terça-feira, 31 de julho de 2012

Não li e não gostei

Acabo de confirmar que não foi à toa que passei batido pela revista dominical do Globo, onde estava a pérola escondida revelada abaixo. Há pouco, outra amiga (também jornalista) que se deu à pachorra de ler o suplemento me passou e-mail detalhado sobre "as pautas infantiloides", em que entrevistadas "exaltam" armários com roupas antigas e há análises profundas a respeito de temas seriíssimos — tais como: "febre entre blogueiras, a border nail, vista no desfile da Chanel, divide opiniões sobre o estilo das unhas pintadas de uma cor por dentro e outra no contorno".

Uau! Ainda bem que mandei meu exemplar para uma adolescente antes ver tudo isso e muito mais (tem coisa pior, acreditem!).

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Soltando o quê?!?

Essa interrompeu até o meu almoço. Comentando a atuação de uma nadadora, o locutor do SporTV me saiu com um "soltando na piscina" que doeu no ouvido.

Embora seja erro comum por aí, é imperdoável num profissional de televisão — ainda mais num evento importante como as Olimpíadas. Assim como a gente não solta do ônibus, o atleta salta, por favor! Já imaginou a modalidade "solta com vara"?

Invasão britânica

Perguntar não ofende: o que significa "Dolce fair niente", tútulo de uma nota do Ancelmo? (ontem não dei sorte, mas hoje encontrei a coluna.)

Será influência das Olimpíadas de Londres o uso do "fair", inglês, no meio da deliciosa expressão italiana?

Truque bilíngue

Em meio à enxurrada esportiva e à confusão visual com as mudanças no jornal diário, quase deixo passar a colaboração da amiga, que enviou a seguinte legenda do Globo Online, na segunda-feira, 27:

"No dia da abertura das Olímpiadas a boa é treinar, relaxar e, porque não, namorar um pouco".

Apesar do atraso de uma semana, vale a pena comentar o erro, porque ele tem sido encontrado com frequência. Por que é difícil as pessoas entenderem quando a expressão é conjunção, e anda grudadinha, e quando funciona como pronome, e se divide, especialmente quando não há uma interrogação no fim da frase?

Percebi logo por que isso acontece e bolei um pequeno truque para facilitar a vida, pelo menos para quem sabe inglês. Pense a frase no idioma britânico e veja o que acontece. Se entrar "because" é porque, junto; se entrar "why", é por que, separado. OK?

Fonte enganadora

A tal nova família de tipos criada pelo Globo tem um pé no trompe l'oeil e pode confundir o leitor.

Meio distraída com a ginástica artística, li no "olho" da coluna do Joaquim Ferreira dos Santos: "Eu respirei constrangidamente almado (...)".

Epa! Que palavra é essa?, me perguntei. Custei a entender que se tratava de um prosaico "aliviado".

O prosônimo do bolo

Ainda perdida nessa nova diagramação do Globo — que, entre outras coisas estranhas, mistura letra com serifa e sem serifa de forma aparentemente aleatória —, não encontrei a matéria da antiga lanchonete Chaika, em que uma amiga e colega pescou a seguinte "pérola indigesta":

"As três receitas de bolo mais famosas, nos anos 60, eram de alcunha da mãe dele."

Caramba! Devo estar muito embotada hoje, porque, ao contrário do saudoso personagem Rolando Lero, não captei a mensagem — ou o sentido da "incrível frase da reportagem desaparecida" (gostaram do epíteto?). Será por isso que também ainda não consegui achar a coluna do Ancelmo Gois, ou meu jornal veio faltando pedaço?

Falando em pedaço, peço, por favor, que ninguém, em ocasião alguma, me sirva qualquer doce com "alcunha" da mãe de alguém. Prosônimo na receita deve desandar tudo e fazer um mal danado.

sábado, 28 de julho de 2012

Criatividade X pobreza vocabular

Comecei o dia assistindo a várias competições esportivas. Entre uma torcida e outra — e um canal e outro —, uma coisa se manteve inalterada: a constatação de que estamos falando mal a nossa língua.

