domingo, 26 de fevereiro de 2012

Negado e renegado

O Globo de hoje chegou desfalcado aqui em casa. Deve ter sido num pedaço que não recebi que uma amiga, também jornalista, encontrou a seguinte chamada: "Veja a galeria de atores que renegaram papéis indicados ao Oscar".

No seu e-mail, ela enumera:
1) Renegar tem um sentido de mea culpa: a gente faz a besteira, se arrepende e renega. Renegar um papel é uma construção pavorosa;
2) Os papéis não são indicados a Oscar: os atores são indicados a Oscar pelos papéis e estes podem levar seus intérpretes a ganhar um Oscar.

Minha amiga se diz "já conformada com o fato de ninguém mais ter parente, só 'familiar', e que seriados ganhem 'franquias', como querem nossos new escribas". Mas acha que alguém devia ter tentado fazer caber no espaço a ideia correta: "Atores que rejeitaram papéis que deram Oscar a outros intérpretes".

A mensagem incluía PS: "Uma legenda informa que Julia Roberts negou o papel que deu a Sandra Bullock um Oscar." Vai ver o verbo "recusar" também caiu em desuso, penso cá com meus botões.

O errado e o certo

Em matéria da nova temporada de "Spartacus", a Revista da TV errou e acertou numa situação que muitas vezes dá nó na cabeça de quem escreve — um plural, um singular e.. com qual se deve combinar o verbo?

O erro está aqui, porque o sujeito é "recorde" ("seu recorde foi tantos metros em tantos minutos", por exemplo — assim como "foi três vezes no mesmo dia", com ou sem duplo sentido, à sua escolha):


O acerto veio mais adiante, na frase em que "problema" não interfere na flexão do verbo "ser":


Olhando assim, fica fácil escolher quando bater a dúvida. 

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Um Sherlock para cada estilo










Qual é o seu Sherlock Holmes preferido? Elementar, meu caro Watson: primeiramente, diga-me que idade você tem. Depois, faça a sua escolha e vá ao cinema ou ligue a televisão, onde estão em cartaz versões do detetive para todos os gostos e gerações. Até a menos conhecida de Billy Wilder, ousada, com humor politicamente incorreto, mas fino, e uma nudez que... Bom, melhor clicar aqui para ler o texto completo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Obscena sem causa

De acordo com o Segundo Caderno de hoje, Adele — que coisa feia — ficou irritada, fez gesto obsceno e teve seu discurso interrompido na entrega dos Brit Awards. Quem, quando, onde... "Só" faltou explicar na matéria o motivo da irritação da premiadíssima cantora.

Paradinha que faz falta

O desfile das escolas ainda é tema do noticiário, que destaca o campeonato da Unidos da Tjuca, a paradona da bateria da Mangueira etc. Faltou a paradinha da vírgula na seguinte nota da coluna do Ancelmo:



Sem a vírgula depois do verbo, parece que Noca desfilou feliz e satisfeito com os dirigentes de sua escola do coração.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

'Furo' de reportagem

Amiga (e colega de profissão) que mora no interior do estado mandou, por e-mail, esta "boa mostra do jornalismo que andamos praticando".

Hoje, no "Brasil TV" — que a Globo exibe para quem tem antena parabólica e não recebe o sinal dos telejornais locais ("RJ-TV", "SP-TV" etc.) — a locutora encerrou assim o telejornal:

"Até o fechamento desta edição, quatro escolas lideravam a apuração no sambódromo do Rio de Janeiro."

Diz minha amiga: "Eram precisamente 19h35m, cerca de duas horas depois do encerramento da apuração que sagrou a Unidos da Tijuca campeã do carnaval de 2012. E que foi transmitida ao vivo pela própria Globo — inclusive para quem tem parabólica." Isso é que é furo, acrescento eu.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Leia o texto ao lado

Quem escreveu o obituário de Jordan, no caderno de Esportes do Globo, não consultou a tabela do campeonato carioca nem o texto ao lado, pois disse que ele será homenageado pelo Flamengo "no jogo de hoje, contra o Volta Redonda".

É muita desatenção. O jogo, disputado em Volta Redonda, é contra o Resende.

No lugar errado. Ou não?

Não pega bem "o maior jornal do país" misturar regências em chamada de primeira página. Chega-se ao sambódromo e foge-se do sambódromo. Ou o jornal está se referindo ao estado (às vezes lamentável) do folião ao chegar do sambódromo, depois de horas e horas de desfile?



