) a informação:

"(...) a família do irmão do MC (não sei das quantas) faz questão de 'ALERTAR PRA TODO MUNDO' (...)".

Caramba, gente! Ou alguém ALERTA AS PESSOAS de um perigo iminente, por exemplo, ou SE ALERTA AO som de um tiro, de uma sirene, ou coisa do gênero

Disto o pessoal da Globo não tem notícia. Mas meu amigo sabe, pois conhece bem o idioma.

Sua dúvida era: desligava a televisão ou continuava ouvindo besteira?

domingo, 25 de janeiro de 2015

Tenha faniquito em bom Português

Quase tão irritante quanto o vírus Omiga Plus que invadiu meu computador é folhear a Revista da TV do Globo.

Não basta o vício do "foca em mim" (desfoca um pouco, vai? Esse trem já encheu!).

Vi uma foto dos agentes Mulder e Scully e quase caí dura com a primeira frase da nota que a acompanha:

"Fãs de 'Arquivo X' ESTÃO FANIQUITANDO!" (acredite!)

Gosto muito da velha série, mas aviso: não sou dada a gerundismos, invencionices e chiliques.

Essa meninada que faz o suplemento e tem faniquito já ouviu falar de um certo Guimarães Rosa? Não?

Então recomendo leitura, pra aprender o que é preciso saber do idioma antes de achar que pode criar neologismo.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Se Dallas não cabe...


Já vi muita matéria cortada pelo pé, pra se adequar ao espaço do jornal (aqui, O Globo).

Mas derrubar letra do título de um filme pra ele caber em uma linha é demais, não é, não?

Detalhe: duas coluninhas pra esquerda, há um programa de TV com nome quebrado em duas.

Vá entender.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Assim não dá pra ler

O que é essa matéria do Globo de hoje a respeito da morte de um promotor na Argentina?

Abre com com um "aprofundou o clima de suspeitas em TORNO À morte do homem" — não basta dar "profundidade" ao clima, tem que inventar regência esdrúxula também?

Tem declaração de chaveiro que termina com com um inexplicável "'(...) foi assim' — AMPLIOU Walter". (Ampliou o quê? O buraco da fechadura?)

E eu resolvi parar a leitura nas "compras de supermercado que DEVERIAM SER REALIZADAS na última segunda-feira".

Caramba! Nem compra as pessoas FAZEM mais, só REALIZAM?

Medalhas de espadas, paus, copas...

O filme "Foxcatcher" (lançado aqui com o apêndice "Uma história que chocou o mundo" — ô mania!) não está dando sorte com a crítica.

No Globo, ganhou o velho pleonasmo: "baseado em FATOS REAIS".

Se é "fato", só pode ser real, gente.

Não resiste ao complemento? Use "história real", por exemplo.

No Uol, a coisa foi pior.

Além de ter um feioso "(...) pelo fato de o irmão ser MELHOR sucedido no esporte" — experimente "mais bem sucedido" e veja se não fica melhor —, traz esta "joia":

"(Fulano) e (Beltrano) foram os primeiros irmãos americanos a conquistarem medalhas de OUROS na mesma Olimpíada".

O verbo podia vir no singular (os primeiros a "conquistar" ); o metal TINHA que ser. Ou alguém contou quantos "OUROS" foram usados para confeccionar os prêmios?

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

De fato e de ficção

Fui dar uma espiada no que as TVs anunciam pra este ano no blog da Veja e encontrei esta "concordância" aqui, na sinopse de uma série de ficção científica:

"Na história, quando um grande cometa prestes a colidir com a Terra ameaça a vida no planeta, um grupo formado por pessoas com trajetórias completamente diferentes descobre que estão misteriosamente conectados".

Uau! O Português é "de ficção" também! 

Melhor ficar com o vídeo da BBC. Clique aqui para ver.

Um crime digno de CSI


O amigo me alertou para este "primor" no Facebook (clique aqui para ler).

Vi apenas dois parágrafos (acho que depois só tem foto) e quase caí pra trás. 

É tanto erro que nem sei por onde começar.

Tem até uma "sena" — assim, com "S" — que não dá dinheiro algum: é "SENA do crime", já ouviram falar?

Será influência de CSI, Crime SCENE Investigation???

sábado, 17 de janeiro de 2015

Usar tradutor automático dá nisso

Acho que, atualmente, até as tirinhas do Globo são traduzidas por ferramentas de computador.

Vejam o gerundismo horroroso (isto é quase um pleonasmo) no segundo quadro desta aqui, publicada hoje.

"Vamos estar contemplando"?! Argh!


Guarde a regra com carinho

Esta eu acabo de encontrar na página de uma querida amiga.

É do Globo — onde nos conhecemos décadas atrás — e não dá pra passar da primeira frase:

"HÁ dois dias da data marcada (...)". (clique para ler)

Sim, "", do verbo "haver", sinônimo de "existir".

Pessoal, toma aí de graça uma regrinha básica: no passado, verbo haver ("há muitos anos", "tento marcar renovação de passaporte há semanas" etc.); no futuro, preposição ("escreveremos bem daqui a quatro dias, quando passar o feriadão", "daqui a pouco eu vou agendar umas aulas de Português" — e por aí vamos).