O "de que" supracitado, por exemplo — assim como o "em que", o "com que" etc. —, desapareceu por completo do idioma. É tudo só "que" e pronto! Em compensação, o "onde" virou a muleta nossa de cada dia: é modalidade onde competimos, a emoção onde o atleta isso ou aquilo... Um despautério sem fim.

Porém, nem tudo está perdido. Terminadas as provas da ginástica masculina, decidi ver um "Sherlock Homes" da BBC, que havia gravado, e lá estava a maravilhosa criatividade nacional. O detetive diz "I'm on fire!" (significando "estou tinindo" ou "afiado") e a legenda traduz: "Eu sou imparável!"

Guimarães Rosa ficaria orgulhoso do neologista.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

¿Por qué no se callan? II

A República Federativa do Bobajal fez a festa na abertura das Olimpíadas 2012 — quer dizer, abertura pra nós, pobres mortais, porque, para o Galvão Bueno, este evento já era: o locutor fechou seu palavrório com esta preciosidade, insistindo em dizer que os Jogos de Londres já acabaram (?!?) e que agora só interessam as Olimpíadas no Brasil. Como dizem por aí, pirou geral!

Legenda: Muhammad Ali
Só para não encerrar, ao contrário do Galvão, além das amostras abaixo, tivemos (por parte dos narradores) definições sensacionais dos participantes da cerimônia. Marina Silva, por exemplo, virou a "defensora da fragilidade das florestas" — eu, ingenuamente, achava que ela defendia a preservação das ditas cujas; e Muhammad Ali, segundo o Galvão (mais uma vez), "é uma legenda, não é uma lenda por vivo estar". (sic) Jurava que uma coisa era sinônimo da outra, mas...

Melhor parar por aqui — e com a fala de outro profissional do SporTV: "Foi um espetáculo espetacular!" As próximas duas semanas prometem.

¿Por qué no se callan?

Gente, eu falo muito, mas não chego aos pés de comentarista esportivo! A turma do SporTV  (Galvão Bueno aí incluído, claro) não deixou o espectador ver sossegado a festa de abertura das Olimpíadas de Londres (não deu para ouvir, por exemplo, uma palavra do que leu a escritora J. K. Rowlings; um desrespeito só).

Como se não bastasse, a verborragia dá margem a um festival de besteira interminável. Pequenas amostras: transformaram o Kenneth Branagh em "Richard Branagh"; chamaram o  Rowan Atkinson de "Mr. Bean" no momento em que ele aparecia no telão (durante homenagem à TV) caracterizado como "The Black Adder" — recentemente aclamado pelos britânicos o melhor programa humorístico de todos os tempos —; e, last but not least, disseram (quando passavam cenas de antigos Jogos Olímpicos), que, "em 1948, George VI era o pai da Rainha Elizabeth" — ou seja, ele só "ocupou o cargo" até a data; depois, sei lá, pediu demissão.

Não vou nem comentar as piadinhas sem graça, repetidas à exaustão.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O milagre de Batman

Era para ser "Batman — O cavaleiro das trevas ressurge". Mas muito mais interessante que o ressurgimento de Bruce Wayne é o milagre da ressurreição dos pais do personagem de Joseph Gordon-Levitt (foto).

Afinal, diz a crítica do Globo:

"(...) o detetive John Blake é o ex-órfão que luta pelo bem, por acreditar no ser humano (...)."

O QUE EU QUERO É... SOSSEGO!

Campanha de utilidade pública


Afinal, ninguém merece ser duplamente torturado quando faz compras de supermercado, encara uma Casa & Vídeo ou Lojas Americanas, faz o checkup anual e outras coisas do gênero.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Tudo no mesmo saco

Pode ser jargão da PM ou o que for, mas não me conformo quando ouço (como agorinha no "RJ-TV" e depois no "Hoje" ) jornalista dizer que "a polícia apreendeu dois menores, (tantas) armas, (alguns quilos de) drogas" e assim por diante.

