domingo, 22 de setembro de 2013

Faxina mental



A autora deste blog vai se ausentar da internet um pouquinho, mas volta em breve.

Até lá, pessoal!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Riscos do telejornal informal

Falei ontem da praga do "morreu, feriu-se etc. DURANTE — ou APÓS — isso ou aquilo" e reparei que ela pegou mesmo no RJ-TV.

Essa outra moda de fazer telejornal informal, em que o bate-papo parece mais importante que a notícia, é terreno propício para a propagação do "vírus".

Em poucos minutos, ouvi um festival de "durantes", inclusive na reportagem que mostrava um menino se arriscando, de velocípede, em pista própria para carros.

Disse a apresentadora:

"(...) Ele tentou a manobra DURANTE algumas vezes."

Hein?!?

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O tempo da morte

Alguma coisa anda fora da ordem — ou da hora, quem sabe? — no "novíssimo jornalismo".

Preocupado com a relação dos colegas com o tempo, meu amigo e grande colaborador me enviou essas duas pérolas robustas, pescadas no site G1:

"Mulher fica ferida APÓS atropelamento na RJ-106, em Maricá, no RJ"
e
"Piloto morre APÓS queda de avião em Maricá, no litoral do RJ".

Pelo visto, o tempo está feiíssimo no simpático município fluminense.

E não me refiro a chuvas e trovoadas, mas a essa praga que faz pessoas se ferirem ou morrerem DEPOIS disso ou daquilo — ou DURANTE um capotamento ou outro evento qualquer, o que é igualmente ridículo.

Meu amigo reclama — e dou-lhe razão:

"No tempo do jornalismo mais crítico, dizíamos que alguém morreu (ou se feriu) 'no acidente' (ou 'em acidente'). Mas antes, durante, depois?!?"

Precisa dizer mais?

Inépcia adverbial

Ao contrário do que muita gente pensa, nem tudo o que é bom para os EUA é bom para o Brasil.

E se, no idioma que herdaram, eles não sabem muito bem para que serve o "where", não devemos copiar o mau exemplo e usar o nosso "onde" indiscriminadamente.

Veja a "ineptocracia" da foto.

É por aí, na imitação barata, que o pobre "onde", nos dizeres de um amigo, "foi transformado de advérbio de lugar em pau pra toda obra."

Foi esse amigo que leu hoje no Popular, jornal mais importante de Goiânia, que "Fulano vai passar por uma cirurgia ONDE será reconstruído (...)".

Nananinanão, pessoal! Cirurgia é um lugar? Então?

O "onde" cabe aqui, por exemplo: "(...) fará uma cirurgia no Hospital Tal, onde permanecerá (...)".

Ou aqui: "(...) está entrando no centro cirúrgico, onde terá o (sei-lá-o-quê) reconstruído."

Deu pra entender?

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Bobagens em profusão

O amigo sempre atento leu hoje, no jornal O Popular, de Goiânia, que a Câmara local vai "reduzir o excesso de vereadores".

Algumas dúvidas o assaltaram, todas muito pertinentes:

"Quer dizer que os vereadores vão continuar cometendo excessos? Ou que o número de vereadores vai diminuir, mas vai continuar excessivo?"

Outras hipóteses igualmente absurdas me passaram pela cabeça. Melhor deixá-las a cargo da imaginação do leitor.

domingo, 15 de setembro de 2013

Entre tropeços e gritinhos

Mais um domingo, mais uma leitura de jornal feita aos tropeços, tantas são as bobagens encontradas pelo caminho.

Começo pelas Cruzadas, em que uma "autoria" tem como resposta "anônimo", no masculino.

Tento a página de séries de TV e dou de cara com personagem "vivido DE Fulano de Tal" — é vivido "por", tá? —, inexplicáveis advérbios e conjunções que deveriam dar ideia de oposição, mas não encontram adversidade alguma pela frente... Ô trem! 

Não custa lembrar que "apesar", "embora", "mesmo assim" e muitas outras expressões só cabem na frase quando "contradizem" ou "desafiam" uma condição. Ex.: "Estava sem dinheiro. Contudo (Não obstante, ou...),
conseguiu se alimentar."

Adendo: sei que nós, mulheres, invadimos as redações. Nem por isso os suplementos dos jornais precisam abusar de listinhas e colunas que inflam os egos e a preguiça de apurar notícia, nem se encher de cor de rosa, frufrus e sianinhas — tem matérias em que quase dá para ouvir gritinhos histéricos ao fundo.

Menos, meninas, menos.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A pressa é inimiga da correção

O caso da brasileira que está em coma no Peru e a família não consegue trazer para cá porque a sua seguradora se recusa a pagar pelo traslado é grave e urgente.

