sábado, 30 de maio de 2015

Rindo pra não chorar com 'O Globo'

Foi ver o ótimo Cacá Carvalho em monólogo baseado na obra de Dostoiévski? Chegou em casa meditabundo, filosofando sobre a vida?

Faça como eu, que segui o conselho do atento amigo: leia a matéria da página 19 do Globo.

O título já informa que se trata de um assalto "com tiro".

E lá pras tantas, o escriba, como ironiza o amigo, ainda me sai com essa:

"(...) Na fuga, os bandidos dispararam um tiro para o alto com a intenção de amedrontar a população, após um funcionário da unidade de ensino correr atrás do carro".

Não dá pra ficar sério com o estilo "redação (do primeiro ano) escolar", dá?

Paixão que provoca desvio

Foto de Marcos Santos
A paixão desenfreada pela preposição "SOBRE" continua a infestar textos do Globo.

O que vem a ser esta frase horrorosa (nota "No mais", do Ancelmo):

"(...) fez economistas se dividirem SOBRE SE já podemos falar (...)".

Sim, já podemos falar mal do "SOBRE SE", não sem antes recomendar uma visita urgente ao verbete "DIVIDIR", no dicionário, para os colegas aprenderem a regência do verbo.

Faça o diagnóstico correto

Alô, pessoal do Segundo Caderno e adjacências!

Uma grande amiga, veterana jornalista e casada com médico informa (e não é a primeira vez): DIAGNOSTICA-SE A DOENÇA, não o paciente.

Ou seja, está errado dizer que a protagonista da nota "Mulher contra o preconceito" foi "diagnosticada com a síndrome do (...)", OK?

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Um erro, dois erros, três erros...

O crítico escreveu tudo direitinho, mas quem fez a legenda do filme "Amuleto", no Rio Show, tascou uma crase onde não devia:

"(Fulana) sobrevive à ataque". Ui!

E nem só de crase antes de palavra masculina sofre o suplemento. A assídua colaboradora encontrou mais um "primor" no caderno:

"Ionesco (...) faz pensar em nós, (...) em nossa existência como ser humano".

"Enquanto ser humano", peço, encarecidamente, que melhorem o nível do Português no jornal — incluindo umas aulinhas de pronome demonstrativo pros colegas da coluna do Ancelmo ("NESTA máfia da Fifa", por exemplo, só se ela estivesse ali, dentro da página).

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Com vocês, Los Ângulos!



A assídua colaboradora viu a besteira na revista Claudia de maio e mandou pra mim.

Estou na maior dúvida: os colegas criaram uma novíssima figura geométrica ou lançaram uma banda, Los Ângulos?

terça-feira, 26 de maio de 2015

Hortelino Trocaletra, come letra...


Um amigo me enviou esse exemplo de desatenção dos colegas — e, o que é pior, num suplemento semanal, feito sem a pressa dos cadernos diários.

Num só "titulinho" (aí na imagem), trocaram a posição das letras na sigla e comeram outra logo abaixo.

Mais cuidado, pessoal!

Notícias do novíssimo jornalismo

O título já é um espanto, com informação absolutamente imbecil de quem se espera alguma declaração técnica:

"‘Angélica começou a chorar, achando que ia morrer’, diz piloto".

Confesso que não entendo a Escola Caras de Jornalismo, que considera relevante qualquer bobagem, desde que envolva celebridade (notícia, pra mim, é o acidente, mas acho que estou completamente ultrapassada na profissão).

O festival de besteira continua com "concordâncias lindas", tais como:

"A bordo ESTAVA Angélica e Luciano Huck, os três filhos deles, duas babás e o copiloto."

A assídua colaboradora mandou bem mais cedo, mas eu estava brigando com uns arquivos infectados do computador. Perdi até o ânimo de ir mais adiante na leitura desse trem. Clique aqui se você tem estômago pra isso.

domingo, 24 de maio de 2015

A faca não foi atacada

Chamada de capa do Globo de ontem traz, no título, "ataques à faca", com baita crase.