Tão pequeno e tão ruim

Para abrir os trabalhos, segue a notícia que o atento amigo encontrou no Globo online:

"Um policial militar morreu e outro ficou gravemente ferido APÓS uma troca de tiros na Rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias, na manha (sic) deste sábado. O soldado Pacheco dirigia um veículo da PM durante uma perseguição pela via quando foi atingido. Ele perdeu a direção, bateu com o carro e morreu no local.

O outro policial, o sargento Castro, TAMBÉM ficou ferido e foi levado para (...). Segundo a Polícia Militar, ele está
gravemente ferido.
"

O texto tem só dois parágrafos, tá? Acho que dispensa comentários.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Pense, consulte, leia

Caramba.

Fui jogar fora jornais velhos e bati o olho no seguinte título daquela coluninha Filmes de Hoje:

"Metáfora de um país sem rumo e perdido".

Uma coisa não é mais a mesma que a outra? "Perdido" perdeu (perdão pela aliteração) um de seus significados, "que se encontra em estado de desorientação"?

Ou foi a encheção de linguiça que chegou a níveis nunca antes imaginados?

Merece atenção

Esta é pra debate.

A assídua colaboradora estranhou o "nada mal" — no título e fechando o texto — em outra nota de Gente Boba.

Lá dentro, informa-se que "os jurados tiveram um bom aumento no cachê este ano".

O tema é controverso.

Pra você, teria que ser "nada mau", por causa do adjetivo "bom" em uma frase, ou a expressão está correta, porque se trata do advérbio (ex.: tudo bem X nada mal)?

No tempo certo

Da série Perguntar Não Ofende.

Alguém sabe explicar o que leva Gente Boba a misturar passado e presente nas suas notas grandonas?

Hoje, o texto a respeito de um lançamento ocorrido ANTEONTEM ia direitinho até o penúltimo parágrafo, que desandou tudo.

Pessoal, dois dias atrás NADA ACONTECE: ACONTECEU, FOI, PASSOU, "já era", OK?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Os novidadeiros

Já leram em algum lugar a expressão "novas narrativas midiáticas"?  

Pois o atento amigo acha que deve ser isso que ouviu ontem na CBN, quando uma repórter, relatando um acidente, disse:

"O ônibus CAIU DA PISTA e BATEU NA RIBANCEIRA".

Triste conclusão do meu amigo:

"A moça não sabe o que é pista e, muito menos, ribanceira. Não falta só texto. Falta vivência."

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Pense 'durante' o ato de escrever

O atento amigo não aguenta mais o mau uso que os colegas vêm fazendo do "durante" e do "depois".

Vejam o que ele encontrou hoje na página 6 do Segundo Caderno, naqueles destaques da programação — mais exatamente no de uma entrevista com o brega Falcão:

"O cantor cearense conta que 'DURANTE A FACULDADE DE ARQUITETURA' se inscreveu (...)".

Será que o pessoal sabe que a preposição "exprime duração ou permanência de algo num tempo determinado" ou "através da duração de"? Agora põe essa inscrição ao longo do curso na universidade.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

'It's ugly the thing!'

O atento amigo acaba de mandar duas de uma vez.

1) Recebeu release de uma tal "Folia democrática", que, pra fazer jus ao título, permite a seguinte "concordância":

"ENCONTRO de ritmos ESQUENTAM o pré-carnaval carioca".

2) Leu no horóscopo do Globo de hoje:

"Ao ESTAR EXPERIENCIANDO momentos intensos, você (...)".

Parece anúncio de Gelol: não basta bancar o erudito e tirar do baú o estranho sinônimo de "EXPERIMENTAR": tem que ser no gerúndio e com verbo auxiliar!

Só espero que esse trem não esteja em Libra, porque eu NÃO VOU ESTAR EXPERIENCIANDO coisa alguma, OK?

PS: a versão ao pé da letra pra "tá feia a coisa", que usei no título, era usada — de brincadeira, claro — pelo meu saudoso marido, Chico Nelson. 

Redação sem Aurélio

Alguém tem uma explicação racional para o fascínio dos colegas com a preposição "SOBRE"?

Hoje, no Ancelmo, tem um bendito parágrafo assim (com destaque meu):

"O site vai INFORMAR SOBRE oportunidades de emprego, cursos profissionalizantes e, entre outras coisas, SOBRE a emissão de documentos".

Além de ser um "primor" de construção, exibe criatividade ímpar em matéria de regência.

Terão os dicionários entrado no passaralho do jornal?

Olha a tautologia aí, gente!

Passei o olho pela coluna da página 2 do Segundo Caderno e...

Bem, perguntar não ofende: havia necessidade do pleonasmo "alcateias de lobos"?

Um não é coletivo do outro?

PS: está começando a me incomodar essa história de ninguém "fazer" nada, só "realizar". Eu, hein?!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Inimiga da perfeição

Acho que o Comunique-se foi o primeiro a dar a notícia (clique para ler).