É muita objetificação pro meu gosto.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Parto interrompido

Gente, hoje a coisa está feia! Acabo de receber, diretamente de Santa Catarina, o e-mail de uma amiga e colega jornalista:

"^(...) O Globo publicou, na página 27, a seguinte pérola:

'Enquanto o atirador passava por sua primeira audiência, Katie Medley, de 21 anos, deu à luz seu primeiro filho. O marido dela, Caleb Medley, não teve a mesma sorte. Ele recebeu um tiro na cabeça'."

Muito apropriadamente, ela pergunta: "Será que o tiro o impediu de parir?"

Definitivamente, ou os repórteres não estão pensando antes de escrever, ou não há copidesques a postos na redação, ou ambos.

Humor acertado

Pipocam no Facebook as fotopotocas, com gracinhas atribuídas (em balões como os dos quadrinhos) a personagens da vida real ou da ficção. Hoje, por exemplo, inventaram um diálogo entre a personagem do momento de Adriana Esteves (foto) e Rita Lee.

Longe de mim pedir censura ao texto! O que a maioria precisa é de revisão.

Na "fala da Rita", ela mandava a outra "tomar no ...", com um baita erro de grafia. Pudico ou despudorado, quem estudou Português direitinho sabe que o dito cujo pode ter assento, mas não tem acento, como está na rede.

Regime dos infernos

Abri há pouco o Facebook, após um dia cansativo, e melhorei na hora. Estava lá, à minha espera, a mensagem de uma amiga, que me fez rir com a pérola pescada nos anúncios da citada rede:

 Perder Barriga
"Eu perdi 12 kg em 30 dias" Veja como esta famosa fez isso! Sem Dietas ou exercicio ardo
(sic)

Diz minha amiga: "Só se for no fogo do inferno!"

Bem, se fosse pra arder, podia ser algum tratamento à base de pimentas fortes ou algum método especial para queimar (literalmente) a gordura. Muito mais doloroso é o árduo trabalho de engolir tanta asneira todo dia.

domingo, 22 de julho de 2012

Experimente o modelo masculino

Dando uma folheada no jornal, enquanto aguardo minhas ilustres convidadas (mãe e irmã), bato o olho nesse título aí ao lado e pergunto: "Cadê a crase, poessoal?"

Se a atriz Julia Louis-Dreyfus, da antiga série, passasse a outra, ambientada no Brasil, não diríamos "De 'Seinfeld' ao Planalto"? Então, qual é a dificuldade de perceber que há uma preposição e um artigo aí?

Matérias cabeludas. E de peso!

Não há como não reclamar do "Brand New Journalism" que andam fazendo por aqui. Minha amiga e colega que vasculha o Globo Online atrás de informação encontra, em seu lugar, coisas como esta:

"Ex-mulher de Vagner Love
fala de quilinhos a
mais: 'É massa muscular'."

A falta de assunto está braba ou nossa imprensa virou uma imensa "Caras", em que "Tudo azul na vida de Fulano" rende páginas e páginas de coisa alguma? Cadê a notícia, pessoal? Cadê a relevãncia?

No mesmo veículo, no dia seguinte à chacina no cinema nos EUA, ela achou uma chamada discreta da tragédia, enquanto temas como o embate de personagens de alguma novela ou o aniversário da filhinha de uma subcelebridade qualquer ocupavam páginas e páginas do site dito jornalístico.

Já no "Encontro com Fátima Bernardes", que ainda não vi, minha amiga conta que os cuidados com os cabelos eram a pauta do dia, justamente na data da votação da cassação do senador Demóstenes Torres. Diz ela: "Depois de saber que Fiúk lava suas melenas com o xampu que encontrar no banheiro, a apresentadora disparou a pergunta para o jogador do Flamengo Léo Moura: 'E nos vestiários? Você e seus colegas trocam informações sobre os cremes que usam nos cabelos?'. O atleta sorriu e disse: 'Não, não.' Muita vergonha alheia..."

