sábado, 29 de junho de 2013

Que não se separem

Alguém sabe dizer se o tal (des)acordo ortográfico derrubou aquela regrinha básica que a gente aprendia na escola: o "que" atrai o "se"?

Pela leitura do Globo, às vezes acho que não existem mais as "partículas atrativas" — para dar um exemplo, ontem falaram de um ministro "que esbaldou-se" (sic) com rock.

Mesmo que elas tenham sido abolidas, recomendo que se pense na tirinha acima antes de separar uma dupla que há anos funciona muito bem.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Que prazer é esse?

Quase havia me esquecido que o último episódio da série "Bórgia", exibida pelo MAX, me esperava aqui, gravado.

Não abro mão da opção som original e legendas na programação, mas nem por isso deixo de notar as falhas nas traduções.

Como um "prazeirosas" que me apareceu na tela logo no início da trama.

Se dizemos (e escrevemos) "prazer" e não "prazeir", por que alguém acha que as coisas podem ficar mais prazerosas com "i"?

quinta-feira, 27 de junho de 2013

'Caras' faz escola

Amiga jornalista leu matéria a respeito da Shakira, que veio ao Brasil para torcer pelo namorado, jogador da seleção espanhola.

As informações acima encontram-se no título e no subtítulo do texto do site G1. Mas o "melhor" está no terceiro ou quarto parágrafo:

"O casal mora junto, constituindo união, e tem um filho, mas ainda não tem planos concretos para a cerimônia de casamento." (sic)

Esse "juridiquês" em meio a fatos tão "relevantes" (não ter planos é uma coisa pra lá de relevante, não é, não?) me levou a pegar emprestado este logotipo ao lado para ilustrar a nota.

O jornalismo estilo Caras se alastra...

Bicho estranho na crise

O que uma crase intrometida está fazendo neste subtítulo do Globo (com direito a repetição no corpo da matéria)?

"Enxugamento de liquidez pode levar mercados à nova onda de turbulência".

A onda já está acontecendo, por acaso?

Pelo que diz o texto, de cara, em trecho especialmente feioso, não:

"Os países europeus (...) podem estar diante de protagonizar mais um capítulo de sua longa novela de crise das dívidas soberanas."

Isso, claro, pode "levar a" um tsunami, "a" nova onda de turbulência, enfim, "a" uma crise — mas sem crase!

Opinião polida é isso aí

Vendo um episódio de "Mad men" que tinha programado pra gravar, ouço o protagonista falar, em Inglês, que, se quisesse uma opinião abalizada a respeito de...

Foi aí que li "opinião educada" na tela e voltei a gravação, pra conferir.

Besteira confirmada, fiquei aqui pensando: será que mandaram a Opinião para bons colégios e lhe ensinaram bons modos em casa?

Como é que ninguém percebeu que a frase não faz o menor sentido em Português?

Será que a empresa responsável pelas legendas da HBO está usando o tradutor do Google?

Minha "conjetura educada" (ou seja, "my educated guess", vulgo "palpite") é que anda faltando aula de Língua Portuguesa na educação desse povo.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ofertas não confiáveis

Atento, um amigo jornalista pegou este título no Dia online (no qual também encontrei a foto ao lado):

"Chove ofertas para a formação de novos padeiros".

Na República Federativa do Bobajal, chove chuva, chove sem parar — e eu vou fazer uma prece pro povo acertar a concordância. 

Então, todos poderão dizer que nesta terra chovem empregos, chovem boas escolas e bons hospitais públicos, chovem políticos honestos etc. etc. etc., com o verbo conjugado direitinho.

domingo, 23 de junho de 2013

Tenha santa paciência!

Uma amiga jornalista postou a página aí ao lado no Facebook.

Veio outro, também colega de profissão, e comentou: "Meus sais! Isso é um caso para a Solange Noronha!" 

Pois aqui está, reproduzida do Valor Econômico de quinta-feira. 

Podiam ter economizado letra, não?

De onde vem Harry Louis?

Começo a ler a entrevista com Harry Louis, no Globo

De cara, o que me impressiona não é a beleza do rapaz, ou seu namoro com o Marc Jacobs, ou os filmes pornô e os chocolates que faz.

Quero saber detalhes é do lugar onde ele nasceu!

Está lá que foi "numa cidade de Bambuí, em Minas Gerais".

Já pesquisei até na internet, mas ainda não descobri quantos (e quais) municípios há dentro da pequeníssima Bambuí.

sábado, 22 de junho de 2013

A morte e a morte de Gandolfini

Estava no Globo de ontem, mas eu só vislumbrei hoje, antes de jogar fora o jornal.

Num réquiem para James Gandolfini, do qual só li um trechinho, lá estava o pleonasmo "desfecho final".

Precisava?

Pessoal, "desfecho" já é "a parte final de uma obra literária ou teatral, quando a trama é solucionada; catástase, desenlace, epílogo; resultado, conclusão", OK? Só o da "Família Soprano" parece que não aconteceu.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O que foi que eles beberam?

Hoje, o delírio (já habitual) na página 8 do Segundo Caderno subiu a níveis nunca dantes alcançados.