Os caros colegas já viram filme açougue ("slasher", no idioma de sua preferência)?

São aqueles cujo único "suspense" é adivinhar qual será a próxima arma usada no festival de sangue cenográfico.

E tome de ataque A foice, A machado, A forcado, A machetadas...

Viram alguma crase aí?

sábado, 23 de maio de 2015

Profissão morre antes ou depois?

Caros colegas jornalistas, vamos parar com a papagaiada?

Por que a insistência em escrever coisas feias e absolutamente desnecessárias como "pessoas são esfaqueadas DURANTE ataques", ou "(Fulano) morreu APÓS ser assaltado"?

Quando foi que ficamos tão infantiloides e sem imaginação?

Se a diagramação pede título e subtítulo gigantescos, tentem ser criativos e dar alguma informação relevante no espaço, por favor.

Como se dizia, o leitor agradece penhoradamente.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Ridículo ao extremo

O Globo de ontem estava "lindo", hein?

O atento amigo leu na página 13:

"(...) a passagem subterrânea onde a jovem foi atacada é extremamente perigosa. (...) vai solicitar policiamento 24 horas para o local que é extremamente utilizado (...)".

Ô trem extremamente mal escrito, sô!

E o que dizer da manchete de capa que trazia "(...) com 50% do corpo queimados no acidente (...)"?

Até perguntei pro amigo se estava errada ao estranhar a concordância, mas ele confirmou:

"O partitivo, o que decide a concordância, não é o percentual. Você dizer que 80% da humanidade são negros é uma bobagem. Não se pode fraturar a humanidade em unidades de acordo com o percentual. Então, 80% da humanidade É assim ou assado."

Entenderam, colegas?

Não basta a notícia ruim?


As notícias são chocantes; o Português, idem.
"Dentro" da praça é forte, né? (clique pra ler)
Só faltou o "antes" disso, "após" aquilo. Blargh!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Quem não resiste sou eu...

Não consegui ler jornal nos últimos dias, mas o atento amigo está pondo a leitura em dia e mandando pérolas gigantescas pra mim.

Vejam só esta, do Globo de sábado (página 21):

"(o padre) foi atropelado ontem de manhã, mas não resistiu aos ferimentos (...)".

O amigo comenta:

"Quer dizer: foi em vão a tentativa de salvá-lo via atropelamento?"

E tem mais, ele me conta:

"A polícia vai requisitar as imagens das câmaras da área para 'tentar identificar o momento do atropelamento'. É o tal de saber se foi antes, durante, após..."

Preciso dizer mais?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

De tanto a tanto, entre um e outro

Mais de 1 milhão de pessoas viram os Rolling
Stones na praia de Copacabana
O atento amigo pegou essa ontem, no subtítulo da capa do Segundo Caderno do Globo:

"(...) entrevistas de músicos brasileiros feitas entre 1965 a 71 (...)".

Assim não dá, colegas.

Ou bem eles foram entrevistados DE 65 A 71, ou ENTRE 65 E 71. Misturar alhos com bugalhos é que não pode.

Aproveitando que falei em números, meu amigo já perdeu a paciência com o pessoal da CBN, que inventou de dizer coisa como "mais de 215", "cerca de 42"... "Mais", "cerca", "em torno de" etc. são usados com valores redondinhos, OK?

Assim: "mais de mil jornalistas compareceram às aulas de Português", "cerca de cem pessoas escreveram direitinho"... e por aí vamos.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Não mexe que piora

Eu não li, mas o atento amigo viu, ontem, o tolo esclarecimento do caderno Zona Sul para o "eXclarecer" da outra semana:

"Por falha de revisão, em subtítulo da capa da edição passada, o verbo 'esclarecer' foi publicado escrito com o X do verbo 'explicar', durante uma troca de palavras. Pedimos desculpas."