Novo Lehane na praça


Amanda McCready, de "Gone, baby, gone", deixou um “gostinho de quero mais” na cabeça de Dennis Lehane. Como o próprio escritor disse em entrevistas, pesou também na decisão de retomar a personagem o fato de ele ter se tornado pai de uma menina. Os fãs dos detetives Patrick Kenzie e Angela Gennaro agradecem. Clique aqui para ler.

Perguntar não ofende

O jornal "Hoje" anunciou o enterro da cantora Whitney Houston e citou vários artistas que "estarão presentes à homenagem".

Soou estranho. Enterro é homenagem?

Maus exemplos

Peças publicitárias e que tais deviam ajudar a educar as pessoas, não o contrário. E, por educar, não falo apenas de usar bem o idioma pátrio, tão maltratado ultimamente.

Um mau hábito tem chamado a atenção na TV: bocejar sem proteger a boca com a mão. Além de feio (convenhamos que não é nada agradável ver obturações alheias), é anti-higiênico.

Até em anúncio conjunto da Firjan e do Canal Futura, há um adulto abrindo o bocão em close (depois de um leão — do qual, obviamente, não se espera qualquer noção de etiqueta — e de um bebê — que, mais tarde, tem chance de aprender, se der sorte de ser educado adequadamente, como a criança da foto).

PS para os cientistas que estudam por que o bocejo contagia: o fenômeno até pode ocorrer em determinadas circunstâncias, mas o bocão escancarado só provoca nojo, mais nada (pelo menos em mim).

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Que montaria é essa?

Montam-se cavalos, elefantes, camelos etc. Mas, na página 36 do Globo de hoje, estes últimos foram atropelados enquanto cortavam "como trovões as areias do Kuwait e robôs, que lhe montavam como jóqueis (...)". Parei aí.

Nada contra os jóqueis-robôs, muito pelo contrário. Mas "lhe" montavam? E ainda sem o "s" do plural?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Jornal Informal


A informalidade que grassa pelos jornais (de papel e da TV) chegaram à meteorologia do Globo. Hoje há um "(aqui e acolá) nem deve chover" que mais parece papo de elevador do que texto de profissional da área. Como se não bastasse, "aqui" está chovendo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Jornal Tatibitate

Às vezes o "Hoje" parece falar com criancinhas. Como agora há pouco, quando o apresentador explicou: "(...) foram provocados intencionalmente, ou seja, de propósito." Há necessidade disso?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Morto esperto

Diz o texto do boxe da matéria do Festival de Berlim, no Segundo Caderno: "(o filme) acompanha o último dia de um homem (...) cujos vizinhos misteriosamente sabem que vai acordar morto."

Mistério maior do que esse... não há.

A partir da presente data

A caneta passou por descuido sobre o "passará", que também deve entrado por descuido na frase (em nota de ontem).

Pelo menos, a partir do momento em que entrei no Globo, séculos atrás, aprendi que a expressão não combina com verbos no futuro. Assim, a partir de tal data, alguma coisa acontece, alguém faz isso ou aquilo etc.




Pobreza vocabular

A Revista da TV do Globo anda abusando das gírias, dos palavrões e da informação velha (esta, em especial, na página Seriais). O título abaixo, por exemplo, dispensa comentários.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Festival pleonástico

Hoje, no telejornal homônmo, teve de tudo no setor tautologia.

Em Salvador, a vida retornou muitas vezes "à normalidade" e "ao normal". Com isso, claro, as pessoas voltaram à "rotina normal" (adoraria saber como é a rotina anormal dos soteropolitanos).

Sai o carnaval — que, de acordo com a primeira página do Globo, só chegou ontem por aqui —, entra no ar a decoração, que usa e abusa do jargão — "muita informação" para um detalhe extra, o móvel que "faz um ritmo" etc. —, até termos um magnífico "resultado final" (do resultado "do meio", ninguém falou nada).

Precisa dizer mais?

A folia dos cinéfilos



O carnaval está chegando, enchendo as ruas com blocos e batucada e esvaziando os cinemas, onde já é possível encontrar vários títulos que concorrem ao Oscar. Clique aqui para saber mais detalhes dos filmes que disputam o prêmio máximo no dia 26.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Um só tempo

Pessoal da Net, da mesma forma que se combinam cores e elementos na moda, na decoração etc., que tal combinar também os tempos dos verbos? Afinal, por que alguém viaja e vivenciará alguma coisa?