Claro que a coisa começou pelo lugar de sempre, os filmes do dia na TV, com “o samba do berbigão doido”!  

Sim! Acredite! Até o molusco europeu, também conhecido como vôngole, foi parar (sabe-se lá como!) em Santa Catarina, numa trama que mal é mencionada no texto em questão (ou seja, o que interessa mesmo, babau, seu Nicolau, vá ler em outro jornal! Mas qual?!?).

Logo acima, os representantes de categorias profissionais que levam esdrúxulas reivindicações a autores de novelas foram comparadas a... mafiosos! Sim, porque nenhum se apresentou pra reclamar do seriado norte-americano “Família Soprano”, entendeu? Pois é. Imagino que também nenhum assassino em série tenha chiado com os criadores de “Dexter”, “Hannibal” etc. etc.   

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pra que tanta 'feminilidade'?

A preguiça é imensa, mas a classificação "chilena-brasileira" da TAM, na coluna do Ancelmo, me fez entrar no blog.

Afinal, se dizemos afro-americana, latino-americanas, anglo-brasileiras, indo-europeia, ítalo-brasileira etc., concordando apenas a segunda parte da palavra, por que haveria de ser diferente com a companhia aérea?

Será aquela praga de que tanto reclama o João Ubaldo, nesses tempos de presidenta que só falta criar saudação aos "povos e povas deste país"? 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Morte mais que precisa

Um amigo jornalista leu em título do Globo que um índio de Mato Grosso do Sul foi morto "após" uma emboscada. Embatucou.

"Fiquei imaginando: que cara azarado! Escapou da emboscada e foi morto em seguida!"

No corpo da matéria, porém, a informação estava correta: o índio morreu "na" emboscada. Por que o redator ou editor criou a besteira, permanecerá um mistério.

Tão insondável como outras publicadas no jornal: a informação de que uma pessoa morreu "durante" o capotamento de um carro, de que outra morreu "depois de" receber três tiros... 

Perguntas para a redação:
Caso 1 — em que exato momento da capotagem o cara morreu?
Caso 2 — vocês têm certeza absoluta de que o cidadão não estava morto "antes" dos tiros?

Desculpem a gozação. É só pra aliviar "após" os excessos na República Federativa do Bobajal.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Idade em suaves prestações

O amigo reclama, com razão:

"Não aguento mais esse negócio de dizerem que 'Fulano tinha apenas 2 anos, ou apenas 18 anos'. Relativizar as idades a cada passo é bobeira total. Dia desses saiu no jornal que 'uma criança de apenas 1 ano' estava num acidente. Pra que isso, me explica?"

Não sei, mas arrisco um palpite: deve ter a ver com o nosso trauma de inflação.

Ficamos tão acostumados a ouvir "tomate por APENAS tantos reais", "geladeira por APENAS R$ XXXX, em 200 prestações", que saímos distribuindo a fórmula pra todo lado.

Eu, por exemplo, estou com APENAS 59 anos. A oferta vai só até o dia 16 de outubro!

Praga à vista

Aguardem a nova praga: "sneakers"!

É o que sempre chamamos de "tênis", mas já tem comercial na TV anunciando o calçado como ele é conhecido lá fora.

Alguém duvida de que muita gente vai começar a achar mais chique comprar a "novidade"?

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Ordem no Correio


Um amigo postou no Facebook matéria do Correio Braziliense, com o título:

"Justiça decide manter pinturas em muro de escola que criticam o governo"

Gente, cuidado para não dar um nó na informação.

A ordem tinha que ser "(...) manter em muro de escola pinturas que criticam o governo". Vai dizer que não fica mais fácil pra entender?

domingo, 9 de junho de 2013

Não inventa, doutora!

Ah! Eu não acredito que perdi o "processo NEGOCIAL" que a doutora Dilma prefere usar com os índios!

Vi agora, nas "Frases da semana" do Globo.

Com esta, só dando um intervalo. Entrei em processo "absorbicional" e "digestal".

E viva a República Federativa do Bobajal!

Sem apêndice, por favor

Leia este subtítulo da página 10 do Globo:

"Em todo o país, famílias aguardam por meses para identificar e sepultar seus parentes".

Agora, me explica: o que a preposição "POR" está fazendo aí?

É só pra esticar a frase e não dar buraco na página ou é mais um horroroso modismo que vem por aí? Aguardemos.

Ao sr. prefeito do Rio

Esta nota não tem nada a ver com o idioma da República Federativa do Bobajal, mas com seus governantes e os serviços que deveriam prestar aos cidadãos.

A pergunta para o sr. prefeito é: o IPTU serve pra quê?

Pra Comlurb não deixar ninguém dormir na manhã de domingo?

Horas e horas de barulheira insuportável provocam efeito dominó: as crianças despertam irritadas e vão fazer birra no play; as mães, ainda mais iradas, berram com os filhos; o vizinho de cima descarrega a raiva nos teclados e pedais do seu piano...