Com razão, o amigo reclama de jogarem a culpa no revisor (o jornal ainda tem?!?) e comenta:

"A responsabilidade é do redator, talvez da editora, que está tirando o dela da reta. E essa de que o X veio do verbo 'explicar' é de doer! Não poderia ter vindo do X do verbo 'examinar', do verbo 'enxotar' etc. etc.? Durante uma troca de palavras?!? Olha a praga do 'antes, durante, após' aí. Constante. E como tem vírgula boba nesse texto."

Como diria o incansável detetive Aranha, encarnado pelo Bolinha, "pior a amêndoa do que a sineta".

Por que não puseram só o vídeo?

B.B. King por Bruno Liberati

Este blog homenageia o grande B.B. King, com o depoimento do Eric Clapton.

Mas o pessoal do G1 tem que aprender a regência correta de "AGRADECER" antes de postar matéria, tá bom?

"Agradecê-lo" é a... (clique aqui para o ver o vídeo. A leitura do texto é por sua conta e risco.)

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mania de inventar moda

O atento amigo gosta de viajar e não se conforma com a nova moda dos profissionais da aviação (sim, não são só jornalistas que inventam "gracinhas").

Ele pergunta, com razão:

"Quando o avião está pousado, os comissários de bordo dizem que 'a aeronave se encontra EM SOLO'? Por que, quando decolam, não dizem que 'a aeronave se encontra EM AR'?" Pois é...

A gravidade da coisa


Informação segura, que não deixa margem pra dúvida, é essa aí da imagem, copiada do Globo e enviada pelo amigo que também me conta:

"Hoje cedo ouvi na CBN (DF) que aconteceu um acidente de carro nas imediações da minha casa, mas não houve 'feridos com gravidades' (sic)."

É grave a situação do Português, viu?

sábado, 9 de maio de 2015

Redação pueril

Com a leitura dos jornais atrasadíssima, recebo ajuda do atento amigo, que pegou um festival de bobagem no Globo de sexta-feira.

Como ele diz, a matéria do acidente com uma barca no Cocotá, "parece ter sido escrita por duas crianças, gente nova que já está emburacando nos eufemismos idiotas".

Seguem alguns trechos do tatibitate:

"(...) bateu na plataforma da estação ao tentar realizar a atracação (...)"

"Devido ao acidente, os passageiros não puderam desembarcar. (...) Por causa do acidente, a linha (...) não funcionará hoje".

"(...) alguns passageiros chegaram a mergulhar para acessar a estação, enquanto outros, por medida de segurança, colocaram o colete salva-vidas".

"(...) houve distribuição do cartão Siga Viagem que permite utilizar qualquer outro modal de transporte (...)"

"A Agetransp abriu boletim de ocorrência para apurar (...)".

Tem mais, viu, pessoal? Mas eu já entalei com "REALIZAR atracação","COLOCAR colete", "ACESSAR estação", "UTILIZAR MODAL"...

Por que o medo de "FAZER", "PÔR", "BOTAR", "CHEGAR", "USAR"...?!?

O único mérito é não terem trocado a "CAUSA" pela "CONTA". É pouco.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

E o jornalismo, ó...

Hoje foi um dos cinco dias do ano em que vou a salão e... folheio Caras!

Gente, aquilo é um espanto.

Não consigo me acostumar com a absoluta falta de notícia em que filho é "herdeiro" (e não estamos falando da princesa Charlotte); namorada(o), marido ou mulher é "a(o) eleita(o)"; doenças podem "levar a óbito" (ui!) e outros horrores.

E a gente pensa que vai sair do cabeleireiro bonita e relaxada...

Apertem os cintos. O editor sumiu


Cheguei e encontrei mensagem da assídua colaboradora, que achou essa coisa aí no Globo online.

A cada vez que a gente bate o olho, encontra uma falha.

Ela pergunta: "Existe isso, 'CAIR ABAIXO' de alguma coisa?"

E eu: "Onde foi parar a preposição em 'volta A cair'?"

O nível do Português está abaixo do aceitável no jornal.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Esclarece direitinho, 'Globo'

Nem abri o meu jornal e já encontrei várias marcações no Facebook, chamando minha atenção pra esse horror na capa do Zona Sul de hoje.

