sexta-feira, 29 de maio de 2020

Iletrados em vários idiomas

Aos colegas da TV que adoram um polissílabo e pensam que são bilíngues, lamento informar que quem não sabe Português não pode sair traduzindo Inglês sem usar dicionário.

Também não confiem em qualquer bobagem que encontrarem na internet.

Os últimos horrores de que me dão notícia as amigas (entre as quais se inclui a assídua colaboradora) são de doer: "externalizar" e "ampliagem".

Vejam no quadrinho algumas opções do idioma pátrio para o verbo "externalize" e o substantivo "enlargement".

Invencionices são típicas de quem desconhece a língua — no caso, DUAS línguas. Não é melhor tentar fazer bonito em uma só?

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Faz isso não, santa!


O atento amigo começou a notar um fenômeno na internet: Santa Teresa está mudando de gênero e virando homem.

Ou é isso ou as agências responsáveis pelos anúncios de imóveis contrataram como redator o marido de uma querida amiga, que é inglês e, mesmo vivendo no Brasil há décadas, não acerta uma quando se trata de usar o masculino e o feminino.

Aliás, o casal já morou "no Santa Teresa" e tem apartamento no bairro, mas se mudou para "uma linda sítio". Um dia, quem sabe, volta PRA Santa, ou volta a morar EM Santa...

Astronauta solto no espaço

Alô, pessoal da Folha.

O que é isso que a assídua colaboradora encontrou na capa do jornal de hoje?

Agora a Nasa "lança astronautas"?!?

Até ontem, a agência espacial lançava satélites, sondas, foguetes e coisas do gênero. Lançar gente é novidade estranhíssima.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Quem come as preposições?

O ex-colega de faculdade está intrigado com o mistério do desaparecimento diário de preposições essenciais nos textos da Radio France Internationale.

Como sou fã de uma investigação, lá fui eu tentar entender por que a RFI não usa o correto "ajudar A enfrentar" e publica coisas como esse trem cambeta aí em Português.

No Francês, o "plano para ajudar a indústria automobilística" está correto.

Então, pensei em economia porca e uso de tradutor eletrônico.

Que nada! Vejam só a frase que o Google fez quando eu botei o título troncho:

"Macron annonce un plan de € 8 milliards pour aider le secteur automobile à faire face à la crise".

Pode não estar uma lindeza, mas a preposição entrou direitinho.

domingo, 17 de maio de 2020

Avise e aproxime-se com cautela

Mais exemplos de regência estropiada, nova mania dos jornalistas que adoram reinventar a língua.

Ontem, o colega veterano ouviu essa na CNN:

"(...) houve uma aproximação da equipe econômica aos governadores (...)".

Uau! Alguém aí já se aproximou "a" uma pessoa ou "a" alguma coisa?

"DA equipe e DOS governadores" não agrada? Invertam e ponham A equipe se aproximando DOS governadores.

E que tal essa outra, enviada hoje pelo atento amigo?

Vou logo AVISANDO QUE esse trem aí da Folha não existe.

E quem avisa amigo é.

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Menos invencionice, por favor

Acabo de receber uma chamadinha do Globo que é a própria não notícia: um general é o "provável" novo ministro e "deve" autorizar "protocolo sobre" cloroquina.

É muita desinformação junta, somada a uma regência estropiada, coisa que não tem faltado na imprensa — sobram "comemora melhora 'na' saúde de Fulano", "festa realizada 'a' Beltrano" e o preferido da CNN: "pedir 'para que' isso ou aquilo", que o atento amigo já enjoou de tanto ver e ouvir.

Querem mais? 

Ontem a fiel leitora deu cara com isso aí quando abriu o globo.com:

"Ex-presidente da Alerj é preso por suspeitas em hospitais de Covid".

Além dos muito plurais, alguém pode me explicar se o cara foi preso porque suspeitam que ele pegou o vírus e o que são os "hospitais de Covid"?

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Recusar X negar

Colegas que ora cuidam do acervo do Globo, mais cuidado.

Vejam só o disparate que a assídua colaboradora encontrou.

A grande Fernanda não NEGOU, ela RECUSOU O CONVITE.

"Negar" é assim: vocês me oferecem uma grana, eu ponho na minha conta e, mais tarde, juro pra todo mundo (até pra vocês!) que não recebi um tostão furado.

"Recusar" é outra coisa: vocês tentam me dar o dinheiro, mas eu não aceito de jeito algum.

Entenderam a diferença?

Assim eu não aguento


De novo, colegas do Globo?

Mal falei da bendita preposição "A" fora do lugar, estropiando a regência, e lá vem outra, em mais uma contribuição do atento amigo.

"Defender a senadores", crianças?

Nananinanão!

NO Senado, ou PARA o vizinho, ou PARA sabe-se lá mais quem, Fulano DEFENDEU A manutenção, DEFENDEU O Enem em novembro.

