quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Chegando aos pouquinhos

Após breves (e deliciosas) férias, vou retomando a rotina sem pressa, ainda meio distante da TV, do jornal e das barbaridades perpetradas na República Federativa do Bobajal.

Em BH, junto à família, também tive pouco tempo para prestar atenção no que é uma das matérias-primas deste blog, mas não pude deixar de registrar, na Record, o comentário de um repórter ao falar do recente tiroteio em frente ao Empire State. Segundo ele, "uma mulher foi atingida e caiu perto do chão".

Até agora não entendi se algum obstáculo impediu a vítima de tocar o solo ou se foi um estranho caso de levitação.

domingo, 12 de agosto de 2012

Este blog está temporariamente...

... desligado do mundo!

Sua autora começou a dançar ao som do rock do encerramento das Olimpíadas, riu a valer com o Eric Idle cantando "Always look on the bright side of life" (clique aqui para ver a cena do filme "A vida de Brian", de onde saiu a canção), se emocionou em diversos momentos e se acabou quando The Who fechou a festa com "My generation". Ou seja, preciso de férias.

Mas não será por muito tempo. A parada é estilo "vou ali e volto já". Até lá!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O que é isso?


Dando um giro por alguns momentos das Olimpíadas que me aguardavam em casa, gravados na Net, descobri que que o SporTV tem um quadro intitulado "Que isso?", assim mesmo, sem verbo e sem sentido.

O que é isso?, pergunto eu. Quem é o responsável por botar no ar um trem desses, em letras garrafais?

Pretérito mais que imperfeito

Finalmente, na reta final da ginástica rítmica e no último dia do nado sincronizado, os canais SporTV resolveram (com pretérito perfeito) dar algum espaço a esses esportes. Podiam (pretérito imperfeito — e sonhador) deixar as meninas da pisicina fazer sua coreografia sem que duas moças falassem (pretérito imperfeito — e incômodo) ininterruptamente, abafando a música (por que não deixam os comentários para o fim, na hora do replay em câmera lenta?). E como a preferência dos canais é mostrar gente trocando socos e pontapés, a ginástica, que eu estava gravando, já virou tae kwon do (outra vez com pretérito perfeito — e chatésimo).

Mas o pior de tudo, até o momento, foi ouvir, quando saiu a nota das nadadoras russas (que levaram o ouro — em mais um pretérito perfeitíssimo), o locutor exclamar:

"As russas obteram  (...) pontos!"

Deviam mandá-lo conjugar cem vezes no quadro o pretérito perfeito de "obter": eu obtive, tu obtiveste, ele obteve, nós obtivemos, vós obtivestes, eles obtiveram. O Bobajal está abusando!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Português olímpico

Não, o título acima não se refere à participação de Portugal nos Jogos de Londres, mas aos nocautes que nosso idioma sofre diariamente ao longo do evento, nos jornais, na TV e na internet.

A amiga ligada na web pegou esta hoje:

"Além de nossos atletas, que vêm desempenhando uma performance razoável nos Jogos Olímpicos de Londres, com um panorama semelhante ao de Pequim, em 2008, com certeza, esta edição do evento esportivo mais importante do mundo já ganhou uma personagem fora das modalidades em disputa: ela é Ana Paula Padrão."

Com toda razão, ela começa sua análise reclamando do tamanho da frase — que eu classificaria como GG, excelente para derrubar qualquer um. Se performance é desempenho, "desempenhar desempenho" é forte, não? Minha amiga também acha impróprio o uso de "panorama" para indicar os resultados de Pequim, aponta falhas na pontuação...

Enfim, na minha opinião, merece medalha de lata pelo conjunto da apresentação.

Vale acrescentar que, se a amiga e colega pegou isso e muito mais — como "estou sentado dois metros da mesa da Patrícia Amorim" —, hoje eu abri o dia olímpico ouvindo que uma atleta da ginástica rítmica havia realizado "dificuldades muito difíceis". E ainda temos mais três dias de participação da República Federativa do Bobajal na festa.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Livres e leves com os Correios

Minha amiga tradutora, citada abaixo, fez comentário em "Mais uma do Sportv". Achei que, mais do que uma simples resposta ou um agradecimento, o tema merecia virar nota. Afinal, vejam o que ela diz:

"Hoje ouvi mais uma vez a propaganda dos Correios, que 'há 20 anos patrocinam a natação' (...) e  não aprenderam que é '50 metros livre', não 'livres' — livre é o estilo de nado (...)."

