sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Mais atenção, pessoal

Folheio o jornal de bairros de ontem e, logo na capa, encontro a chamada:

"Brechós têm de vasos raros roupas e sapatos seminovos".

Evidentemente, a preposição "caiu no elevador", a caminho da oficina.

E o que dizer desse discurso da presidente, publicado hoje?

"É uma tristeza dupla o país ter gente vivendo na pobreza absoluta e essa pobreza, ainda por cima, se concentrar mais fortemente nas crianças e nos jovens. Essa é a razão do Brasil Carinhoso."

Confesso que me passou pela cabeça chamar a Madame Natasha, aquela do Elio Gaspari. Ou este é um caso para Eremildo, o idiota?

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Capotagem feia!

Outro amigo (e colega jornalista) me passou e-mail há vários dias (minhas desculpas pra ele também!), reclamando do "uso impróprio da preposição 'durante' nos relatos dos repórteres".

Ele dá um  exemplo: "(Fulana) morreu durante o capotamento do carro." E questiona: "Durante o capotamento? A gente diz apenas que a mulher morreu no capotamento; ou depois de ser socorrida; ou no hospital, após (...). Acho que é mais uma das chupações do inglês. Veja este texto que li hoje: 'The driver of the truck was not injured during the accident'."

Pois é. Ao contrário do que muita gente acreditava, nem tudo o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil, especialmente no idioma. É só ver o desastre dos mal traduzidos manuais de telemarketing, com seus "vamos estar fazendo isso", "vamos estar providenciando aquilo", que têm voltado com força total aos atendimentos ao consumidor. Argh!

Depois do 'por conta', o 'por meio'

Um amigo me escreveu no início da semana (desculpe a demora!), falando do excesso de "por meio" em matéria da Folha online.

Acho que o novo "fenômeno jornalístico" se dá por causa do medo de errar. Explico: o "por causa" está dando lugar ao "por conta" numa rapidez astronômica por puro modismo; já o "por meio", acredito, começa a ser usado com frequência cada vez maior porque os colegas ouviram dizer que não se deve apelar para o "através" em qualquer ocasião, já que ele significa "por dentro de; pelo interior de". Mas a expressão é mais do que isso, tá, pessoal? É só dar uma procuradinha no dicionário para constatar. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Mais uma de doer

Amiga tradutora, formada em Letras, escreve: "Você sabe que tem problemas quando, esperando na fila do caixa de um Hortifruti, saca uma caneta da bolsa, corrige o aviso que diz 'Grata pela compreenção' e ainda acha uma pena não ter dado pra fazer o mesmo nos outros dez caixas."

Alô, alô, pessoal! Uma rede do porte do Hortifruti tem que tomar cuidado não só com os legumes e frutas, mas também com o Português que oferece à clientela. Grata pela compreensão

Qual será a causa?

Há coisas que, mesmo corretas, incomodam a vista. Como este título do caderno de esportes do Globo:

"Em razão da crise, espaço se abre para os jovens."

Juntamente com o excesso de "por conta" que vejo e ouço atualmente, ele me faz pensar no que estaria motivando a ojeriza pela boa e velha causa.

As pessoas — especialmente os colegas jornalistas — parecem temer o uso da palavra — especialmente na expressão "por causa", antes corriqueira. Algum psicólogo, antropólogo, sociólogo ou estilista pode me explicar esse fenômeno, antes que ele acabe em banimento?

sábado, 24 de novembro de 2012

Português de fachada no Bobajal

Gente, eu passei batido por essa reportagem, mas ela não escapou dos olhos atentos da amiga jornalista, que me enviou a seguinte mensagem:

"(...) não sei se é para rir ou chorar: você viu na pág. 20 do Globo de hoje a matéria 'Desmantelada quadrilha de estelionatários'? Ela informa que 'o grupo atuou usando o nome de dez empresas diferentes, todas de faixada'. Devem ser empresas com a parede frontal coberta de faixas..."

Única resposta cabível: "Ui, essa doeu! E vai pro blog, claro. Obrigada"

Use, mas não abuse

Já me alertando para a falha na menção ao filme "E se vivêssemos todos juntos?" (faltou o acento em "vivêssemos"), minha irmã me sugeriu ler a matéria com a Jane Fonda, no Ela — e lá fui eu.

