domingo, 28 de outubro de 2012

Estranho instrumento


A coluna Gente Boa de hoje menciona um artista que se apresenta tocando um "ukele".

Que instrumento é esse? Até onde eu sei, o pequeno violão de quatro cordas, popularizado no Havaí, chama-se ukelele (ou "uquelele", como registrado no Houaiss). Mas vai que ele ficou menor ainda...

Jornalismo 'adolescente'

A cada dia entendo menos a orientação de certos suplementos do Globo. O Ela, por exemplo, parece ser dirigido a alguma nobreza inexistente por essas plagas — porém, deve servir mesmo é para aquela meia dúzia que tem muita grana e, nem sempre, bom gosto na mesma medida.

Já a Revista da TV está quase virando um Globinho (sem o cuidado com que este é feito). Os redatores parecem adolescentes desinformados de tudo — o bom Português aí incluído, obviamente. Seguem uns poucos exemplos:
  • Acham Kotsiopoulos um "sobrenome complicado" — não, pessoal, é apenas grego e pronuncia-se como se escreve; complicado era Rumpelstiltskin antes de "Once upon a time".
  • Chamam amigos (deve ser isso, imagino) de "miguxos" — o que sugere um "linguajar xuxiano" (argh!).
  •  "Falam" com personagens de séries estrangeiras e ainda dizem coisas como "super ornou" (?!?) — além de horrível, teria que ser junto pela regra: superornou (ui!).
A coisa não para por aí, mas é tão ruim e mal escrita que eu desisto de seguir adiante. Aos 13, 14 anos, eu já lia jornalismo feito por (e para) gente grande (meu pai sempre assinou O Globo). Aos 59, e sendo profissional da área, me recuso a emburrecer. Alguém precisa explicar pra essa gente que adulto inteligente e culto também vê seriado desde o National Kid e televisão em geral (e faz compras, gosta de ler jornal de verdade, de receber informação de boa qualidade etc. etc. etc.).

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O saracoteio de Ziraldo

A coluna Gente Boa de hoje dedicou boa parte do espaço à festa dos 80 anos de Ziraldo. Nada mais justo, mas botar o cartunista "saracuteando" na pista, com "u", desandou a homenagem.

Pessoal, o verbo é "saracotear" — e eu saracoteio, tu saracoteias, nós saracoteamos, o Ziraldo saracoteia e assim por diante, sempre com "o".

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Professor Rolando Lero no FB

O disparate abaixo foi encontrado por um amigo jornalista no Facebook e gerou comentários:

"Se você conhece (Fulana de Tal), envie-a uma mensagem."

Entre várias sugestões de enviá-la (a moça) para lugares nada agradáveis e enviá-lo (o FB) a outros tantos ainda piores, enviando-lhes mensagens desaforadas — ou seja, envia-se alguma coisa a alguém  ou envia-se alguém a algum lugar — , houve poucas tentativas de justificar o péssimo Português praticado na rede.

Uma é a de que a culpa é do tradutor automático (cujo uso considero inadmissível numa empresa milionária). A minha é a de que os responsáveis pelo Facebook por aqui aprenderam nosso idioma com o mestre Rolando Lero (personagem do saudoso Rogério Cardoso), amado guru das mesóclises, ênclises e próclises. Captou a mensagem, Zuckerberg?

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Acredite se quiser

Não tenho ideia de como é feita a venda das "notícias" da Vera Digital para quem as exibe em circuito interno, mas sei que elas contêm erros a granel, como comprovo em minutos a cada vez que vou a uma sessão de acupuntura.

Hoje, por exemplo, descobri que "os ovos foram desvalorizados, porque as galinhas estão colocando menos ovos". Para começar, desconfio desses bichos, porque galinha de verdade põe ou bota ovos. E desconfio desses "economistas" da Vera, porque sempre achei que, quanto menor a oferta, maior é o preço do produto. Mas é claro que eu posso estar "ovalmente" enganada.

Em materinha de turismo, o "brilhante" texto diz:

"Macaé, onde o pau-brasil era abundante na região."

Não ocorreu a ninguém pôr um ponto final após a palavra "abundante"? Ou a pontuação e a boa escrita valem tanto quanto os ovos na Vera Digiral? Melhor nem contar do risível horóscopo e das "informações" do trânsito, sempre bom na imutável tela dividida entre "Ramos" e "Av. Brasil". Na República Federativa do Bobajal, a inteligência (do público, especialmente) é item mais que desvalorizado.