Vai ver os responsáveis pela propaganda, há 20 anos, não praticam qualquer esporte e, muito menos, o Português, com o qual devem se sentir livres para brincar. Eu queria ver 200 metros borboletas 400 metros peitos na piscina. Quem patrocina?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Traduttori, traditori

Grande amiga, tradutora de primeira linha (e localizer, ou seja, especializada em coisas como Pacote Office e outros "bichos internáuticos"), fez hoje o que eu não tive tempo de fazer: dar uma olhada nas notícias. O resultado foram algumas contribuições, a começar pela matéria do Globo Online sobre o fracasso brasileiro no handebol feminino. Diz ela:

"Só li por alto, mas deu para pegar um 'não resistiu a força' e um ' dez minutos do fim'." Ui! O pessoal ainda não se tocou que não pode ter havido uma coisa que ainda não aconteceu? No futuro, é só preposição, a tantos isso, a tantos aquilo. O verbo só existe depois: estou no trabalho  tantas horas, anos escrevo mal o Português etc.

Até então, estávamos na seara jornalística, mas, na sequência da troca de e-mails, ela comentou erros muito encontrados em traduções:

"Poucos sabem usar o 'quando + futuro do subjuntivo' (não dá para dizer 'quando eu acabá-lo', porque também não dá para dizer 'quando eu fizé-lo'). É comum, também, encontrar 'ingenuity' traduzido como 'ingenuidade', quando significa 'engenhosidade' (ouvi ontem na dublagem do 'Doctor Who', na TV Cultura). E assim por diante..."

Concordo em gênero, número e grau. Redatores e tradutores precisam ficar mais espertos. Quando fazíamos a Enciclopédia Encarta, era um absurdo o que aparecia de "sencillo" ("simples", em espanhol) traduzido como "sensível". E esta semana vi na BBC (que até tem boas legendas) um "vice squad" virar "vice-delegado". Gente, vice é vício e aqui diríamos Delegacia de Costumes, OK? Ah, e "casualty" não é "casualidade"!

domingo, 5 de agosto de 2012

Prêmio pelo conjunto da obra

Minha amiga genealogista está atentíssima aos atentados do Facebook. Hoje, pegou este aqui:
Emagreça sua gordura de estômago e pareça bom num biquíni com o tempo para verão!
 
Se isso aqui fosse uma Olimpíada, íamos dividir o pódio, porque, no mesmo lugar, eu pesquei esta outra:


Verdadeira viagem não está em sair a procura de novas paisagens mas em possuir novos olhos
 
Assim mesmo, sem artigo, sem crase, sem pontuação, sem sentido...

Mais uma do SporTV


Terminada mais uma eliminatória do atletismo, entra no vídeo a tabela de classificação. O locutor que se espanta e é um espanto diz:

"Fulano lidera em primeiro."

Eu queria ver alguém, atleta ou não, liderar alguma coisa, especialmente uma corrida, em último lugar — ou mesmo em segundo.

Qual é a surpresa?

Eliminatórias dos cem metros, a prova do atletismo que consagra "o homem mais rápido do planeta".

Entra a segunda bateria de competidores e o locutor do SporTV grita, espantadíssimo: "Eles estão se classificando por tempo! É impressionante essa prova!"

Ele pensava que os corredores se classificavam pelo quê?!?

Escorregão com cravo e canela

Passei direto pela matéria "Como manda o figurino", da Revista da TV, pois tratava da atual versão de "Gabriela", que não me agradou. Mas a amiga genealogista estava atenta e pegou, lá no finzinho:

"(...) Ela vai começar a sofrer com as imposições do marido. Gabriela é livre, não nasceu para ser tolida."