Mas a pressa não justifica um "realizou demissões", logo no início do texto.

Rodízio entregue em casa (?!)

Esta é pra dar umas risadas (porque estamos precisando, né?).

O amigo ouviu agorinha, no rádio do vizinho (imaginem o volume):

"Picanha by Restô agora tem delivery de seu rodízio de carnes nobres".

O nome da churrascaria é um espanto. O "delivery" é ridículo.

Mas o que está difícil mesmo de entender é a dinâmica do rodízio somada à velha "entrega em domicílio".

Só pode ser...



Assim é provocação.

Fui procurar uma ilustração para "enxugar o texto" e fiquei "SUPERFULA" — aviso que não sou SUPÉRFLUA!

Falta de intimidade dá nisso

As notícias no mundo jornalístico são péssimas (massacre em Paris, passaralho no Rio...). Nem por isso deixamos de cuidar do idioma neste espaço.

Como eu, a assídua colaboradora e o atento amigo não aguentam mais ver advérbios e preposições virarem cacoetes de linguagem, ou bengalas em que se apoiam os que não têm muita intimidade com o Português.

Hoje tem exemplo em Gente Boba:

"Eles QUE decidiram e me avisaram".

Ontem teve legenda assim:

"(Fulana), a irmã de (Beltrano), publicou (...) uma foto ao lado dele: 'Meu irmão que hoje nos deixou', disse ela APÓS a morte de (Beltrano)."

Há necessidade disso?

A gente DECIDE. Ponto.

E como é que a moça teria dito a frase ANTES da morte do irmão?

De enxugar redação a chefia entende, mas de enxugar o texto...

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Donas de muitas casas

Oh, dúvida.

São os colegas da Folha que não sabem escrever ou — em Português "moderno" — a emissora (não sei qual) encontrou "um nicho" e criou uma atração que tem como "público-alvo" milionárias com vários endereços espalhados pelo Brasil e o mundo?

domingo, 4 de janeiro de 2015

E as invencionices continuam

O amigo sinalizou ontem a publicação da Folha no Uol, mas só agora eu vi.

Está lá, em letras garrafais:

"Prefeitura quer 'coworking' público em fábricas antigas".

Como é que é?

Vou ficar sem saber que trem é esse, porque o nariz de cera da matéria me desencorajou de cara.

Mas tem fotos gigantescas (como esta acima), certamente pra aliviar a vista do leitor (aqui a reprodução está em menor escala, é claro).

Que tal coçar os bolsos?

Preparado com antecedência, o jornal de domingo deveria ser mais bem cuidado que os dos outros dias. Uma rápida leitura do exemplar de hoje, porém, confirma que, definitivamente, O Globo precisa contratar redatores e revisores:

1) Gente Boba repete "poeta" e "poeta" — em frase mínima de nota idem — e me sai com esta em "Segue a história":

"A foto foi tirada pela dentista (Fulana), que apresentou os tatuís à sua filha, (Beltrana), de 9 anos, e (Sicrano), de 15".

O pobre adolescente estava lá de gaiato? Não é parente da moça e não tem direito sequer a uma preposição antes do nome?

2) Em "Remando na Lagoa" (Ancelmo), conseguiram fazer a estranhíssima redução "de dez para quatro mil", 3.990 acima.

3) No Segundo Caderno, a matéria (traduzida) da homenagem a Miyazaki traz erro de regência ("aproximação do Japão ao nacionalismo e ao militarismo" — o país aproxima-se DE alguma coisa) e de concordância ("embora ele os conceba com uma variedade e generosidade diferente e menos recompensador").

Para completar (e ilustrar), veja a legenda que a assídua colaboradora encontrou no primeiro caderno.

Pois é. O que dizer quando "as áreas pode" no maior jornal do país?

sábado, 3 de janeiro de 2015

Advérbios deslocados

A assídua colaboradora leu cedinho o Ancelmo e embatucou com esta frase:

"A ideia parece TÃO boa QUE NEM doce de leite argentino".

De fato, até na linguagem falada, usaríamos "é boa que nem" ou "é tão boa quanto".

O "TÃO" não combina mesmo com esse "QUE NEM" aí, mas o que me deixou mais intrigada foi um "também", que achei na coluna durante a minha leitura, há pouco.

Está na nota "Lábios que beijei":

"Quem TAMBÉM faria cem anos este ano é Orlando Silva (...)".

De quem é o outro centenário, que não encontro em lugar algum?!?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Consulte o dicionário em 2015

Caros colegas do Globo, que tal começar o ano com menos preguiça?

Texto de entrevistado (qualquer um, famoso ou desconhecido) não pode ser reproduzido sem revisão.

É inadmissível a publicação de construções como esta, encontrada hoje pela assídua colaboradora:

"Eu ADOREI QUE ele foi o primeiro bebê do ano".

O pai da criança, emocionado, não tem que se preocupar com o Português.

O jornalista, profissional, tem a obrigação de saber que a gente não "adora QUE" nada.

Adora-se alguma coisa, pessoa ou divindade — e ponto.