Obrigada, amigos e colaboradores! É um presente!

Para O Globo, que ontem ainda me mandou comunicado de aumento na mensalidade, aviso que dispenso a homenagem ao Dia das Mães e que não preciso de ESCLARECIMENTOS de quem não sabe escrever.

Esse "X" aí é difícil de engolir!

terça-feira, 5 de maio de 2015

Uma alteração muda tudo


Falei em jornal de domingo e me lembrei de uma coisa horrorosa que vi no Morar Bem, um dos cadernos terceirizados do Globo.

Matéria de capa, subtítulo:

"Alterações na lei e orçamento, mudam perfil e eles passam a estudar mais".

Não basta ser feia?

A frase tinha que ter uma vírgula separando o sujeito do verbo?

Introdução ao Português

O atento amigo leu hoje a Folha de domingo e encontrou, no caderno Ilustríssima, um artigo do guitarrista Lee Ritenour ("O festival que deu em Festival"), traduzido por preguiçoso.

Diz lá:

"(...) quando, aos 19 anos, fui INTRODUZIDO pelo violonista Oscar Castro Neves a Dorival Caymmy e Tom Jobim (...)".

Gente, isso é quase pornográfico — e, em bom Português, somos APRESENTADOS a pessoas que não conhecemos.

domingo, 3 de maio de 2015

Português de outro mundo

Alguém me explica de onde Gente Boba tira umas regências mirabolantes, a maioria com o uso (obviamente errôneo) do "SOBRE"?

Hoje, informam que um ator "já tinha estudado SOBRE o estilo" do grande Peter Brook.
Há necessidade disso?!

Olha o pleonasmo aí, gente!

Além do título de Campeão da Crase Errada, o Globo está merecendo o de Rei da Tautologia.

Por e-mail, o atento amigo me enviou ontem esta "gracinha":

"O primeiro ENTRECHOQUE ENTRE os dois (...)".

O excesso de "entres" foi encontrado entre uma nota e outra de uma coluna política do jornal, que também adora "fatos reais", "contracenar junto" e outras bobagens do gênero.

'O Globo' a caminho... do quê?


O Globo bem que merecia paródia (de mau gosto) do velho slogan do Gelol: não basta escrever mal, tem que repetir o erro à exaustão.

Depois do "sobreviver À doença grave" (duas notas abaixo), veja só a crase (erradíssima!) em titulaço, enviado pela assídua colaboradora.

Vergonha, viu? E tristeza, porque amo a minha língua.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Em texto do governo, é dose!

O amigo acaba de postar mais um triste exemplo de contaminação do telemarketinguês, doença geralmente transmitida pelo canal do ouvido ou pelo manuseio de textos mal traduzidos do Inglês.

O pior de tudo é ler um trem desses num comunicado do governo — que devia ter contratado alguém que entende de Português pra escrever o texto.

Quem cometeu essa coisa aí, que inclui um "poderá estar solicitando" (socorro!) e "sus" em minúsculas, não sabe nem a diferença entre "site" e "portal".

Aviso: o cidadão não precisa entrar na página pra ter ideia do horror; basta ler a primeira frase.

É esta:

"Através do site Portal de Saúde do Cidadão, qualquer usuário poderá estar solicitando um pré-cadastro para agilizar o processo de emissão do cartão sus".

Se quiser continuar lendo bobagem, clique aqui.

No tempo certo


Fui ler aquela pequena entrevista que agora tem todo dia na página 2 do Globo e não entendi a inadequada escolha do futuro do pretérito logo na primeira resposta:

"Talvez até DEVERIA haver porque tudo está mudando". (sic, com destaque meu.)

Entendi menos ainda quando cheguei à última, em que o repórter/tradutor cravou, bonitinho, o pretérito imperfeito — tempo verbal que, apesar do nome, é mais que perfeito quando se usa o "talvez":

"Talvez eu DEVESSE dizer (...)".

Sentiu a diferença?