Estamos falando tão mal nosso idioma que já reproduzimos na escrita os erros que cometemos na fala, como engolir o som do "lh". No Português, o "H" é como o zero: não conta (ou não soa) quando está à frente dos companheiros; no meio deles, porém, faz toda a diferença!

Para a minha amiga, além da letra, faltou mais coisa na matéria, que ela classificou como "tolilda, bobilda mesmo".

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vai para o panteão

Nem só de colaboradores jornalistas vive este blog. Tenho amiga genealogista também atenta aos crimes contra o Português que andam cometendo por aí.

Agora mesmo, ela me enviou esta, perpetrada pelo Globo Online numa receita com nome de pirueta olímpica: Palha Italiana Invertida (o estranho resultado da "acrobacia" está na foto).

Diz lá que "100 chefs já favoritaram" o prato. E eu digo aqui que esse neologismo, certemente inspirado pela internet, merece ir para o Panteão Guimarães Rosa da República Federativa do Bobajal.

Essa moça é um espanto!

Não é só na voz e nas hesitações (às vezes preconceituosas) que a já citada comentarista do SporTV (veja nota abaixo) incomoda.

A moça não sabe, por exemplo, que a ginasta não fica "meia desequilibrada", "meia cansada" ou "meia emocionada". Aliás, não vi uma sequer de meia até agora! As atletas se exibem descalças ou de sapatilhas — e às vezes até podem ter apresentações meio fracas; "meias fracas", jamais!

Moreninha, SporTV?!?

Não dá para engolir o que acabo de ouvir no SporTV! A comentarista de ginástica artística (que tem uma voz desagradável que só) foi falar da atuação da americana Gabrielle Douglas, titubeou e acabou definindo-a como "moreninha" (?!?). Que prurido racista é esse?

A linda, jovem e graciosa atleta negra não merece a discriminação!

Trocadilho infame

Definitivamente, não dá para saber se O Globo quer se fundir ao Extra ou almeja virar Folha ou Estadão. Hoje a primeira página até melhorou um pouquinho, com o destaque para a charge do Chico Caruso e uma foto mais ampliada.

A "levantadinha" no visual, porém, não desviou a atenção do sofrível título "A polêmica da coca (cola)".

Se é para fazer gracinha, melhor tentar ser mais criativo. Que tal voltar aos tempos do "Cachorro fez mal à moça" ou "Violada no auditório"?

Alergia a crase mal usada

Na matéria do Globo de hoje a respeito das greves na Via Dutra, num título e no corpo do texto está, em destaque, a frase de um entrevistado:

"Tenho alergia à política."

Não dá para confiar numa afirmação dessas. Afinal, se há por aí gente com alergia a amendoim, a chocolate, a produtos de limpeza e a tantas outras coisas, por que haveria de ser diferente com a política?

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Zero em comportamento

Adoro minhas amigas jornalistas! Passei a tarde no cabeleireiro (programa que faço, em média, cinco vezes ao ano), o que significa que fiquei restrita à "leitura" de "Caras". Na publicação, só pelas folheadas rápidas, descobre-se que família é coisa em extinção (o Brasil virou a Escócia, pois só temos clãs) e que VIP (que já foi Very Important Person, mas hoje é qualquer um) não tem filho, mas herdeiro (devem achar chiquíssimo, provavelmente). Por essas e outras (total falta de assunto, por exemplo), não consigo ter ânimo para mergulhar fundo e achar as verdadeiras pérolas ali escondidas.

Eis que chego em casa e encontro duas ótimas contribuições num só e-mail. A grande amiga, que me chama de Sol, vai logo avisando que não estou na coluna Negócios & Cia, do Globo, embora o título da nota seja "Lá vem o sol". Foi lá que ela encontrou a frase:

"O tema é 'Here comes de Sun'" (ui!), que ela complementa com o comentário brincalhão: "Não é of matar?"

E tem mais, no Segundo Caderno, que anunciou, no History Channel, a exibição de  "Ícones do Mal Comportamento".

Cuidado, pessoal! Calor excessivo, de secador ou de "DE" Sun, faz um mal danado e pode provocar distúrbios graves.