Inverta a frase para ver como fica ainda pior: o vencedor viajará e vivencia (...).

Uma dica: peças publicitárias costumam combinar mais com o presente do que com o futuro; talvez não seja o caso aqui.

Falando no caro leitor...

O caro assinante, que não paga pouco, merece mais respeito. A impressão é de que os repórteres se fiam muito no corretor do Word, que deixa passar incontáveis erros (letras trocadas que mudam o tempo do verbo ou o gênero do sujeito, letras comidas etc.).

Pode parecer quase nada isoladamente. Analisando o conjunto da obra, é descuido imperdoável do jornal.

Assassinatos do idioma

Guardei o caderno de turismo do Globo para ler com calma a matéria "Misteriosos assassinatos na Inglaterra" e desisti na primeira página, em que o lide é mal escrito e o miolo e a última frase, idem.

Esta termina com um "a vergonha fica de lado e acaba soltando a língua". Muito provavelmente a intenção da repórter era dizer que "você (caro leitor)" acaba soltando a língua, mas foi "a vergonha" que virou o sujeito da frase.

Parei. Talvez retome quando a frente fria chegar. No insuportável verão carioca, leituras devem agradáveis e calmantes.


Que conta é essa?

Quem me chamou a atenção foi meu filho. Hoje, na matéria do campeonato de surfe que está sendo disputado em Fernando Noronha (Esportes, O Globo), o destaque é:

"Cinco das oito vagas nas oitavas de final foram preenchidas por surfistas brasileiros."

Só que as oitavas de final, neste caso, correspondem ao que, em inglês, chama-se "round of 16", ou seja, têm 16 competidores. E, na mesma fase, havia nove brasileiros no páreo. A informação está no site oficial desta etapa do WQS — e a disputa continua.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Tem coisa pior no 'time de um'

Gente, com o calor acachapante do Rio, não vi o pior de tudo na nota abaixo: o sujeito (Os 70 anos) separado do verbo (serão lembrados). A outra vírgula (ainda mais) inconveniente foi flagrada por um colega jornalista, que me alertou via Facebook. Obrigada mais uma vez!

Time de um

Tema de nota aqui anteontem (clique para ler), as vírgulas fora de lugar, na coluna Gente Boa, fizeram hoje do basquete um esporte individual, como o tênis. Mais até: transformaram Armando Albano no único jogador da modalidade em toda a história do Botafogo Football Club. Veja só:


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Cadê o hífen?

Hoje está brabo! Até na hora de jogar fora o jornal, encontro alguma coisa.

Bem, neste caso, não encontrei. De acordo com a norma, não devia haver um hífen neste titulaço do suplemento de Esportes?

Alguém me explica?

O que será que se passava na cabeça do(a) redator(a) enquanto escrevia o "lidão" da matéria do caderno de Esportes do Globo, a respeito do jogador Luís Fabiano? A frase abaixo faz algum sentido ou a leitura do jornal de hoje exauriu meus neurônios? (clique na imagem para ampliar)


Intervalo cultural

Aproveito um dos intermináveis intervalos comerciais do Warner, que no momento exibe uma comédia, para registrar a fantástica "tradução" que arrumaram para o famoso personagem Svengali: "Sven Golly".

Pede-se ao canal que nem por isso deixe de dar a opção de som original e legendas aos seus assinantes.

Mais respeito...

O ator Ben Gazzara merecia obituário mais bem escrito do que o publicado hoje, no jornal O Globo. Além de truncar informações — como na parte da parceria com o diretor John Cassavetes —, consegue ter cacófato e pleonasmo na junção de apenas três palavrinhas — "de cara já" — e faz da vúva Elke Stuckmann a única modelo alemã do mundo, ao citá-la entre vírgulas.

Não custa lembrar: quando há vários representantes da mesma categoria, esqueça as vírgulas. Por exemplo: o ex-ministro Fulano de Tal, o ex-presidente Beltrano, a modelo brasileira Gisele Bündchen etc. vão assim, "soltinhos", ao contrário do atual presidente dos EUA, Barack Obama, e até da viúva de Gazzara, Elke Stuckmann — pois, não sendo polígamo, ao que se sabe, o ótimo ator deixou apenas uma ao morrer.

Até tu, Elio?