Ainda bem que eu perdi!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Copia, cola e... pira!

Iniciada a tarefa de jogar fora os jornais da semana (desta vez quase intocados, devido à quantidade de compromissos), bato o olho (sem trocadilho) num título esdrúxulo: "Terçol". Assim mesmo, pura e simplesmente, solto num quarto de página do jornal.

Não demorei uma fração de segundo para sacar que se tratava da seção de filmes do dia na TV do Globo, que, geralmente, afasta o leitor com sua obsessão pelo "copia e cola" de informações das Wikipédias da vida. Isso sem contar com a mania de seguir o caminho aberto pelo crítico Rogério Durst (que inovou na classificação dos gêneros cinematográficos), sem ter o menor talento ou traço de humor para isso.

Ou alguém acha graça nesse título ridículo para "anunciar" um filme chamado "Olhos azuis"? (e não me perguntem o que havia entre a inflamação do alto e a informação do pé do texto, por favor.)

Franco-atirador no Globo Online

Amiga jornalista manda por e-mail mais uma pérola do Globo Online, encontrada no pé da matéria do atirador do Colorado. "Suitando" o assunto, o repórter chegou à tragédia de Columbine e tascou a frase de efeito, para fechar o texto:

"O massacre chocou o mundo e é até hoje o quarto tiroteio mais mortal em escolas americanas."

Comentário sucinto da colega: "Quarto tiroteio mais mortal é dose, né?" Nada a acrescentar.

terça-feira, 17 de julho de 2012

No interior das mentes

Chegando da rua, encontro postagem do amigo Romildo Guerrante. Diz ele, no Facebook: "Não aguento esse negócio de dizer que alguém foi preso 'no interior do porta-malas'. Não consigo imaginar alguém preso no exterior do porta-malas. Hoje li no jornal que o preso foi morto 'no interior da carceragem'. Será que não tem ninguém pra explicar aos redatores que 'no' quer dizer 'dentro'?"

Podia fazer um esforço para acreditar que um bandido carregaria alguém como o estepe da foto acima, mas também não consigo.

Assino embaixo, Romildo. E sugiro que se faça uma pesquisa minuciosa no interior das cabecinhas dos colegas, bem como das aulas de Português que andam ministrando na República Federativa do Bobajal.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Braços cruzados. Quando?

O jornal "Hoje" chegou ao fim com a notícia de que empregados de determinado setor "cruzaram os braços em 24 horas".

Como assim? Acho que alguém confundiu as preposições ou os tempos verbais.

Será que eles queriam dizer "cruzaram os braços por 24 horas" (greve de um dia), ou "cruzarão os braços em 24 horas" (amanhã)?

domingo, 15 de julho de 2012

Lesa-assinatura

Está enchendo as medidas essa mania do Globo de interromper as notícias com um "saiba detalhes no site", "leia mais no blog da coluna" etc.

Quem assina o jornal tem direito à informação completa. É um absurdo sugerir uma ida ao computador para ler "os próximos capítulos" da história.

Os motivos para alguém continuar lendo jornal de papel podem ser vários. Entre eles, poupar a vista ao mesmo tempo em que relaxa no sofá da sala; vício cultivado por muitos anos; descanso temporário do instrumento de trabalho; e até mesmo a ausência de um computador em casa (acreditem, tem gente não plugada na internet por aí).

Eu, pelo menos, tenho vontade de cancelar minha assinatura toda vez que vejo a recomendação de deixar meu conforto e vir ao escritório — onde, é claro, em vez do Globo Online, abro meu blog para reclamar da ameaça a um dos meus hábitos diários, que costumava ser especialmente prazeroso num domingo chuvoso.

sábado, 14 de julho de 2012

Boas (e poéticas) lembranças

Nem só de erros vive este blog. Ontem, por exemplo, a leitura da coluna do Dapieve despertou boas lembranças. E nem tanto pelo Drummond, cuja obra admiro, mas com quem não convivi.

