quinta-feira, 30 de junho de 2016

Não massacra, jornalista!

"Universitário é morto após seu carro levar 16 tiros em ação policial".

Quem me mandou este título do Globo foi o atento amigo, que, mesmo consternado com a notícia, quer saber a relevância desse "após". Ou haveria a hipótese de "morrer ANTES"?

Não bastasse a violência na cidade, nosso idioma está parecendo "táubua de tiro ao álvaro", como diria mestre Adoniran.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Alhos e bugalhos

O atento amigo pegou essa aqui na Quatro Rodas — e a coisa está virando praga; vira e mexe, encontro no Globo.

É a velha história de achar que escrever é como fazer conta de somar.

Não é! No Português, a ordem dos fatores ALTERA o produto.

Leia a frase:

"Bonito e ousado, Kia aposta alto no design do Sportage (...)".

Kia, a marca, não é "bonito e ousado". Os adjetivos concordam com o modelo do carro, Sportage,

Ou seja, esse trem aí não faz o menor sentido e está completamente errado.

Que tal "bonito e ousado, Sportage é a nova aposta da Kia etc."?

domingo, 26 de junho de 2016

Agora pairam por baixo?!?

A assídua colaboradora encontrou essa coisa horrorosa no Globo de hoje.

"Pairar sob" alguma coisa ou alguém requer malabarismos impensáveis. Imagina "pairar debaixo" de um governo inteiro, especialmente desse que está aí?

Socorro!

Como o ensino de Português e a qualidade do jornalismo vêm descendo a ladeira, vou ajudar com o verbete PAIRAR, OK?

verbo
 transitivo indireto e intransitivo
1 sustentar-se no ar aparentando imobilidade; adejar, voar vagarosamente; estar sobre
Ex.: <o beija-flor pairava no ar> <os abutres pairavam, ameaçadores>
 intransitivo
2 Derivação: sentido figurado.
estar sobranceiro, dominar do alto
Ex.: o espírito da morte pairava soturnamente
 transitivo indireto e intransitivo
3 estar iminente, ameaçar
Ex.: <uma revolução paira no país> <paira uma ameaça de desabastecimento>
 transitivo indireto
4 aflorar, passar ligeiramente, aparecer à superfície
Ex.: um sorriso pairou-lhe nos lábios
 transitivo indireto
5 hesitar, estar indeciso
Ex.: pairar entre duas decisões
 intransitivo
6 Rubrica: termo de marinha.
bordejar em área restrita, por pouco tempo e lentamente

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Cadê os profissionais do texto?

Ainda no clima do infeliz modismo do novíssimo jornalismo de achar que falamos Inglês — agravado pelo uso de tradutores como Google, Bing e que tais, por motivo de economia porca —, recomendo cuidado no tema que está nas manchetes do mundo: o Brexit.

O amigo leu este horror aqui na Folha online, de madrugada:
"A Escócia vai buscar a independência agora. O legado de Cameron estará quebrando duas uniões. Nem precisava acontecer."

O legado estará quebrando?!? NEM precisava acontecer?!?

Desconfiado, ele foi atrás do Twitter da J.K. Rowling usado pelo site. E encontrou:

"Scotland will seek independence now. Cameron's legacy will be breaking up two unions. Neither needed to happen."

Que tal esta versão?

"Agora a Escócia vai buscar a independência. O legado de Cameron será o fim de duas uniões. Nenhuma das duas precisava acontecer." Melhorou, né?

Moral da história: pra trabalhar na tal da mídia brasileira, tem que saber Português.

Bom pros EUA, ruim pro Brasil

E o Ancelmo ressuscitou o "zika vírus", que parecia morto e enterrado.

Colegas, em bom Português, se há um vírus e ele tem nome, este vai sempre depois, OK?

Ou seja, vírus zika, vírus ebola, vírus da aids, vírus HPV...

Em tempo, porque não custa lembrar: essa invencionice de "paralímpico" não existe.

O certo é PARAOLÍMPICO!

Editores, consultem o VOLP da Academia antes de perpetrar crimes de lesa-ortografia.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Até no reino animal!

Caramba!

Mal postei nota a respeito dos malditos "antes", "durantes" e "depois", descobri mais essa:

uma onça morta APÓS participar de (...) e DURANTE o resgate! (clique aqui para acreditar)

O pobre animal "interagiu" e foi morto "por medidas de segurança diante da integridade física das pessoas que estavam no local". (sic)

Socorro! Que língua é essa?!?

Morte com horas marcadas

O atento amigo mandou ontem, por e-mail, a matéria do Globo online intitulada:

"Vigilante morto APÓS troca de tiros no Souza Aguiar é enterrado".