Gosto muito da coluna do Elio Gaspari. O jornalista levanta assuntos que a maioria dos colegas ignora e costuma empregar mais que bem o idioma.

Hoje, deu rápida escorregadela na nota em destaque (a dos "papagaios de crise"), com um "se tivessem gasto".

O correto é "se tivessem gastado". A forma "gasto" é usada com os verbos "ser" e "estar" ("o sapato está gasto", "o dinheiro foi gasto" etc.). Clique aqui para ler mais a respeito.

Vista d'olhos

Era para ser uma folheada rápida. Porém, a Revista da TV está atraindo meu olhar — não pelo conteúdo, mas pelo descuido.

Entre outras coisas, recomenda-se o uso de um manual de redação com a ortografia atualizada. Por ela, não ficção, por exemplo, não tem mais hífen. (e este é só um dos muitos deslizes encontrados.)

Além disso, também aquilo

Ainda na "bendita" página Seriais (saudades do Télio Navega...), a nota principal, intitulada "A vida de bar em bar", é toda mal escrita.

Começa tentando fazer graça, chamando uma personagem de "sujeita" (palavra inexistente no nosso maltratado idioma), e termina mais que sem graça, cometendo coisas como "Além de (...), também tem (...)" — se há um, por favor, não use o outro.

PS: O rapaz da foto é o ator de "The mentalist", citado abaixo. Podem mandar ele ser "insosso" aqui em casa, OK?

Apertem os cintos! O redator sumiu

Gente, o que é essa crase no título "Vingança à toda"? Custa muito pensar num correspondente masculino antes de perpetrar tal besteira?

Exemplo básico: "a toda velocidade" e "a todo vapor". "Ao" todo vapor não cabe aí, não é? Então, a crase também não entra no similar feminino, pois não há artigo para se unir à preposição. Mais simples, impossível.

O erro crasso está na página Seriais do Globo, em que há outra falha, esta de informação: "The mentalist" é uma série policial sem espaço para questões mediúnicas, ao contrário do que quer o autor da nota abaixo.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Outra vítima do 'Jornal informal'

Falei da colega do "RJ" e, mais tarde, flagrei outro, no "Hoje", fisgado pela informalidade.

Em matéria até interessante de Tóquio, o correspondente mostrou que lá é possível comprar tudo em máquinas, até materal para pesca, como "anzóis, iscas e... minhocas!" (a pausa para criar um clima foi dele; apenas tento reproduzir.)

Tenho só uma perguntinha: minhoca não é isca?

Informalidade dá nisso

Essa moda do "telejornal informal", em que os jornalistas ficam papeando entre si, aumenta a possibilidade de se dizer bobagens — coisa comum se os colegas estivessem numa mesa de bar, mas às vezes esquisita quando eles estão no ar.

Agora mesmo, a apresentadora do "RJ-TV", após falar dos blocos que saem neste fim de semana e comentar a folia, pediu ao responsável pela área de entretenimento que apresentasse os atores de uma comédia, "porque, afinal, o pessoal não quer só brincar, quer se divertir também".

Quer dizer que carnaval não é diversão?!?

Trilogia 'Millenium': sucesso em livro, no cinema e na televisão



Além de ter o primeiro título recém-estreado no cinema, os livros de Stieg Larsson viraram também minissérie, que está em exibição no canal Max. O combativo jornalista sueco não viveu para ver o estrondoso sucesso da trilogia em torno do também jornalista Mikael Blomkvist e da hacker Lisbeth Salander — morreu de enfarte aos 50 anos, em 2004, depois de entregá-los. Nos telefimes, a estranha Lisbeth é vivida pela bela Noomi Rapace. Clique aqui para ler.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Ouvido na ESPN

Perguntar não ofende: o que foi aquele "delay de demissão" que um repórter da ESPN soltou no ar, em matéria a respeito da saída do técnico Vanderley Luxemburgo do Flamengo?

Coisas do Facebook

Além de inventar gracinhas que travam nosso computador, como a tal "linha do tempo", o FB (a rede social, não o traficante) continua publicando anúncios esdrúxulos.

Como um que acabo de ler, intitulado "Teste de rugas", e que anuncia:

"Mãe de 55 anos, pode parecer estranho ter filhos e 35 anos." (?!?)

Ou "Café 3 Corações, tudo sobre café para quem gosta de cafe." (sic)

E por aí vamos, ladeira abaixo.