DEFENDAM O idioma e DEFENDAM-SE, por favor, porque a coisa está feia.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Nem a pandemia justifica

Alô, colegas do Globo. Que tal umas aulinhas de regência?

Dia desses, o atento amigo encontrou o seguinte título:

"(Fulano) muda critério de divisão de recursos a estados".

Divisão "a", jornalistas? O que faz essa preposição aí?

Conheço DIVISÃO NA (família). NO (partido), DA (herança ENTRE os parentes), DE (infantaria), DO (corpo humano)... A lista de possibilidades é grande.

Já nessa outra, que a assídua colaboradora achou no "Sempre Ele", é o "de" que não cabe.

ZELEM SEU pai e SUA mãe, ZELEM PELOS mais pobres e PELA dignidade da Nação, ZELEM PARA QUE saiamos logo dessa desgraceira toda e ZELEM O Português, por favor.

A velha ordem dos fatores



A atrocidade do G1 foi postada no Facebook com o comentário:

"Não falte à perícia — ou cortam suas pernas!"

Merecido, né?

Uma amiga me marcou e... Aqui está a pérola.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Erros bobos e erros crassos

Os textos do Uol são um espanto (deviam logo mudar o nome pra "Uau!").

O atento amigo pegou o mesmo erro duas vezes na mesma matéria sobre um afundamento do solo em Maceió:

"(...) a família mora agora há 35 quilômetros de onde estava sua antiga residência (...)"; e

"(...) as minas deixaram uma camada oca no terreno há cerca de 1 quilômetro da superfície".

Como ele comentou, "não sabem a diferença entre espaço de tempo e espaço físico".

Ou seja, não sabem quando usar a preposição "A" (o correto nas duas frases) ou o verbo "HAVER".

Na Veja, o colega de profissão e faculdade descobriu que não sabem quando usar "porque" junto ou separado, pois tascaram (em coluna de jornalista famoso) o seguinte título:

"Porque (Fulano) esconde os resultados dos exames de Covid-19".

Tradução: "por quais" motivos ele esconde; "why" (e não "because"); "por que eu fico possessa com deslizes primários"... Deu pra entender? Porque, se não deu, eu explico de novo.

Querem mais? A assídua colaboradora não para de achar bobagem no Globo.

Tem colunista afamada que se esquece de usar a crase em "à espera de sepultamento", colunista afamado achando que o verbo CONFRATERNIZAR é pronominal (ninguém "se" confraterniza, tá?) e gente com menos cacife escrevendo coisas como essa aí da imagem.

"Há uma avaliação" (nossa) de que a imprensa se expressa mal — e, portanto, não se comunica.

domingo, 3 de maio de 2020

Domingo no parque gráfico


Amores meus, não adianta se formar na Sorbonne, ser atriz e escritora de prestígio, o que for: leiam e releiam seu texto antes de publicar, chamem um copidesque, por favor!

A imagem dispensa explicações.

Talvez um certo autor ainda se considere em condições de TAXAR empresas, pessoas etc. criando impostos. Mas não vamos TACHÁ-LO de inculto pelo deslize, não é?

Neologismos caem bem em obras de Guimarães Rosa e outros, não em artigo de jornal.

Quanto à manchete do alto, dizer o quê? Achei que todos morrêssemos algum dia, mas o editor deve pensar diferente, sei lá.

Meus agradecimentos à querida assídua colaboradora e à amiga revisora.

sábado, 2 de maio de 2020

Não dá nem pra rir da bobagem

Alô, G1. Não pensar dá nessa coisa que a assídua colaboradora encontrou.

Ninguém perde dez, 11, 12 anos quando morre. Se a pessoa MORREU, PERDEU a vida. Ponto.

E não morre "por", morre DE.

Se a intenção era dizer que a covid está reduzindo a expectativa de vida dos humanos, passaram longe da ideia. E com um humor negro de quinta.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

E o nome do cargo é...

No Dia do Trabalho, prometo não exigir muito da cabeça de ninguém.

A assídua colaboradora estranhou essa "aderência" do Dia e é claro que eu também estranho.

Afinal, por mais que "aderência" seja sinônimo de "ADESÃO", nos acostumamos a usar a primeira em relação a panelas, tintas e superfícies variadas e a segunda em relação a causas, doutrinas políticas, modo de vida etc. e tal.

Enfim, errado não está, mas a escolha não foi muito feliz, uma vez que o texto jornalístico deve ser sempre claro, de fácil e imediata compreensão.

Abaixo, duas do Globo, uma da mesma amiga, outra do atento amigo, ambas com a mesma ausência da bela preposição PARA, hoje tão menosprezada pelos colegas.

Para nós, essa rejeição é inexplicável.

Continuaremos usando corretamente "voos PARA o Brasil" (ou PRA onde quer que seja) e "nomear PARA cargos" — a não ser que alguém queira criar um novo cargo qualquer e dar um nome PRA ele, como "Ministro da Inação".