Alguma coisa está fora da ordem

No Globo de hoje, logo abaixo da coluna que homenageia o saudoso colega Luiz Mario Gazzaneo, um texto se inicia da seguinte forma:

"Surpreendendo a crítica, onde é exibida, com sua fotografia (...)".

É um ótimo exemplo de como, no Português, a ordem dos fatores altera o produto. Afinal, crítica não é um lugar, portanto, nada se exibe nela. E, para complicar ainda mais a leitura, o sujeito da frase está bem longe do verbo "surpreender".

Menos grave, mas igualmente equivocado, o começo da matéria da "possível compra da Saraiva pela Amazon" (de sexta-feira) informa:

"Os rumores sobre a entrada da Amazon no mercado brasileiro, que estaria interessada em (...)".

Nem é preciso seguir adiante. Vê-se logo que, pela proximidade, o leitor é levado a pensar que "o mercado brasileiro estaria interessado", passando batido pela concordância com o feminino. A solução seria tentar algo como:

"Rumores da compra da Livraria Saraiva pela Amazon, interesssada em entrar no mercado brasileiro (...)"

domingo, 21 de outubro de 2012

De doer a vista

Na hora daquela tradicional última folheada nos jornais, antes de jogá-los fora, eis que dou de cara com duas péssimas legendas do caderno Ela, uma sobre a outra, em matéria a respeito de chefs ingleses.

A primeira ignora a concordância (se há dois sujeitos, o verbo tinha que estar no plural):

"O indiano (Fulano) e seu Trishna (...) está no time dos estreantes de 2013".

A segunda fere todas as regras da crase (aqui jogada em cima da preposição diante de plural masculino):

"(Beltrano), que penou com alergia à alimentos, abriu (...)".

Só mesmo apelando para a Mafalda, do genial Quino.

Outras dúvidas de 'Salve Jorge'

Na mesma entrevista citada abaixo, o ator diz que teve aulas na Globo, para entender a Turquia. Nelas, aprendeu o que o croissant é "símbolo da vitória da França numa tentativa de invasão turca".

Eu pensava que era uma iguaria criada na Áustria e que a invasão otomana tinha acontecido em Viena. Meus professores de História e Geografia estavam errados?

Que santo é esse?!?

Tento iniciar a leitura da reportagem com um ator, na Revista da TV, e, já na primeira linha, encontro a seguinte informação:

"Rodrigo Lombardi está pisando em território desconhecido para viver o capitão do Exército e devoto do santo guerreiro Théo em (...)"

Alguém conhece o Santo Théo? Desde que saí do colégio de freiras, confesso que fiquei meio desatualizada no assunto...

sábado, 20 de outubro de 2012

Por que escrevem tão mal?

Vira e mexe surge no Facebook um post patrocinado (como este ao lado) ou uma montagem que inclui uma frase interessante (é raro, mas ocorre). O problema é que não dá pra "curtir" (que dirá compartilhar) uma imagem com erros de Português.

Hoje mesmo pesquei na rede um exemplo duplo: tem "fotografia", no singular, "concordando" com "são", no plural; e o bendito "porque" juntinho, quando tinha que ser separado.

Por quê? Porque se trata de uma pergunta. E se a gente questiona por que algo é assim ou assado, a expressão não se une, pois significa "por qual motivo". Deu para entender? Faça o teste, substituindo as palavrinhas, pense antes de escrever.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Não passou na prova

A prova da preguiça
Passo pelo Telecine Premium e descubro que os responsáveis pelo canal não fizeram a lição de casa. Lá estava, em letras garrafais ao longo da chamada, o título "À toda prova", com uma baita crase, daquelas de ferir os olhos.

Pessoal, não tem desculpa! Se ninguém pensou na regrinha básica de jogar a expressão para o masculino — "a todo vapor", por exemplo — e mesmo para o plural — "a plenos pulmões" — para verificar que não existe contração de preposição e artigo (no caso, "ao" e "aos"), custava dar uma olhadinha no cartaz do filme?

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Segredos dos sinônimos

No afã de não repetir determinada palavra, muitas vezes os colegas escrevem coisas pouco apropriadas. É o que se vê na colaboração enviada por uma amiga, que a pescou no Extra online.

