terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Não basta botar, tem que embutir

O leitor anarquista encontrou essa aí no Tecnoblog.

Eu li e reli o título e ainda não entendi a maravilhosa tecnologia que conseguirá EMBUTIR um anúncio EM CIMA do teto dos carros.

Algum problema com a simplicidade de vai testar "O USO do teto dos carros como espaço publicitário", "PÔR anúncios no teto dos carros", "USAR o teto dos carros para PUBLICIDADE" etc. etc.?

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Façam farra fora da redação

O leitor de Minas encontrou esse despautério em várias redes sociais.

Ou seja, o G1 escreve a asneira, não relê e posta em tudo quanto é canto do mesmo jeitinho.

Colegas, não é porque estamos em período de folia que o carnaval na língua está liberado.

Não se "matam mortos" em dia algum do calendário, certo? Evoé.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Só cabem dois


A assídua colaboradora encontrou uma "conta" muito esquisita em coluna do Globo.

Por mais que sejamos tolerantes, não dá pra ignorar o significado de AMBOS: "os dois; eles dois; um e outro; os dois de quem se fala".

Na soma aloprada do colunista, certa pessoa ofendeu OS PAIS de uma autoridade nacional e OS PAIS de uma autoridade internacional, "mas ambos já estavam mortos".

Como as proeminentes figuras continuam vivinhas da silva, como QUATRO pais e mães podem estar "ambos" o que quer que seja?

O Português na folia

Devido à preguiça carnavalesca, posto hoje coisinhas feias de ontem que me aguardavam aqui.

Que tal esses trechos de entrevista com Ben Affleck, enviados pela assídua colaboradora?

"Se obcecar" com erros e recaídas é mesmo um horror, porque o verbo só admite a forma pronominal em outro sentido.

Fica melhorzinho dizer "ficar obcecado com os erros e recaídas não é saudável". Experimentem ler em voz alta.

Já a frase "caras a quem tenho uma grande gratidão" não desce, entala na garganta, pela regência estropiada e pela aliteração com a palavrinha chata da moda: gratidão.

E eu não entendi muito bem esse "fundamentalmente" ali no alto, provavelmente porque ainda não estou devidamente "cafeinada".

Voltando à bendita regência estropiada, que pulula na imprensa, o veterano colega encontrou mais uma (também ontem) na página 10 do Globo:

"(...) o embarque de (Fulano) ao partido (...)".

Com licença que eu vou ali embarcar NUM canecão de café pra aguentar o besteirol que vem aí no tríduo momesco.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Vou pedir um favor A vocês

Tá dureza ler jornal hoje em dia.

Vejam o que a querida amiga encontrou na página 13 da editoria Rio do Globo.

Errar a regência do verbo PEDIR é primário demais.

Já que consultar dicionário parece ser esforço hercúleo, impraticável em redações, ainda mais em tempo de carnaval, tentem se lembrar da famosa música do sambista Ismael Silva, que diz:

"Ô Antonico
Vou LHE PEDIR um favor
Que só depende da sua boa vontade
É necessário uma viração pro Nestor
Que está vivendo em grande dificuldade
Ele está mesmo dançando na corda bamba
Ele é aquele que na escola de samba
Toca cuíca, toca surdo e tamborim
Faça por ele como se fosse por mim (...)".

Milton Gonçalves não merece

Um amigo perguntou no Facebook se alguém tinha notícias do estado de saúde do Milton Gonçalves.

Como também sou fã do ator, fui procurar.

Pra quê?

Encontrei, aos montes, outro bendito cacoete que assola a imprensa: "seguir" usado como "CONTINUAR".

Pessoal, isso é espanholismo de mau gosto.

Se a pessoa está internada, presa a um leito de hospital, como pode "seguir" pra algum lugar?

O grande Milton não merece! Ninguém merece.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Jornalismo classe Z

A matéria é de segunda, mas a amiga e vizinha só viu hoje.

Fui conferir e o trem continua lá:

"Em meio a temores com", "abandona show por pneumonia"...

Deixa eu ver se entendi: o Elton estava junto com o coronavírus temendo várias coisas ao mesmo tempo? O vírus estava grudadinho com o medo e o Elton trocou o show pela pneumonia? 

Gente, o que vem a ser isso? Que língua praticam?

Evitem as muletas. Sempre


Pra não dizer que não falei da muleta preferida dos colegas...

Fui presenteada logo com duas no MSN Notícias: uma do Catraca Livre, outra da IstoÉ.

Por que jornalista não sabe mais escrever direito?

Ninguém lê bons autores? Nossa língua tem um monte!

Quero crer que as "minhas notícias" seriam um tiquinho melhores.

Talvez "Assassino usa Whatsapp como desculpa pra matar mulher"; "Jovem baleada por ex-namorado (ou é marido?) morre no hospital" (se for muito necessário, pode complementar com "onde estava internada há 17 dias").