Ia tudo bem até que... dou de cara com o primeiro casamento da atriz, com o diretor francês Roger Vadim, "que lhe deu a filha Vanessa, produtora de cinema, além de dois netos".

Como assim?!? O Vadim deu-lhe os netos "por tabela" ou abusou da filha? É mais fácil terem, como de hábito, abusado do idioma. Recomenda-se tratá-lo como álcool, adotando o slogan "use com moderação".

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

De volta ao Bobajal

Depois de alguns dias de reviravolta no escritório, testando novas soluções e instalações para (como gostam os "marketingueiros") otimizar o pequeno espaço, volto a dar atenção ao idioma da República Federativa do Bobajal e ao computador — este, tadinho, ainda mudo (rendo-me às limitações da minha capacidade para mexer com eletroeletrônicos; para este aparelho de som cheio de fios fininhos, preciso de ajuda profissional). Voltando ao que interessa, vários e-mails me esperavam aqui.

Um amigo me escreveu de Maceió, onde conheceu o "simpático Palato", restaurante que anuncia chef cordon bleu, mas, no pequeno totem em cima da mesa, comete erros em Português e Francês — tem até um "Bon appetitti", "inexistente em qualquer língua".

Já uma querida amiga reclama das invencionices do momento, tais como usar "no" longo prazo (ou curto, ou médio, ao gosto do freguês), no lugar do tradicional (e sonoramente mais agradável) "a" longo prazo (ou curto etc.); e dizer que se "fez" uma decisão, em vez de tomá-la (será essa gente abstêmia de determinação?).

Bom, vem mais coisa por aí. Agora, vou tentar compreender o que gerou a seguinte chamada de capa do Segundo Caderno de hoje:

"Herbert dedicado à mulher, novo CD traz velhas canções."

Se alguém entendeu, pode mandar a explicação que eu agradeço.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Alguma coisa está fora da ordem


Deixa eu ver se entendi bem. Na matéria de capa do Segundo Caderno, a repórter diz que um cineasta mineiro, "fora uma temporada em Londres, (...) nunca saiu de Belo Horizonte". No entanto, alguns parágrafos depois, o texto informa que ele "foi, de férias, a Berlim".

Não, definitivamente, não dá para entender.

Qual é o nome?

Pego matéria do "RJ" em andamento e me interesso, pois mostra sérios problemas de consevação em um túnel. Como sou vizinha de um precaríssimo, o Velho (ou Alaor Prata), onde começa até a surgir uma cracolândia (e a gente sabe que isso cresce com uma rapidez assustadora), apuro olhos e ouvidos.

Sem chance! Repórter e apresentadora falam, falam... e não dão o nome do bendito lugar de jeito algum! Não é regrinha básica do jornalismo de rádio e TV (que ainda pode usar legenda) repetir o nome do foco da notícia, para quem a pega já começada, como eu? Boiei legal!

domingo, 18 de novembro de 2012

Filhote de PC só pode ser TB

Da ridícula praga do "Politicamente Correto" não podia nascer outra coisa que não fosse uma "Tremenda Bobagem". De que outra forma alguém explica essa novidade do Segundo Caderno, a "produção afrodescente"? Alguém viu a certidão de nascimento e conferiu a árvore genealógica da "moça"?

Reunião relâmpago

Amigo e colega de profissão me manda a seguinte pérola (o colar já está com várias voltas, obrigada!), encontrada no caderno Amanhã, publicado às terças-feiras no Globo:

"Ponto de encontro reúne 500 milhões de animais no Lago do Hula, que passam em sua rota de fuga (...)"

Se os bichos estão em fuga, deve ser um encontro brevíssimo, não?

Fato histórico?!?

Da série "Perguntar não ofende": o que tem na cabeça uma pessoa que põe no mesmo patamar o fim da Segunda Guerra Mundial, as bombas de Hisroshima e Nagasaki, o AI-5, a chegada do homem à Lua e... o nascimento da filha da Xuxa!?!

PS: a pérola está na revista dominical citada abaixo, em matéria intitulada "Daqui eu não saio".

Moda que empobrece

Numa rápida passada de olhos pela revista dominical do Globo, é fácil perceber o quanto andam empobrecidos nosso jornalismo e nosso vocabulário.