Vale lembrar que, da mesma forma que nem sempre "ter" e "possuir" são a mesma coisa (alguém aí já possuiu uma febre, por exemplo?), "escondido" e "secreto" também não são exatamente iguais. Veja só:

"O que você acha do som de (...)? Saiba que a (...) conta com a ajuda de dois músicos escondidos nos bastidores dos shows da banda. (...) De um lado do palco, fica um músico tocando baixo, do outro, um com a guitarra. Os músicos secretos tocam durante todo o show, vestidos de preto, bem no fundo."

Não guarde esse segredo pra você. Espalhe, em nome do bom Português.

A hora do pesadelo

Já ia eu cantando "tá na hora de dormir, não espere a mamãe mandar...", pronta para fechar o computador, seguir pra caminha e acordar com um ano a mais no currículo, quando leio mais um dos infames e ininteligíveis anúncios do Facebook:

"54 anos mulher olha 32." (sic)

Espero não ter pesadelos ou perder o sono, tentando decifrar mais esse enigma. Depois do outro delírio de hoje (clique aqui para ler), confesso que estou curiosa para saber o que os jornalistas e publicitários andam tomando, porque, com certeza, tem droga nova no mercado.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Alguém traduz, por favor?

Será que ainda estou lenta, em ritmo de feriadão, ou o principal texto dos filmes de hoje na TV (no Globo) não faz mesmo sentido algum? Depois de pular trocentas linhas de pura encheção de linguiça, chego às últimas, que finalmente tratam do tal "Recém-formada", com Rodrigo Santoro, em que a protagonista volta para casa e...

"Na loucura paterna, ela conhece o brasileiro Santiago que bagunça seu peito, confuso por uma amizade antiga e por sua arrogância." (sic) E ponto final.

Alguém entendeu o que significa? Se entendeu, depois me conte, pois não vou ligar a televisão para alcançar esse alto grau de intelectualidade.

domingo, 14 de outubro de 2012

Iguaria violentíssima

Amiga genealogista recebe, pelo Facebook, mensagens de sua marca de embutidos preferida. A última foi indigesta:

"Queremos saber: como você encrementa o seu Hog-Dog Perdigão?
Tem algum segredo de molho? Acompanhamentos inusitados? Compartilhe conosco!
"

"Incrementaram" tanto o pequeno texto que até parece que a empresa está promovendo (mais) uma modalidade de luta sangrenta (a hog-dog fighting da foto), em que suínos enfrentam cães brabos. Que tal o publicitário responsável por tanta asneira botar as barbas de molho?

Revelações de João Emanuel

Não acompanho "Avenida Brasil" —embora seja impossível não saber do que trata a história quando se é usuário de redes sociais e leitor de jornal. Pois foi no Globo de hoje (na Revista da TV), que vi uma entrevista com o autor da sensação do momento, João Emanuel Carneiro, e empaquei logo no primeiro parágrafo. Afinal, lá estava a bendita frase:

"'Graças a Deus foi ela', revela (...)."

O escritor apenas se mostrava agradecido à escolha de Adriana Esteves para o papel de vilã. Que revelação é essa? O que os colegas têm contra os mais confiáveis "diz Fulano", ou "comenta Beltrano", por exemplo?

Revelar tem o sentido de "tirar o véu", "fazer conhecer o que era secreto" e muito mais (não vou nem entrar no sentido religioso do verbo). Se o entrevistado contasse o fim reservado à personagem na novela, aí sim seria uma revelação. Deu para sentir a diferença?

sábado, 13 de outubro de 2012

Confusão é isso aí!

O Troféu Samba do Redator Doido, recém-criado na República Federativa do Bobajal, vai hoje para o Globo online, onde acabo de encontrar o parágrafo abaixo, em matéria intitulada "Atriz de ‘Hawaii 5.0’ se envolve em confusão em Nova York":

"De acordo com o advogado, as duas são amigas próximas e, inclusive, moram juntas. A confusão teria ocorrido após uma noite de festa, quando ambas haviam bebido. Segundo o TMZ, Taryn teria sido flagrada chutando e batendo em Holly por volta das 5h, em um quarto do hotel Dream Downton."

Precisa explicar o "conjunto da obra"?

Um salto animal

Ficou engraçado o subtítulo da matéria "O homem que caiu do céu", hoje, no Globo:

"Aventura de (Fulano) traz de volta a saga esquecida de (Beltrano), o primeiro ser humano a saltar do espaço".

Teriam saltado, antes dele, animais ou extraterrestres?!?