As opções sem "após" são muitas.

Traduzam, por favor

O que dizer dessa outra coisa estranha, encontrada por uma querida amiga mo Ancelmo Sempre Ele Gois?

Terá alguém copiado um texto em coreano e metido num Tabajaras Translator qualquer?

O que vem a ser "uma protagonista como mulher" em Português?!?

Certamente a intenção era dizer "tendo uma mulher como protagonista", mas se esqueceram que escrever NÃO É somar e que a ordem dos fatores ALTERA o produto no idioma.

Não dá pra engolir

A assídua colaboradora viu isso aí hoje cedo e se espantou.

Pois é, eu também me espanto com essa "concordância".

Sei que há quem defenda o vale-tudo na língua e diga que está correto, mas meu cérebro não se conforma quando meu olho bate num "a maioria são".

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Pare e pense

Pelo visto, ninguém mais para pra pensar antes de escrever e publicar bobagem.

A gracinha aí foi enviada por outra fiel leitora e veio do ABC paulista.

Desde quando "corpo no cemitério" é notícia?

Corpo é o que mais tem em qualquer cemitério, não é, não?

O horror, o horror

A fiel leitora encontrou no G1 uma coisa gigantesca que é um espanto do início ao fim.

Começa pela data: a matéria é de hoje, mas o fato é de quinta, dia 13.

Levaram quase uma semana pra escrever isso?!?

"Dentro disso", "dentro daquilo", "por meio da polícia", "efetuou tiros"...

É texto pra ser usado nas faculdades de Jornalismo, em aula intitulada "Como Não Escrever na Imprensa Jamais".

De quem é, de quem é?

Quando a assídua colaboradora me enviou a versão impressa da nota do Ancelmo Sempre Ele Gois, eu pensei com meus botões:

"O 'i' deve ter caído a caminho da oficina, foi um lapso, acontece."

Só que agora eu fui conferir no online e... ADIVINHEM?

Furtaram mesmo a letrinha!

No Intercept Brasil, a amiga encontrou furto de preposição.

Está errado dizer "(...) entrevistas e documentos públicos que tive acesso (...)".

Podemos TER ACESSO A certas coisas e a INFORMAÇÃO A QUE TEMOS acesso precisa ser correta.

A Folha também tem invencionice.

"(...) casos de violações a leis ambientais (...)" é forte, hein, colegas?

O que falta em um sobra no outro.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Mais uma rapidíssima

Falando em assídua colaboradora, pleonasmo e O Globo, alguém mais por aí acha que "gosto" e "sabor" são a mesma coisa, ou quem experimenta água com SABOR de terra nem sempre sente na água o GOSTO em questão?

Será o paladar dos infantes colegas diferente do paladar dos jornalistas veteranos?

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

No céu, na terra e no mar?

Perguntar não ofende.

A assídua colaboradora quer saber: existe almirante no Exército ou na Aeronáutica?

Achamos, ela e eu, que O Globo cometeu um pleonasmo, porque a patente só existe na Marinha.

Hoje em dia, porém, já não duvido de mais nada...

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Protesto com alvo errado


O equívoco já foi apontado aqui, mas continua aparecendo a rodo imprensa afora (as expressões foram escolhidas a dedo para enfatizar a idade avançada da besteira).

Hoje o atento amigo encontrou o "protesto contra o clima" em site de uma agência de defesa dos animas que se orgulha de ter colaboradores com PhD e outros títulos importantes, mas parece ter se esquecido de contratar um redator.

Alguém aí já experimentou ir até a janela e gritar pro temporal pra ver se passa?

Pois é. Não adianta.

Protestamos CONTRA AS AUTORIDADES irresponsáveis que armam cara de paisagem e não se mexem.

E não fazemos "protestos climáticos", "protestos faunísticos" etc.

O pobre clima virou alvo errado nas mãos dos jornalistas — mesmo assim, não vai às ruas pra se defender.

Se quiserem adjetivar, digam que são protestos pacíficos, por exemplo.

Vejam quantas bobagens mais vocês acham no texto.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

A língua em outro patamar

Um amigo que já não me enviava besteiras jornalísticas há algum tempo hoje mandou o seguinte título doido da Folha:

"Governador (...) elogia operação que matou miliciano e polícia do Rio: 'está em outro patamar'."

Não tem como discutir. 

Definitivamente, está em "outro patamar" uma operação que mata "miliciano e polícia" e ainda merece loas da autoridade estadual, concordam? 

O Estadão não fica atrás.

O tema da matéria é uma produção que a HBO lançou em Sundance — filme e série têm lançamento, mas "lançar investigação" é esquisito, não é, não?

A coisa continua com a regência estropiada "julgamento para o caso" — o julgamento DO caso é outra história — e com "os acontecimentos já se concluíram". Uau!