Fui tocada, especialmente, pela menção a outros dois poetas: João Cabral de Melo Neto e Cacaso.

Do primeiro, fiquei amiga depois de uma entrevista de várias horas agradabilíssimas. Passei a visitá-lo e levei o Chico (Nelson) para conhecer e tietar um de seu escritores favoritos — "O cão sem plumas" tinha sido um divisor de águas em sua vida.

O segundo era figura queridíssima e vizinho aqui de Copa. Passamos vários réveillons inesquecíveis na casa de "Casaco" — como leu no ar um locutor da rádio JB certa vez, ao dar os nomes dos autores de "Lero lero". A mesma música também levou o Chico a brincar com a letra, "cobrando" do amigo (grande em talento e generosidade, mas não em altura): "Estatura mediana, Casaco?!?"

Melhor parar. São muitas histórias, muitos plantões e muitas folgas (como a daquele fim de ano, interrompida pela triste notícia) desencadeadas pelas memórias do ex-foca Dapi.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Incongruência

O que há de errado na nota "Fila do café", que fala dos "chiques" que se amontoam na Garcia D'Ávila, com senhas na mão, e pagam cerca de 300 paus por um quilo de café e de 400 pelo de açúcar?

Resposta: nenhuma pessoa verdadeiramente elegante e de bom gosto se prestaria a esse papel. Pode "ter dinheiro", o que é outra história, mas desconhece o significado de "ser chique".

Troféu Framboesa de Ouro para a fila de bregas da Zona Sul e um PS — minha irmã percebeu outro descuido: a rua de Ipanema foi parar no Leblon.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Esse, nem antes do acordo

O pessoal do canal Warner precisa ficar esperto (assim como muita gente boa por aí). Na chamada da série "Two and a half men", aparece várias vezes o nome da praia onde moram os personagens, Malibu, com um baita acento na última sílaba.

Não tem. E não tinha antes do recente acordo ortográfico que nos impuseram.

O "u" só leva acento no fim da palavra quando está associado a outra vogal, como em Grajaú ou tuiuiú. No mais, só se for em nome artístico, por caprichos da numerologia ou sabe-se lá mais o quê.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Com a palavra, Fritz Uzeri

Hoje cedo espaço para o desabafo do veterano colega Fritz Utzeri (foto), que enviou a seguinte mensagem aos amigos e leitores do seu jornal eletrônico Montbläat (Mont, para os íntimos):

"(...) estou p... da vida pela desonestidade de O Globo, um jornal autocentrado — males do monopólio — que hoje em dia luta 'bravamente' contra a ditadura. Hoje (terça feira, 10 de junho), o jornal noticia a morte de D. Eugênio Salles. Entre outras coisas, sob o título: 'A discreta ação em defesa dos perseguidos pelas ditaduras', conta a história dos perseguidos políticos do Cone Sul que o Cardeal ajudou. Escreve O Globo: 'Essa história veio à tona numa série de reportagens do Globo, assinadas pelo jornalista José Casado em março de 2008.' Na ocasião, O Globo definiu a matéria como 'furo de reportagem'.
Ora, em 25 de maio de 2000 — quase oito anos antes — o JB publicou uma extensa reportagem minha, entrevistando D. Eugênio, na qual ele — pela primeira vez — contava tudo o que a matéria do Casado contaria depois. O título era: 'Rua da Glória 446, a esperança'. Lá se revelava que nada menos que 5 mil perseguidos políticos brasileiros, chilenos, argentinos e uruguaios foram ajudados por D. Eugênio, que mantinha no Rio uma rede de 80 apartamentos para dar refúgio a esses perseguidos enquanto não iam para o exterior. Nada tenho contra a matéria — aliás muito boa — do Globo, mas 'veio à tona' é um pouco demais.

