quinta-feira, 31 de março de 2011

Isso é que é chamar a atenção!

Mais um dia de rever jornais velhos, antes de entregá-los ao pintor para proteger a casa de respingos de tinta.

E eis que dou de cara com esta troca de letra que faz toda a diferença na nota do colega Ancelmo Gois, do dia 27, a respeito da profissão de lambe-lambe: “(...) Hoje, fico ali sozinho. Monto a máquina antiga só como chafariz (...)” (sic)

O fotógrafo português Bernardo Soares Lobo, de 84 anos, certamente disse “chamariz”, mas, do jeito que o “traduziram”, ainda acaba naquelas sessões de frases “engraçadas” da Revista da TV e da Revista do Globo, publicadas aos domingos.

Espaço para a literatura na TV

Programa ‘Umas palavras’ comemora dez anos no ar com cinco especiais

quarta-feira, 30 de março de 2011

Não pode, Globo Online!

Os responsáveis pelo Globo Online precisam ficar mais espertos.

Receber isto aqui pelo e-mail, vindo do "maior jornal do país", não dá. Vejam se tenho ou não razão:

"Presidente dis que Síria é alvo de conspiração internacional" (sic)

Obs: o negrito e o itálico são meus.

sábado, 26 de março de 2011

Tragédia que incomoda a vista

Dando aquela rápida conferida no que foi lido (ou não) antes de jogar fora os jornais da semana, meus olhos batem no titulão do alto da página de Ciência, do Globo de quarta-feira — "Tragédia ambiental no Atlântico" — e sinto o mal-estar habitual pelo que fazemos ao nosso planeta.

Lendo o subtítulo, porém, o incômodo foi outro — e a lástima foi pelo igualmente maltratado idioma. Lá estava a crase, bem grande, na frase: "Derrame de petróleo próximo à arquipélago isolado ameaça 20 mil pinguins" (sic). Pobres bichinhos... Pobre Português!

Quando o inexplicável acontece

Alguém pode me explicar por que o caderno Ela de hoje traduziu uma reportagem inteira do New York Times e deixou de fora a palavra backstage, destacada em itálico?

O que foi feito da coxia ou dos bastidores? Foram banidos do idioma pátrio juntamente com o trema?

Nas telas e nos livros, histórias para crianças podem ser coisa de gente grande » Opinião e Notícia

Quem se acostumou a ver e ler versões açucaradas dos clássicos infantis estranha quando nem tudo termina no “e viveram felizes para sempre”.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Dupla surpresa no 'Vídeo show'

A reportagem do programa girava em torno de uma personagem que só se interessa por homens ricos. De repente, a voz em “off” diz que a tal fulana “não surpreende a mais ninguém”.

Sobrou preposição, que não cabe neste caso. Ou a moça surpreende alguém, ou não surpreende ninguém — e ponto final.

Pouco depois, a mesma locutora diz que, de certo homem, a personagem “não abriria a mão”.

Mais um “a” entrou de gaiato na história, agora na forma de artigo. A expressão “abrir mão” (de alguma coisa ou de alguém) dispensa o dito cujo.

Se em vez de alpinista social a moça fosse uma notória avarenta, aí sim surpreenderia seus amigos (e o público) quando abrisse a mão.

'serrote', do IMS, traz premiado ensaísta inglês ao Brasil

Revista de ensaios cria prêmio e traz Geoff Dyer para palestras no Rio e em SP » Opinião e Notícia

Tem gente que não vê o que escreve

Acordo e encontro o recado da amiga: "Vai na página 9 do Globo e lê o anúncio gigante. Está lá: 'Tem gente que não está vendo aquilo que o crime organizado está de olho'. Cadê o em?"

Está mais do que certa a minha amiga! O correto é "aquilo em que o crime organizado está de olho". Mas as associações de bares, hotéis, restaurantes e padarias estão de olho é no próprio bolso e não veem aqulo que o bom Português pode oferecer.

Como se não bastasse, mais abaixo do titulão, tem texto. Nele, há uma frase enorme, que tira o fôlego do leitor mais que uma tragada profunda e diz que as propostas da Anvisa "inviabilizam a comunicação de cigarros".

Juro que me passou pela cabeça uma ideia sensacional: será que eles conversam entre si quando a gente não está olhando, como os brinquedos de "Toy story"?!?

sexta-feira, 18 de março de 2011

Campanha anti-higiênica


Gente, esta aqui não tem nada ver com o Português, mas com o brasileiro de forma geral.

De umas semanas pra cá, comecei a ler e ouvir matérias que recomendam evitar o banho ou, pelo menos, o uso diário do sabonete em todo o corpo (como no "Hoje" desta sexta-feira).

Alguém pode me explicar isso? É alguma campanha contra os fabricantes de sabonete ou contra a higiene mesmo?
Rola sujeira na política, nas ruas e em outros cantos do país.
Mas, corporalmenete falando, sempre tivemos fama de limpinhos...

Tatiana Blass: programa em SP

Na exposição de Tatiana Blass, o absurdo ganha proporção de realidade

terça-feira, 15 de março de 2011

Beach soccer?!?

Nas palavras cruzadas de hoje, no Globo, encontro: "Piso em que se disputa o 'beach soccer'."

Como diria o coleguinha Ancelmo Gois, beach soccer é a mãe!

Da série 'Não está errado, mas...'

Acabo de ouvir no RJ-TV que, no caso da troca de tiros que terminou em uma morte no Recreio, "o projétil foi arrecadado".