Nem por isso os responsáveis pelo Blog do Ancelmo, no Globo, deviam ter deixado passar o texto que fecha a nota, reproduzido abaixo:

"A AXA Assistance pediu que a família desembolsasse mais de US$ 30 mil para trazê-la de volta.
Apesar de a família ter aceitado a proposta, o voo sairia por US$ 83 mil, o seguro cancelou o embarque.
"

Cadê o sentido? O que faz "o voo sairia por US$ 83 mil" no meio da frase?

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Teste antes de usar

Como é bom ter amigo antenado!

Estou aqui às voltas com tarefas as mais variadas e... eis que chega uma colaboração, para o blog não passar o dia sem novidade.

O título, encontrado na página 8 do Globo, já é de um mau gosto extremo pelo excesso de siglas. Precisavam ainda ter botado a "cereja no bolo"?

O que dizer desta crase?
"Na BA, MST invade Secretaria de Segurança e é recebido À bala".

Querido redator, experimente o modelo masculino antes de usar. Já ouviu falar de alguém ser recebido "AO tiro"?

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Esta nota é sobre isso e aquilo

Finalmente, mas não menos chata, temos a nova mania, de começar frases com "ESTA" ou "ESTE" sem associar o bendito pronome demonstrativo a uma foto, ou uma ideia já comentada, nada.

Em bom Português, quando o correto seria "esse" ou "essa".

Meu amigo reclama:

"O Ancelmo me irrita diariamente com a desinformação em relação ao uso dos pronomes demonstrativos. Com frequência, começa as notas com: 'Esta reunião (lá do Canadá...)'. Ou diz, como ontem: 'Dilma aproveitou esta reunião do G-20 (...)'. ESTA, cara-pálida?!?"
Um colega do jornal justificou, certa vez: "É uma gracinha dele."

Seria então uma espécie de Síndrome de Ibrahim Sued, que se achava o máximo falando errado?
O pior é que a praga se alastra. Também ontem, meu amigo leu no Globo uma carta de leitor que começava assim: "Esta nova linha do BRS entre Estácio (...)".

"O sujeito já tinha se referido a ela? Quando? Em carta anterior?", pergunta.

"Gracioso", não?

Movimento parado

Aproveitando que hoje estou inspirada e com tempo, comento outras coisas que ANDAM me incomodando — e também têm incomodado meu amigo.

Uma é justamente o festival de "andam paradas", "segue hospitalizado", "seguem paralisadas" etc. nos jornais.

Um pouquinho de atenção pode evitar essa junção de verbos que exprimem ação, ou continuação da ação, com outros que estão no extremo oposto, significando estagnação.

Se o trânsito está congestionado, se alguém permanece internado, preso a um leito de hospital, ou se alguma obra não vai pra frente — o que é comuníssimo por aqui —, evite associar a informação a verbos como "andar" e "seguir", OK?

Não é complicado, é?

O elo perdido

Na mesma reportagem citada em nota publicada no fim de semana (clique aqui para ler), um amigo encontrou outra "gracinha" que havia me escapado:

"Muitas pessoas tentaram que Freda escrevesse um livro (...)".

Indignado, ele pergunta:

"Que Português é esse? TENTARAM QUE ELA ESCREVESSE?!?"

Falta mesmo algo após o verbo "tentar": "tentaram fazer com que ela escrevesse", "tentaram convencê-la a escrever"...

O que não falta é solução.

Estranhas aves binoculares

Impagável a contribuição do amigo que leu hoje, no caderno Amanhã, do Globo, matéria a respeito de observação de pássaros, tema que ambos apreciamos.

Estava lá:

"Durante a caminhada, ela (a fotógrafa Fulana) observou, pela primeira vez na vida, aves com binóculos."

Comentário do amigo:

"Esse negócio de não gostar de escrever na ordem direta, o que empesteou os títulos, enchendo-os de vírgulas, criou, nesse caso aí, um fenômeno singular, que é a existência de pássaros equipados com binóculos."

Às gargalhadas, imaginando o susto da moça, procurei e encontrei um exemplar de "ave binocular" na internet. Que tal?

domingo, 8 de setembro de 2013

De tropeço em tropeço

Está difícil chegar ao fim do Globo de hoje.

A leitura não flui, pois a todo momento tropeço em regências equivocadas e me flagro pensando no que foi feito do ensino do Português nas escolas — melhor nem mencionar as faculdades de Comunicação, porque, no mundo ideal, as pessoas deviam chegar lá sabendo a própria língua.

É um tal de "Fulano RELEMBRA DE QUE", "é ótimo trabalhar com aquilo QUE GOSTAMOS" etc. etc. que a gente vai perdendo o gás a cada página.