Encontra-se rápido exemplo em dois modismos que já encheram as medidas, mas que os colegas insistem em usar: famílias sendo chamadas de clãs (ao "melhor" estilo Caras) e a troca do verbo "focalizar" por "focar" — é tanto "foca isso", "foca aquilo", que chego a imaginar as redações transformadas em circos, cheios de foquinhas amestradas a bater nos teclados.

sábado, 17 de novembro de 2012

Cravo de acrílico e vinil

Continuo "por conta" por causa do excesso de "por conta" usado pelos colegas (ontem mesmo mencionei o assunto) e desafio o leitor mais paciente a contar quantas vezes a bendita palavra aparece numa reportagem com a Penélope Cruz, publicada no Ela. Mas acabei de voltar pra casa, depois de me fartar de camarão, e estou num estado de espírito muito bom para desperdiçá-lo com o tema, que já provoca certa irritação.

Então, prefiro comentar uma notinha do Ancelmo que tinha deixado aqui separada, antes de sair, e que diz o seguinte:

"Roberto de Regina, (...) a quem se atribui a construção do primeiro cravo no país, com 26 discos e cinco DVDs (...)".

Sempre achei o cravista o máximo. Agora, o considero um espanto, por ter conseguido fazer o belo instrumento com material tão inadequado.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

'Esforço de reportagem'

 
Ou os colegas andam lendo pouco, ou estão com preguiça de escrever e rever o resultado antes da publicação, ou sofrem do problema que foi tema da coluna do Arthur Dapieve nesta sexta-feira "enforcada".

Um exemplo fresquinho é a matéria de capa do Segundo Caderno, em que a primeira fala do entrevistado foi traduzida com evidente descuido. É tanto "hoje" e "nos dias de hoje" que dá a impressão de que o texto tem um inexplicável eco (uma boa dica para perceber essas coisas é ler "em voz alta" — que não precisa ser ouvida na redação — o que se escreveu).

Falando em hoje, no telejornal que leva este nome o "eco" acontece na expressão "por conta". Só o apresentador parece se lembrar da existência da "causa" (e do consequente "por causa", claro). Viva ele!

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Custava inverter?

Vejo que alguns pedaços do jornal de ontem ficaram aqui esquecidos e pego a matéria intitulada "Viúvas de mortos na ditadura contestam laudos oficiais". A primeira frase já é um desestímulo à leitura:

"A viúva de Luís Eurico Tejera Lisboa, morto pela ditadura em 1972, Suzana Lisboa, vai (...)."

Dava muito trabalho reler essa coisa confusa e botar o nome da mulher lá no início do texto?

Quando o bar cuida da casa

Achei que tinha lido mal o texto curtinho intitulado "12º jogador", na coluna do Ancelmo, e li outra vez. Estava mesmo lá a frase:

"(...) farão homenagem a (...), dono do Bar (...), que funcionava no campo e acumulava a função de caseiro há mais de quatro décadas."

Mil perdões, a nota é fúnebre, mas nunca tinha ouvido falar num bar que serve comes e bebes e ainda cuida da casa (?!). E, se a intenção era ter o homenageado como sujeito da sentença, também não ficaria estranho dizer que ele "funcionava no campo"?

Títulos pela metade

O Globo elevou a cobrança mensal da assinatura, mas vende informação pela metade (não do preço, é claro). A nova mania do jornal é não dar o nome e o sobrenome da pessoa em torno da qual gira a matéria (geralmente grande), nem no titulo, nem no subtítulo.

Hoje, na reportagem de capa do Segundo Caderno, fala-se de Andrea, simplesmente, sem explicar que se trata da Beltrão (a informação só vai aparecer no segundo parágrafo do texto). E já vi casos piores no mesmo suplemento e no caderno de esportes, entre outros. Perderam aquela aulinha básica de Jornalismo, de informar de cara para o público "quem", "o quê", "quando", "onde", "como" e "por quê"?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O gênio e a bela

Estou bem, hein? Passei rapidamente os olhos por uma foto da Mariana Ximenes publicada ontem no Globo e vi o Mathew Gray Gubler, que vive o geniozinho de "Criminal Minds".

E viva o sebo!