Está certo que um dos sentidos de arrecadar é recolher, mas, nos meus ouvidinhos recém-acordados, doeu. Além disso, trata-se da bala que matou o homem? Se houve um tiroteio, não deveriam "arrecadar" todos os "projéteis" da cena do crime?!?

Perguntar não ofende — e é dever do repórter...

Para quem fala O Globo?

Alguém pode me explicar o que vem a ser esta nota da Revista da TV do último domingo, dia 13?
Se a intenção era ser moderninho, mandou mal!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Um terremoto diferente na Record

Esta chegou há pouco e foi ouvida por outra amiga, também jornalista.

O telejornal "Record notícias" mostrava as cenas assustadoras do terremoto no Japão e o locutor fez o seguinte comentário: "As pessoas saíam correndo em 'pavorosa'."

"Não me admiro", brinca minha amiga. "Afinal, a tragédia foi mesmo 'polvorosa'!"

Concordo em gênero, número e grau. E ainda acrescento: essas pérolas são um refrigério em momentos como este.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O aeroporto móvel do SBT

Esta acaba de ser enviada por uma amiga que já rodou meio mundo, mas desconhecia o fenômeno anunciado hoje no Jornal do SBT.

Dizia a notícia: "(...) pegou a passageira no aeroporto de Recife, que tinha acabado de chegar da Suíça."

Comentário pra lá de pertinente da minha amiga: "Um espanto de viajado, esse aeroporto, não?"

Eu diria que mais internacional do que isso, impossível!

Chega de folia!

Cura para a ressaca: drama, espionagem e muita ação no Odeon

quarta-feira, 9 de março de 2011

Caquis e cacófatos


É chegada a curta temporada dos caquis, uma das minhas frutas favoritas. Coincidentemente, eles também pululam na imprensa, mas não na sua forma vermelha, carnuda, arredondada e saborosa.

Nos últimos dias, tem havido uma fartura de fulano "nunca quis" isso, sicrano "nunca quis" aquilo... No Segundo Caderno da terça-feira de carnaval, por exemplo, há uma fala de James Franco: "(...) nunca quis me bastar na exuberância tecnológica dos efeitos especiais dos filmes em que atuo."

É óbvio que quem cometeu o cacófato não foi o ator, que certamente deu a entrevista em inglês. Mais óbvio ainda é que anda fazendo falta a cadeira de Radiojornalismo no currículo dos coleguinhas.

Nas aulas de antanho, aprendíamos coisas como usar "jamais quis" e nunca dizer "a vez passada". Se ouvia a expressão, o professor logo perguntava se não preferíamos mosca frita.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Da série 'Não está errado, mas...'

Coluna do Ancelmo, ontem e hoje: duas notinhas ilustram como, com um pouquinho de atenção, o texto pode melhorar (e não confundir). Dado o desconto do carnaval, vamos a elas.


Nesta aí acima, intitulada "Mama África", vejam se não ficaria melhor dizer; "(...) Mbasogo, 69 anos, há 31 presidente de Guiné (...)"


Esta outra, nas mãos do leitor desatento destes dias de folia, vira coisa que deixaria o velho político ainda mais irado. Custava ter posto mais uma palavrinha para explicar que o que chateava Brizola era a versão de que ele havia fugido "vestido" de mulher? Faz toda a diferença... Ou não faz?

Filmes B

Produções menores voltam a ganhar espaço

O samba do tradutor doido.
Ou: de como a vaca desnaturada
foi pro brejo e acabou no quartel


Para os fãs dos desvarios diários da nossa TV, uma amiga colheu pérolas numa área de cultivo suspeitíssima. Ou terá ela ordenhado as tais pérolas de uma vaca louca?!?

A situação surreal deu-se num episódio de "Law & Order Los Angeles", em que bandidos dos EUA — um pessoal cheio de novidades, como se sabe — compraram quantidades industriais de um produto retirado do leite desnatado ("skimmed milk").

Muito mais imaginativa, a tradutora criou um "leite desnaturado" — "um leite mau, sem vocação materna", segundo a minha atenta e preocupada amiga.

Mas a série do Universal Channel não parou por aí. Como os bandidos pretendiam explodir o aeroporto de LA, não foram levados para uma prisão comum, mas para uma "military plantation", ou seja, uma instalação das forças armadas.

Eis, porém, que a tradutora criativa jogou os terroristas numa "plantação militar"! O promotor reclamou na corte, mas não houve jeito: a "plantação militar" continuou lá — e eu fiquei aqui dando tratos à bola, já vendo os bandidos sob a mira de soldados num terreno enorme, com pás e enxadas nas mãos, e tendo mil ideias a respeito do que seria cultivado ali.

Para quem trabalhou numa enciclopédia em que um dito tradutor de espanhol, no verbete de Cuba, saiu-se com uma "plantação de charutos", a imaginação vai longe...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Atropele, mas direitinho...


André Marques, apresentador do "Vídeo show", estreava hoje um quadro do programa em que ele atropelava Bruno de Luca, para depois mostrar o trabalho dos dublês em cenas perigosas.

Ao volante do carro, porém, o simpático ator acabou atropelando o Português, quando alertou o colega com um duplo "eu vou vim, eu vou vim".

Atenção, galera! Como na linguagem coloquial ninguém costuma falar "eu virei", anote no caderninho: use o infinitivo e diga "eu vou VIR". É uma boa forma de evitar riscos ao transitar pelo idioma.