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Outro abuso comum

Ao mencionar alguns abusos cometidos pelo Globo nos últimos tempos, deixei de fora o "copia e cola", praticado, especialmente, nos textos a respeito de filmes (exibidos no cinema ou na TV). Com frequência, é preciso pular uns três parágrafos de inutilidade para se chegar à informação que interessa (e isso até no que, supostamente, deveria ser crítica. Viva a República Federativa do Bobajal!).

Num jornal que acredita que o Rio de Janeiro em peso tem computador, pois manda o leitor complementar o que publica entrando na internet, é estranho ver reprodução de textos facilmente encontráveis com um rápido giro pelo Google (ou pelo iMDB). Resta saber se se trata de um caso de pura preguiça ou de enganação mesmo.

Não se escreve como se fala

Tudo bem que o Globo queira parecer mais moderninho, usando formas como "peraí", "tô", "tava" etc., além de reproduzir palavrões usados por seus entrevistados. No entanto, anda abusando dos trocadilhos infames em títulos (muitas vezes ridículos — ou sem sentido); de palavras inexistentes — e dentro de textos dos próprios repórteres (outro dia, por exemplo, tinha um "muso", sem aspas ou itálico, como se fosse coisa comum); e da falta de copidesque, que gera frases como esta de hoje:

"Alá o flho de (Fulana), menina." (coluna Gente Boa)

É claro que a moça estava dizendo "olha lá", que poderia ser "traduzido" pelo(a) jornalista como um "ah lá". Meter o deus dos muçulmanos na história é demais! (e já deu muita confusão mundo afora...)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Nova Orleans é aqui

Em maio do ano passado, escrevi a respeito da série "Tremé" (clique aqui para ler), cuja terceira temporada recém-estreou na HBO. O tempo passou e lá em New Orleans, como aqui, os problemas decorrentes da combinação desastre natural e oportunismo continuam os mesmos. Só a música é diferente.

Aproveito para perguntar aos nossos prefeito e vereadores:

1) o que vocês fariam se alguém invadisse suas casas e jogasse um monte de papel no chão? Porque as (esburacadas) calçadas e o (irregular) asfalto do Rio continuam coalhados com seus rostos em "santinhos" (e não deviam estar assim nem no dia da eleição!);

2) o que vocês fariam se contratassem alguém para instalar um piso em suas ilustres residências e, ao final, o serviço apresentasse falhas indisfarçáveis, além de armadilhas perigosas? a) pagariam aos operários; b) os obrigariam a refazer tudo; ou c) os mandariam embora de mãos abanando e contrariam gente competente? Se as duas últimas opções são as mais razoáveis, por que pagamos pelo entorno da estação Cardeal Arcoverde do metrô, onde o desnível entre as pedras é colossal? (e estou falando de pedras grandes! Melhor nem começar a comentar as famigeradas pedrinhas portuguesas.)

Falta de assunto

Minha amiga que tem paciência para ler o noticiário na internet (eu não o faço para poupar a vista) reclama da matéria do Extra online em que Taís Araújo "revela" (sic) que quer ser mãe "de novo".

Diz ela: "Afinal, a cada parto se é mãe outra vez? Acho que a maternidade (...) não se renova a cada nascimento. O correto seria 'quero ter outro filho' ou 'quero engravidar novamente'."

Não discuto com a lógica da amiga, que sabe que a incomodativa expressão tem uso consagrado. O que me espanta mesmo é dar-se a essa bobagem o peso de "revelação". E vamos e venhamos: que pobreza é esse jornalismo praticado atualmente, no qual qualquer coisa que alguém (mais ou menos) famoso pense em fazer algum dia é considerada notícia?

Precinho suspeito


Ligo a TV para ver o noticiário e, a todo momento, aparece um anúncio em que um cara esfomeado (ou serão três caras esfomeados?) só consegue ver à sua frente um baita sanduíche e seu preço (?!?).

Embora ache esquisito alguém sonhar com comida já pensando em quanto ela vai custar, nada é mais espantoso do que o texto que finaliza o comercial:

"Seus 5,95 nunca valeu tanto!

Eu achava que, acima de um, todas as moedas valiam alguma coisa, com direito, inclusive, ao verbo no plural.

domingo, 7 de outubro de 2012

A falta de um 'que' além do básico

Por causa da nota abaixo, em que cito "a constatação de que (...)", volto à mania atual dos colegas de dispensarem tudo o que, muitas vezes, é indispensável antes do "que".