Só agora li a matéria de ontem que falava dos sebos, instituição da qual sou fã ardorosa e frequentadora assídua.

Apesar de alguns tropeços — entre eles, "lugares como a livraria e que hoje funciona" e "atrair com outros atrativos" —, fiquei feliz de ver que os buquinistas do Centro resistem bravamente.

O tema merecia até "suíte" com o pessoal da Zona Sul, onde imperam nomes criativos — até hoje não me conformei com o fechamento da loja copacabanense Gracilianos do Ramo, um achado.

Assim pega mal

Em nota da coluna do Ancelmo, um texto reproduz fala do ator Lázaro Ramos a respeito da reeleição de Obama. E  começa assim:

"Acho que se ele tivesse pego os EUA (...)".

Como todos os verbos com duas formas de particípio — uma longa (regular) e outra curta (irregular) — "pegar" exige o uso de auxiliares diferentes para elas: a primeira "anda" com ter e haver; a segunda, com ser e estar. Segue um exemplo:

"Depois de ter pegado a bolsa da mulher, Fulano foi pego em flagrante."

PS: cabe ao redator fazer a correção do coloquial para a norma culta.

Escorregão no saibro

Mais enrolada que a contagem de pontos no tênis é a abertura da matéria do Globo, hoje, a respeito do esperado confronto dos craques Djokovic e Federer. Não deu pra passar do terceiro parágrafo, tal a confusão.

Só para se ter uma ideia, no meio (do início) da história, aparece um "mais tarde, o suíço Roger Federer derrotou o escocês Andy Murray por (...)". Na linha seguinte, diz-se que "no sábado, o argentino (del Potro) havia superado outro gigante, Roger Federer, ainda na primeira fase (...)".

Se o jornalismo fosse o belo esporte, dava para dizer que o autor cometeu "abuso de equipamento" — o que é facilmente evitável com uma simples leitura do texto antes de sua publicação.

Múltipla escolha

Vendo no "RJ-TV" a triste notícia da morte do ator e diretor Marcos Paulo, ouço o repórter falar, enfático:

"O velório está fechado para os amigos (...)."

Um telespectador mais desatento poderia imaginar muita gente famosa sendo barrada na cerimônia.

Já a colega que foi acionada em seguida fez melhor escolha e disse:

"No momento, o velório é restrito a parentes e amigos."

Vai dizer que não fica muito mais claro?

domingo, 11 de novembro de 2012

Figurino multiuso

Passando os olhos pelo Segundo Caderno, leio o início de uma crítica de show e encontro a seguinte frase:

"(...) mostrando Lady Gaga e seus figurinos bizarros cantando seus sucessos e dizendo (...)"

Esqueça o feiíssimo excesso de gerúndios. Quero que alguém me explique é que trajes cantantes e falantes são esses.

Atenção, editores!

Comecei a jogar fora alguns pedaços de jornal que haviam ficado esquecidos por aqui nos últimos dias e notei uma coisa que raramente acontecia no Globo: a repetição de um mesmo verbo em vários títulos, em páginas contíguas e até numa só.

É um tal de "acidente deixa (não sei quantos feridos)" ao lado de "greve deixa (alunos sem aula, por exemplo)" e "chuva deixa (multidão desabrigada, sem luz etc.)". Em seguida, vem o "provocar" — os mesmos acidentes, greves, chuvas e que tais provocam efeitos variados, um do ladinho do outro. E por aí vamos.

Fica feio, pessoal! Presta um pouco mais de atenção e cuidado, vai!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Use, mas não abuse

Dia desses comentei o uso excessivo dos trocadilhos na mídia. Pois a "vitória democrata" nos EUA rendeu coisas esquistas no Globo.

Um exemplo? "Lágrimas conservadoras". Alguém sabe explicar o que é isso? Eu não sei, mas imagino que loucuras poderia fazer uma pessoa acometida por "euforia liberal".

Bomba pro Enem

O MEC já irritou meio mundo com as questões que abusaram do português coloquial. Muita gente chiou (com razão) do desprezo da instituição à norma culta, que, imagina-se, será exigida dos estudantes no futuro.