No trecho que a assídua colaboradora destacou pra mim, as bobagens "não se concluem" aí  (ui!).

Pelo visto, o autor do trem nunca foi apresentado ao pretérito imperfeito do verbo HAVER e não "havia conhecido" uma pessoa que HOUVESSE vencido o que quer seja.

A falta de intimidade com o Português é tanta que "colocaram" uma pulga atrás da orelha de alguém — ficaria um tiquinho menos feio com "pôr" ou "botar".

Como disse o RJ-TV (ou G1 e companhia), em chamada que um colega recebeu no celular, é "shou" (sic). Socorro!

domingo, 9 de fevereiro de 2020

E depois do depois tem o após




O exagero de muleta jornalística foi enviado ontem pelo leitor de Minas, mas o tal de Claro Vírtua não colabora.

Como é possível os colegas do Globo Esporte não perceberem o excesso de "após" desnecessário e sem sentido no título?

Qual é a função do trambolho duplo na frase?

Sugestões sem "após", "durante" e que tais:

"Há 15 anos na Europa e decepcionado com o Mônaco, Naldo quer voltar a jogar no Brasil".

"Fora do Brasil há 15 anos e frustrado com a rápida passagem pelo Mônaco, Naldo acha que é hora de voltar".

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Realização carnavalesca

O veterano colega começa a virar assíduo colaborador deste blog e garante que, quando trabalhava na Tribuna, "ninguém 'tomava conhecimento sobre' coisa alguma".

Eu estou tomando conhecimento DE coisa tão horrorosa quanto esse "sobre" que não cabe na regência: agora não temos mais bailes, desfiles etc., porque "realizamos eventos de Carnaval".

Está no título da matéria:

"Ministério Público recomenda suspensão de eventos de Carnaval". Uau!

E tome de "realizar" erro de concordância (tem até "realização marcado"), erro de pontuação, evento pra cá, evento pra lá e "ocorrências" plurais (pelo menos os atendimentos são singulares).

É trocadilho infame, eu sei, mas esse texto está mesmo um carnaval.

Boca-rota, boca de caçapa...

O atento amigo me enviou o título troncho com o comentário:

"Se esse jornal quisesse escrever direito, a coluninha se chamaria 'Da boca pra fora'."

A expressão, como todos devem saber, significa que as palavras de quem fala não são verdadeiras, muito pelo contrário.

Se a intenção é denunciar alguma coisa, diz-se "pôr a boca no trombone".

"Boca para fora" costumava desenhar Picasso.

O pintor adorava desconstruir seus modelos, como no quadro aí reproduzido.

PS: em outra coluna, também no Globo, um velho jornalista comete o velho erro de adjetivar PREÇOS como "caros" ou "baratos". O mundo gira, A Lusitana roda, mas os preços continuam SUBINDO (ou DESCENDO, em raros casos). Os PRODUTOS é que são CAROS ou BARATOS. E ponto final.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Mais confusões

Ontem também a assídua colaboradora viu o uso errado de uma palavra, porque os colegas, definitivamente, não sabem a língua.

Amores meus, "planta", em arquitetura, é o "desenho que representa a projeção horizontal de um objeto qualquer" (Houaiss).

Desenho, entenderam? NÃO É a fábrica, o prédio etc.

Bom, vou ali regar umas plantinhas e volto mais tarde.

É mesmo uma incógnita

Vejam a "gracinha" que o atento amigo encontrou ontem no Ancelmo Sempre Ele Gois.

Acreditamos que o pessoal da coluna queria dizer que a atriz não foi reconhecida, sua identidade se manteve "INCÓGNITA".

Ou os colegas acham que a moça corria sério risco na aldeia acreana e conseguiu escapar ilesa, incólume?

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Num piscar de olhos



Não consigo abrir a página inicial do navegador da Microsoft (MSN Notícias) sem captar algum erro nas chamadas.

Se alguém achar em algum dicionário (sério) de regência essa construção esdrúxula — Fulana "não é próxima com" o pai, a mãe, a sogra e quem mais chegar — , eu jogo a toalha e encerro este blog.

Tudo em uma nota só

A nota do "Sempre Ele", enviada pela assídua colaboradora, é uma coisa.

Começa com ausência de acento — o que transforma um verbo em pronome demonstrativo (esta).

Mais adiante, aparece um pronome relativo (cuja) deslocado — deve ser relativo a alguma coisa, mas qual? Israel?

E o fecho... O que dizer desse "primor"?

"Queimarem elas" é de doer, hein, colegas?

Aproveitando: em uma matéria (também do Globo), a amiga encontrou uma pessoa descrita como "música e professora".

Ela estranhou, assim como eu.

Até onde sabemos, a profissão de quem faz música é "músico".