O Mont estará de volta neste sábado. Confiram no site do JB quem 'trouxe à tona' a ação de D. Eugênio, com direito a primeira página da edição de 2000 e fac-símile da matéria. (...)"

domingo, 8 de julho de 2012

Português sustentável

Verde, ecologia, planeta limpo, combustíveis não poluentes... Temas como estes têm sido cada dia mais comuns na imprensa — e já não era sem tempo.

Que tal aproveitar o ensejo para limpar a Língua Portuguesa de um erro tão recorrente quanto?

Não existem painéis, motores ou quaisquer aparatos movidos ou alimentados a crase. Da mesma forma que não se diz (ou se escreve) máquina ao vapor (ou movida ao vapor, ao gás, ao óleo etc.), não há painéis à energia, seja ela solar, elétrica, eólica, ou  o que for, ao contrário do que se lê na revista dominical do Globo.

Fica aqui o apelo: evitem o desperdício e economizem não só água e energia, mas a crase também. O idioma agradece.

sábado, 7 de julho de 2012

Taxa não é preço?

Na economia, taxa é, em sua primeira acepção, "preço fixo regulamentado por convenção ou pelo uso". Pois, da mesma forma que o preço, ela não pode ser cara ou barata. Sua classificação deve ser alta ou baixa.

Então, colegas, antes de fazer títulos como este de hoje, publicado no Globo — "Taxa de juros cai, mas ainda é cara" —, pensem nela não como dinheiro, para evitar erros. Lembrem-se, por exemplo, da glicose ou do colesterol, cujos níveis — ou taxas — podem até ser elevados, mas não dispendiosos. Já os remédios para tratá-los são outra história.

Loja de festas? O que é isso?

Mal começa o "RJ-TV" e a apresentadora faz a "suíte" do incêndio de ontem na Aidan, em Copacabana, anunciando-a como uma "loja de festas".

Como assim? A loja vendia artigos para festas e também de papelaria e para casa. Devido aos bons preços, ela até podia "fazer a festa" dos moradores do bairro e adjacências, mas nunca soube de eventos festivos realizados dentro do apertado estabelecimento, do qual só restaram escombros.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Celibatária aos 16

Uma amiga, também jornalista e colaboradora do blog, encontrou hoje uma matéria no Globo Online em que o repórter afirma que sua entrevistada é "solteira convicta".

O espanto se dá na contextualização (para usar palavra da moda): a menina em questão, modelo em início de carreira, tem 16 anos e nenhuma convicção — ou, melhor dizendo, vocação para o celibato. Tanto que diz estar à espera de "um Príncipe Harry" só seu.

Detalhe: ela já desfilou para o neto da Rainha da Inglaterra e, de acordo com o colega, "foca aqui, foca acolá". Dá pra virar o disco e deixar o bendito foco nas mãos dos profissionais do fotojornalismo?

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Zero (também) em anatomia


Folheando agora a Revista da TV de ontem, encontro esta pérola ilustrada: "(...) Em foto no Twitter, a cantora (Ke$ha) mostrou o lábio superior tatuado (...)".

Dá para alguém explicar para o responsável pela coluna Tapete Vermelho que tudo o que é "superior" costuma ficar acima dos "inferiores"?

Até tu, prefeitura?


Vai de mal a pior o idioma da República Federativa do Bobajal.

Se nem a prefeitura do Rio acerta o uso da crase — e em anúncio (do projeto Porto Maravilha) gigante, de meia página, no maior jornal carioca —, é porque a coisa está feia mesmo!

Cadê a edição?

Gente, é inadmissível pôr no ar uma reportagem pré-gravada cheia de falhas. O "Hoje" tem um quadro com dicas de emprego que deveria ser mais um serviço prestado ao espectador. Mas o que se viu há pouco não foi nada informativo.

Num momento o entrevistado dizia que o curso para corretor tinha 80 horas de aula, depois dizia 800, depois voltava atrás. Além disso, nessa proifissão, "o salário é autônomo", ou seja, tem vida própria, um espanto!