Um exemplo está em destaque na matéria "A falta de um Rio além do básico" (página 8 do Globo): "O argumento que não temos o básico não serve para (...)". O Jaime Lerner até pode ter falado desse jeito, mas era obrigação do repórter (ou do redator, ou do editor, ou do revisor) pôr o "de" que está faltando para a frase ficar correta: "o argumento de que não temos (...)".

Direito e dever aos tropeços

Ligada na Globo News desde, mais ou menos, uma da tarde (quando voltei da minha seção eleitoral), já estou com os ouvidos cansados de tantos tropeços (e de bobagens como "a força mais forte", entre inúmeras outras). E olha que, durante todo esse tempo, venho dividindo minha atenção com a leitura do jornal! 

Em poucas horas, é possível constatar que os colegas jornalistas não são bem preparados para fazer TV ao vivo sem excesso de erros.

Outra constatação é a de que, no Brasil (a começar pelas presidentes do país e do TSE), ainda não aprendemos a diferença entre dever e direito. Sim, recuperamos o direito de votar. Porém, somos obrigados a ir às urnas, o que transforma o ato em dever.

Democracia e cidadania demoram a ser construídas. Mas a gente chega lá. 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O tatu e a reforma

Parece até título de fábula, mas é apenas de uma notinha, feita para lembrar que o famigerado acordo ortográfico não mexeu com a nossa fauna — nem com a nossa flora — mantendo todos os seus hífens.

Assim sendo, o tatu-galinha (citado hoje na coluna Gente Boa sem o bendito tracinho) continua o mesmo de antes — e a tal regra que tirou o hífen de palavras como pão de ló não vale para castanheiro-da-índia e outras árvores e plantas em geral, ou para galinha-do-mato, formiga-da-roça e outros bichos.

Coquetel indigesto

Desde que O Globo passou a publicar as cruzadas (ridiculamente fáceis) da Coquetel, o passatempo com que eu ligava meus neurônios (juntamente com uma caneca de café) perdeu a graça. Aliás, perdeu a graça e, muitas vezes, a noção do bom Português.

Hoje, por exemplo, está lá, com todas as letras: "Consoantes não precedidas por M". A resposta? Justamente o oposto do pedido: "B" e "P", que, sim, são precedidas por "M".

Das duas, uma: ou os autores se embolaram (ou se embananaram etc.) ou não ligam muito pro emprego que têm.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O que você vai fazer ontem?

Passaram-se dois meses — e lá fui eu para aquele programa que, como já contei (clique aqui para ler), faço umas cinco vezes ao ano.

Evidentemente, nos exemplares de "Caras", encontrei as bobagens de sempre, mencionadas na supracitada nota. Nesta, só esqueci de comentar outra coisa que não mudou na publicação que é um espanto: atores e ilustres desconhecidos continuam fazendo "planos para o futuro".

A revista, aliás, vive de "planos", pois raramente tem assunto e matéria de verdade. Então, é um tal de Fulana planeja isso, Beltrano planeja aquilo... Mas inventar que se quer fazer qualquer coisa é moleza. Extraordinário seria ver alguém planejar o passado.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

'Farenheit 451'

Acaba de me ocorrer: com a praga do PC (politicamente correto, ou patrulhamento cretino, ou pobreza cultural... — as possibilidades são infinitas, escolha a sua!), o que restar por aí de Reco-Reco, Bolão e Azeitona será incinerado?

Estaremos assistindo a uma versão real e cruel de "Farenheit 451" para crianças? (olha o PC aí outra vez.)

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Falta do que fazer ou
necessidade de aparecer?

A tentativa de proibir Monteiro Lobato nas escolas públicas rendeu várias crônicas (inclusive de duas amigas), muita chiadeira (ainda bem!) e campanha de doação de livros do autor a esses estabelecimentos de ensino, no Facebook, ilustrada com a camiseta do bloco carnavalesco Que M... É Essa, reproduzida aí ao lado.

Aderi à campanha, claro. Na mnha modestíssima opinião, esses infelizes de mente estreita (também chamados censores) tinham que ser devorados pelo bicho manjaléu, amaldiçoados pela moura torta e assombrados por outras figuras das maravilhosas histórias do escritor. Tenho pena desses pobres coitados. Certamente, ninguém lhes contou histórias para dormir e lhes deu livros interessantes para ler e soltar a imaginação na infância. Só podia dar nisso... uma pobreza só!