Pra consertar esgoto eu sei que o IPTU não serve, pois há 30 anos qualquer chuvisco provoca um vazamento fedorento na Henrique Oswald, quase em frente à cabine da PM (e quem vai perder uma fonte interminável de renda, se pode colar com cuspe e voltar pra ganhar mais um troco na semana seguinte?).

Vá perturbar o sono e a folga da sua família, por favor.

Efeito Comlurb

Já irada por ter passado a manhã de domingo ouvindo uma barulhada dos infernos promovida pela Comlurb, começo a fuçar os posts mais recentes do Facebook, em busca de uma paisagem relaxante, uma frase feita divertida...

Pois o que encontro é mais um exemplar do péssimo Português praticado na internet e alhures:

"Vale muito apena ler"!!!

Será uma cruza de "apenas" com "a pena"?
Passar um corretor de texto antes de criar esses monstrengos com letras garrafais sobre uma imagem leva APENAS um segundo!

Garanto que VALE A PENA!

Suspense com pequenos tropeços

Até que não estava mal "A casa no fim da rua", na HBO, com alguns momentos de bom suspense e — o que anda raro no gênero — um roteiro com início, meio e fim.

Nas legendas, só dois "sustos": "Queria agradecê-las" e "que separou-se".
Gente, o (des)acordo no idioma da República Federativa do Bobajal foi só ortográfico, tá? 

Continuamos agradecendo-lhes (ou "a elas", no caso da cena do filme) e "o que atrai o se", como dizíamos na escola. Ou seja, o casal pode ter se separado, mas o "que" e o "se" vão muito bem juntinhos — e não queremos que se distanciem.

sábado, 8 de junho de 2013

Nada apropriado

Dando uma rápida folheada nos jornais da semana, que mal tive tempo de ler, bato o olho num estranho título do Globo de ontem:

"Jovem de 17 anos mata própria mãe com ajuda do namorado". (sic)

Estou muito exigente ou essa "mata própria" ficou mesmo esquisita?

Em primeiro lugar, "própria" está sobrando na frase. E, sem um artigo na frente, passou de tapa-buraco a... sei lá, um trambolho sem sentido.

Palavras ao vento


Desculpem a ignorância, mas... o que é o "evento sustentável" em que hoje se apresenta um "rapper-muso"?

Juro que não delirei essas coisas.

Elas estão (sem aspas, itálico ou qualquer explicação) numa nota da coluna Gente Boa.

De volta ao Coliseu

A rapidez com que uma moda vira praga é impressionante!

Estava na cozinha, coando um café na minha mineiríssima cafeteira, quando escuto a Sandra (de) Sá dizer, no RJ-TV, que a lona em que ela fazia shows vai virar... ARENA, claro, o que mais podia ser?

Só espero que, para as apresentações no novo espaço, ela contrate uns belos gladiadores.

E que não sejam muito musculosos, tá? Porque eu não aguento outras pragas do momento, como MMA, gente bombada etc. etc. etc.

Desde já, agradeço.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Em sonhos, talvez

Volta e meia eles reaparecem: os benditos "fatos reais" — ai, ai, ai, ai, ai!

Hoje, a pleonástica expressão foi flagrada por um amigo na primeira página do Globo (anda feia a coisa na área, não?), em chamada de matéria do Segundo Caderno (por acaso, texto de outro amigo que não costuma dar essas escorregadas).

O atento colaborador quer saber se alguém acredita em "fatos ficcionais"

Provas arrecadadas?!?

Está chato o "RJ-TV"! 

No insuportável "papo policial" (que costuma ocupar boa parte do noticiário), é um festival de jargão que chega a embrulhar o estômago.

Hoje, aprendi mais um: "arrecadar provas de um crime".

Não que esteja exatamente errado, mas o uso do verbo dessa forma é, no mínimo, incomum.

Procure-o, por exemplo, no verbete do Houaiss e, depois, me diga se encontrou:

1 t.d. ter ou guardar em segurança <arrecadou as pedras preciosas para evitar possíveis roubos> 2 t.d. fazer cobrança de; receber, recolher <o departamento arrecada as taxas> 3 t.d. tomar posse de <por sorte, arrecadou uma herança> 4 t.d. receber em pagamento <arrecada um bom salário> 5 t.d. reunir (objetos semelhantes); juntar, coligir <arrecadava moedas de valor no fundo da mala> 6 t.d. (sXIII) manter preso, contido, fixo; segurar, agarrar <ele arrecadou o braço da criança> 7 t.d.int. conseguir, alcançar, obter (o que se deseja, esp. riquezas) <arrecadou uma fortuna no jogo> <depois de muito penar, arrecadou bastante>

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A cidade perdida


Ah, a bendita ordem dos fatores...

No idioma da República Federativa do Bobajal, está mais do que provado que ela pode fazer grandes estragos.

Hoje temos belo exemplar na seção Filmes de Hoje do Globo, cujo destaque é o iraniano "A separação".

"O ponto de partida", diz lá, "é o divórcio entre a professora (Fulana) e o bancário (Beltrano), de Teerã. Este recusa-se a mudar para o exterior (...)".

Alguém pensou em levar o município inteiro para outro país, por acaso?