Lendo a matéria no Globo a respeito do assunto, acrescento mais um zero à cotação dos mestres que elaboraram as provas, Numa delas, que teve um trecho reproduzido no jornal, diz o texto do Enem:

"Cartuns são produzidos com o intuito de satirizar comportamentos humanos e assim oportunizam a reflexão sobre nossos próprios comportamentos e atitudes."

A frase em si já é horrorosa. Como se não bastasse, os professores com pretensão a ser Guimarães Rosa na vida deviam saber que, na República Federativa do Bobajal, o verbo "oportunizar" não tem registro, seja na ABL, no Houaiss, no Aurélio ou outro dicionário qualquer.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Invasão aérea

Ao contrário dos suplementos dominicais do Globo, não costumo fazer pilhéria com erros cometidos por nossos iletrados compatriotas, tão carentes de boas escolas Brasil afora. Incomodam-me as atrocidades perpetradas por profissionais que trabalham com o idioma — e, portanto, deviam conhecê-lo bem e tratá-lo com o máximo cuidado.

Dito isso, dou a escorregadela: não pude conter um sorriso ao ouvir um porteiro do meu prédio anunciar, pelo interfone, a chegada do "homem da esquadrilha". No lugar do serralheiro munido de trena e bloco para fazer contas e orçamento, imaginei como seria ver meu apartamento invadido por aqueles aviões que fazem mil manobras ensaiadas no ar.

domingo, 4 de novembro de 2012

Ressurreição indesejável

Há tempos parecia morta e enterrada a mania de encerrar a fala de um entrevistado com delírios do tipo "elucubra Fulano", "argúi Beltrano", "averigua Sicrano" e por aí vamos, com invencionices ainda piores. No entanto, a Revista da TV do Globo parece disposta a ressuscitar o feiíssimo modismo, que tem cara de muleta usada para passar (falsa) ideia de erudição.

Fã de "Arquivo X", encarei a matéria com o roteirista Frank Spotnitz. Para começar, Spotnitz é definido como o showrunner de "Hunted", o que ele desmente parágrafos adiante, afirmando que tal função não existe na Inglaterra, onde a série é feita — aliás, custava "traduzir" para o leitor menos familiarizado com esse universo que showrunner é quem lidera a equipe de escritores e decide os rumos dos seriados?

Mas eu mereço, porque não parei a leitura na frase:

"(...) O que falta é encontrar um estúdio — deseja."

Faz sentido? Pois é... O trem acaba num triste "Há desafios, mas também alegrias — explica". E eu estou aqui tentando achar explicação para a aversão ao bom e velho verbo "dizer".

sábado, 3 de novembro de 2012

Comunique-se, por favor

Amiga jornalista mandou, há muitos dias, uma pérola encontrada justamente no Comunique-se, feito por e para profissionais da nossa área. Como andei ocupada (tal qual linha telefônica "em comunicação") e o dito veículo é um site, achei que o mal construído parágrafo que abre a matéria já teria sido consertado a essas alturas. Mas não é que a coisa feia continua lá, sob o título "Veja com o que se preocupar na hora de fazer um plano de comunicação"? Vejam que beleza de construção:

"(...) Para quem trabalha com as novas mídias, a dúvida de como transformar o conteúdo mais atraente é recorrente. Para a sócia-fundadora da agência (...), (Fulana de Tal), essa questão trata-se de planejamento e pesquisa. 'As marcas têm que encontrar relevância que conectam elas com o consumidor para seguir uma dinâmica', explica."

A colega e colaboradora arrematou sua mensagem com a famosa frase do apresentador Chacrinha, reproduzida ao lado. Precisa dizer mais?

Português não é espanhol

Há pouco, no "Hoje", um repórter cometeu o engano — comum por aí, mas inaceitável em nossa profissão — de chamar "necropsia" de "necrópsia", como se nela existisse um acento agudo no "o".

Não há e, diferentemente da língua espanhola, no nosso idioma não precisamos de um acento no "i" para ler "necropsia" como pronunciamos em bom Português.

Se o profissional é do tipo que confunde "necropsia" com a sinônima  — e devidamente acentuada — "autópsia", melhor escolher esta quando o texto assim o exigir.

PS: leiam os comentários abaixo. Uma amiga me enviou mensagem, dizendo que a Academia já aceita a forma "necrópsia", com acento. Primeiro ponto pra ela nessa horrorosa nova reforma ortográfica.