Estimular o uso do dicionário na redação pode ser um primeiro passo para combater esse "efeito desanima-leitor".

sábado, 7 de setembro de 2013

Olha a regência aí, gente!

O que há de errado com a frase "Mas foi trabalhando com os Beatles que Freda passou a ter um contato e, claro, um carinho maior pelo quarteto"?

Não identificou?

Tire o "e, claro, o carinho" e veja o que sobra:

"(...) Freda passou a ter um CONTATO maior PELO quarteto".

Como diria meu pai, não confunda Carolina de Sá Leitão com caçarolinha de assar leitão: a gente tem "contato com" alguém e "carinho por" alguém.

Não dá pra misturar os dois, OK?

É... aí... então...

É muito chato acompanhar qualquer cobertura longa na Globo News.

Quem está no estúdio acha que tem que ficar falando o tempo todo — e não há como não ser repetitivo, dar pausa, voltar ao mesmo ponto etc.

Os repórteres de campo também não escapam dos vícios de linguagem.

Alguém fica no "" isso, "" aquilo; outro(a) não sai do "é...", "é..."; tem o(a) que repete "princípio de tumulto" sem parar; e por aí vamos.

Aliás, algum colega andou reclamando dessa nova moda de o "princípio" ser usado pra tudo.

Melhor deixar isso na Bíblia, onde "tudo começou" — só para citar outro vício feio que só.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A falta que ela faz

Será que estou muito exigente? Ou é mesmo estranha a falta da vírgula neste anúncio de meia página publicado hoje no Globo?


Afinal, trata-se de chamada para o novo programa de um jornalista (Fernando Gabeira), numa emissora de TV especializada em Jornalismo (a Globo News).

Aprendi que, em casos assim, a vírgula antes do "NEM" é necessária. Com os três itens citados acima, nem se fala!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Que tal pensar antes de escrever?

Ainda nem comecei a leitura do Globo de hoje, mas já tenho nota pra postar.
Foi enviada por um amigo, que a encontrou no jornal de ontem, nas páginas da Economia:

"Apesar de cara, brasileiro desperdiça luz."

Diz meu amigo:

"Falta coesão nesse texto. A frase correta ficaria ruim, mas seria assim, na voz passiva: 'Apesar de cara, luz é desperdiçada por brasileiro'."

Acho que há outras opções que não deixem um adjetivo feminino "concordando" com um substantivo masculino ao qual não corresponde: cara + brasileiro.

A luz é que é carae desperdiçada por aqui.

Vamos tentar também usar com cuidado um idioma que nos é caro e não merece ser desperdiçado por preguiça de pensar?

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Proteger quem?

Outra pérola de hoje está em chamada do Globo:

"CPI pede proteção A jornalista."

O amigo responsável pela "pescaria" pergunta, indignado (e com razão):

"Quer dizer que o jornalista é quem vai dar proteção à CPI?"

Os erros de regência se multiplicam e não nos cansamos de reclamar — e de apontar a direção correta aos colegas, que, entre coisas, parecem ter eliminado do mapa "em que", "de que" etc.

Gente, um pouco mais de atenção,por favor. Assim como nem sempre o "QUE" pode andar sozinho, "A" e "PARA" nem sempre têm a mesma função — o "DE", então, nem se fala!

Veja outro exemplo citado pelo meu amigo:

"Uma vez o JB deu assim: 'Presos assaltantes a banco'. Fui falar com o redator e ele: 'Tá certa a regência, é assalto a banco."

Precisa dizer mais?

Faça a festa corretamente

Como é bom abrir o computador e encontrar colaborações dos amigos — bem, a "contrapartida", como agora dizem a torto e a direito por aí, é que os profissionais das Letras continuam escrevendo mal.

Uma foi achada num baita título do site da Rio Ônibus:
"Acesso de veículos à Copacabana será interrompido às 22h na virada do ano."

Gente, o bairro não é "A" Copacabana. "A" Copacabana, para carioca, é a Avenida Nossa Senhora de... Copacabana, claro.

Com essa crase, parece que só vão fechar essa rua, não o bairro inteiro.

Espero que não me inventem crase antes de Ipanema também. Ou de Botafogo, São Conrado, Bangu e outros bairros que não levam artigo quando nos referimos a eles.

E vamos festejar EM Copacabana, SEM crase, tá?

domingo, 1 de setembro de 2013

Ai, meus acentos!

Já perdi a conta de quantas vezes falei do (des)acordo ortográfico que enlouquece a cabeça de quem sabia escrever Português — e promete pirar ainda mais a de quem não sabia muito bem.

Começo a ler o jornal de trás pra frente — como sói — e lá está, em destaque num subtítulo da editoria de Esportes:

"FIEIS", sem o bendito acento.

Vejam aí em cima como ficou essa mal contada história.