Não satisfeitos de terem enfiado um "após" para marcar (com atraso) "o momento" na triste história (escrita em tom de fotonovela, um horror!), hoje os colegas mudaram o título, mexeram um tiquinho no subtitulo e tascaram:

"Cerca de 300 pessoas foram ao enterro de paciente baleado DURANTE invasão". (clique para ler)

Ô mania, viu? Deixa eu sair daqui ANTES de escrever o que estou pensando dos "amantes do tempo".

sábado, 18 de junho de 2016

Bora mudar o rumo dessa prosa

A prosa tá feia no que restou do caderno homônimo.

A assídua colaboradora teve ânimo pra ler a entrevista que já começa mal no título:

"O luto ao lado dos falcões
Convidada da Flip, autora inglesa narra superação da morte do pai por meio da companhia de um dos mais misteriosos animais
".

Pois ela encarou, só pra descobrir um texto pessimamente escrito, que inclui a pérola:

"A falcoaria (...) remonta HÁ cerca de (...)". Ui!

Como tenho ainda menos paciência com o Ela e só folheio o trem (o que é suficiente pra encontrar besteira), junto os dois suplementos numa nota só e informo: o verbo PÔR continua tendo acento circunflexo, OK, colegas?

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A falta que um pronome faz

O Ministério da Saúde adverte: "Sou gente e posso cair de cama". 

É o que se deduz pela frase de abertura da nota (reproduzida ao lado) encontrada hoje, no Ancelmo, por uma amiga revisora (se a profissão dela não estivesse em extinção nas redações, isso não aconteceria, né?).

O Ministério, que não é bobo nem nada, também sabe fazer conta — e "calculou o risco de contrair zika".

Os colegas desconhecem o uso do pronome "se", essencial para dar sentido ao enunciado?

domingo, 12 de junho de 2016

O lado sombrio das traduções


Descubro que a HBO Plus agora passa filmes de terror às sextas-feiras e decido dar uma olhada no cardápio da emissora.

Eis que encontro a sinopse de um filme, traduzido aqui como "O lado sombrio", que diz:

"(Fulana) escapou de uma massacre (sic) que atacou sua família (...)".

Caramba! "A Massacre" deve ser uma entidade feminina perigosíssima, que sai por aí, atacando pessoas.

Avistando a dita cuja na rua, mude de calçada.

sábado, 11 de junho de 2016

'Criatividade' em alta


O mais novo colaborador deste blog encontrou uma pérola em chamada da Folha online:


"TRAGÉDIA EM ORLANDO
Atirador mata a tiros a cantora (...)
".

Nem precisa terminar o textículo.

O amigo está dando tratos à bola, tentando imaginar "um atirador que mata a facadas, a pauladas, com veneno..."

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Sempre dá pra piorar

"Não basta dar notícia ruim, tem que esculhambar" deve o mote do novíssimo jornalismo.

Uma querida amiga chamou minha atenção pra primeira página do Globo.

Na manchete da tragédia em São Paulo, os colegas me saíram com essa:

"(...) o ônibus levava frequentadores de duas universidades (...)".

Pessoal, a gente frequenta bares e restaurantes, OK?

E o atento amigo ouviu hoje cedo, na CBN, diretamente de Belém:

"Explodiu uma fábrica de castanhas na cidade".

Ele até desenvolveu uma teoria:

"Deve ser por isso que estão desmatando. As castanheiras já perderam a condição única e especialíssima de produzir castanhas pelo método natural."

Só pode.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

No tempo certo


ESTÁ
no Ancelmo de hoje.

Hoje é o presente.

Ou seja, a bobagem aí ao lado não "vai estar" na coluna, no futuro, porque não faz sentido.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

O óbvio ululante


O atento amigo leu hoje, no Globo, que "um tubarão foi visto nadando em Copacabana".

"Imagina se estivesse voando", diz ele.

Caramba! Eu ia correndo pra praia ver "Sharknado" ao vivo e em cores!

domingo, 5 de junho de 2016

'The samba of the crazy creole'


Alguém me explica que língua ensandecida é essa que "o maior jornal do país" está falando?

Que o pessoal do ramo da construção e da decoração adora uma invencionice, isso eu já sabia.

Mas o "apartamento gourmetizado" (?!) está difícil de engolir.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Chegue ao seu bairro sem tropeços

Os colegas do Globo continuam ignorando o que é a crase.

Explico mais uma vez: é a junção da preposição "a" com o artigo "a" — que, com o artigo masculino, dá "ao".

Como o erro abre matéria na editoria Rio ao falar de um bairro carioca, vamos lá: procure lembrar a quais deles nos referimos com o artigo.

Assim, rapidamente, passam-me pela cabeça a Urca, o Leme, o Flamengo, o Catete e a Glória.

Portanto, vamos (ou chegamos) à Urca, ao Leme etc. etc.

Quando não tem artigo, vamos apenas "a", sem crase, Botafogo, Santa Tereza e... Ipanema, entenderam?

PS: essa "gracinha" foi enviada pela assídua colaboradora e, por sorte, eu jamais fui maria vai com as outras, aqui traduzido pelo eufemismo "apaixonado por moda".