quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A casa esparramada
(e o espaço idem)


Ao contrário do Segundo Caderno do Globo, não vamos desperdiçar espaço aqui. Por isso, segue nota à moda "dois em um".

No "Hoje" desta quarta-feira, formou-se na mente uma imagem até interessante durante a notícia da apreensão de drogas na Rocinha, com a frase: "A maconha estava numa casa espalhada pelo chão."

Não está errado, mas fica mais claro dizer "a maconha estava espalhada pelo chão da casa", concordam?

Adeus, informação

Já o desperdício acima mencionado refere-se ao desserviço do suplemento, que, antigamente, se preocupava com o leitor e publicava a programação diária dos canais abertos. Agora, deu as costas a ele, talvez achando que todo mundo é obrigado a ter internet e deve consultá-la caso queira a informação que antes lhe fornecia.

Ledo engano. Muitos assinantes do jornal, e não apenas os idosos, não têm computador ou mal sabem mexer nele. Quase todos ligaram para pedir a volta do serviço — e foram solenemente ignorados!

Pior ainda é quando vemos o que puseram no lugar da seção que tinha utilidade: um festival de abobrinhas! Hoje, por exemplo, um dos destaques (?!?) é "um dos muitos fracassos de bilheteria do diretor de 'Rain Man'". Precisa dizer mais?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Garota no lugar certo


A turma da coluna Gente Boa informa que a "ring girl" do UFC (Ultimate Fighting Championship, ou Campeonato de Vale Tudo) será carioca. Depois, explica que a moça em questão entra no "ring"... — e aí soou a campainha.

O pessoal foi a nocaute (ou beijou a lona) não pela lindeza da garota, que, segundo diz, tem que ser "muito gostosa" com zilhões de "us", mas porque o ringue — como está escrito no título da nota — foi aportuguesado (ou abrasileirado) faz tempo.

Se a beleza é nossa, que ela brilhe em espaço idem.
E — para ser moderna — com conteúdo consistente...

sábado, 18 de dezembro de 2010

Menos, pessoal, menos...

Faz tempo que os responsáveis pelas colunas de filmes na TV tentam imitar Rogério Durst, que, séculos atrás, resolveu inovar na sua classificação. A diferença é que, enquanto o veterano colega fazia brincadeiras pertinentes com os clássicos "drama", "comédia", "romance" etc., atualmente o que se lê é puro delírio — e, como tal, não faz o menor sentido.

Hoje no Globo, porém, pior que, por exemplo, "ebó de praga" (?!?) e outros bichos, é o título "A vida é cheia de som e fúria", totalmente em desacordo com a trama, o ritmo e as intenções de "Um grande garoto", estrelado por Hugh Grant. Ou será que assisti a outro filme com o mesmo nome e o mesmo ator???

Será impressão?


É impressão minha ou está esquisita esta legenda de ontem, no obituário de Blake Edwards, "O diretor americano (...) com a atriz Julie Andrews, com quem foi casado desde 1969"?

Não sei, não. Bateu estranho este "foi" associado ao "desde".

Estou sendo preciosista ou seria melhor dizer "sua mulher desde 1969", ou "com quem era casado desde (...)", ou...?

Em tempo: dei boas gargalhadas na vida com os filmes do cineasta.

Gosta de séries policiais?

Então, leia este artigo: ‘Law and order’: mudam os cenários, mas não a fórmula de sucesso » Opinião e Notícia

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Boas Festas!

Meus votos de um maravilhoso 2011, com salários de R$ 26.723,13, reajustes de 149,5% e tudo mais que o povo brasileiro merece!!!!!Clique aqui para ver um singelo cartão (sem piada)..

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O ataque dos tubarões atacados


Está certo, a notícia veio do Egito via Espanha e o verbo não é assim tão simples de ser substituído. Mas quem traduziu a notícia do El País podia ter dado uma "penteada" no texto antes de mandá-lo para a impressão.

Se alguém tiver tempo e curiosidade, conte quantas vezes a matéria "Tubarões matam turista no Mar Vermelho" (hoje, no Globo) traz a palavra "ataque" e o verbo "atacar" conjugado em tempos diversos.

É bom os coleguinhas irem pensando em alternativas para o texto ficar mais, digamos, elegante, caso essas magníficas máquinas de matar (como diz uma amiga) continuem atacadas na terra dos faraós.

domingo, 28 de novembro de 2010

Educação, abre as asas sobre nós...

Esta contribuição veio de uma amiga que tem parentes, amigos e livros espalhados pelo mundo, mas as raízes bem plantadas aqui no Brasil. Por isto mesmo, não se conformou ao ver ontem, na TV, a desinformação da repórter, que desconhecia a nascente do samba da Imperatriz "Liberdade, abre as asas sobre nós": nosso Hino da República.

Desanimada, tive que perguntar a ela: será que ainda se canta ao menos o Hino Nacional nas escolas deste país? O pessoal do futebol, que mais frequentemente vemos ao som da música, ou não move os lábios ou tropeça e empaca na letra...

O tamanho do cumprimento



O "CQC" tem lances bem divertidos, mas recomenda-se que o líder da bancada, Marcelo Tás, dê um pequeno puxão de orelha no colega que insiste em usar o inexistente "comprimentar", como se, quem sabe, fosse medir as pessoas, em vez de cumprimentá-las.

Tás precisa também conversar com a alta cópula, digo, cúpula da Band sobre a interrupção dos "Melhores momentos do CQC", aos sábados, para um "programa" de sorteio que quebra completamente o clima. Quem está com o controle na mão e tem "ene" canais disponíveis quer diversão, custe o que custar. Ou seja, vai atrás de coisa mais interessante e não volta mais. A turma do mezzo humorístico, mezzo jornalístico não merece.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O diferencial da diferença
(ou a diferença do diferencial)


Com o Rio vivendo tempos belicosos, os telejornais viraram vitrine de armamentos moderníssimos — a maioria importada e capaz de "fazer um diferencial" no combate ao crime, segundo policiais e militares de diversas patentes.

Nossas autoridades não vieram de fora, mas gostam de dar um nó na língua com seu jargão — e aos poucos vão contaminando os jornalistas, dos quais não se exige experiência com armas, apenas com o Português.

Vai ver este é o diferencial que faz toda a diferença entre a nossa guerra particular e as dos outros: estas, além de estarem bem distantes das nossas casas, são feitas em outros idiomas. Então, fica tudo OK. Por aqui, a gente deve tomar certo cuidado ao substituir a palavra feminina pelo vocábulo masculino, ou o tiro pode sair pela culatra, quase literalmente.
Não acredita? Dê lá uma espiadinha no Houaiss...

domingo, 21 de novembro de 2010

Corra que o pleonasmo vem aí!

Gente, o pleonasmo está solto!

Hoje, na aberturinha-quase-subtítulo da matéria de capa da Revista da TV, ficamos sabendo que, num programa da Globo, pela primeira vez Fiuk e Fábio Jr. "contracenam juntos"!

Independentemente do ineditismo de reunir pai e filho na telinha, queria ver era a emissora fazer a dupla contracenar separada. Mas aí talvez fosse preciso contratar também um David Blaine, um David Copperfield...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Ponto de vista

Quem me chamou a atenção foi uma amiga ligada em genealogia: hoje, os problemas do Banco PanAmericano enrolaram mais a cabeça do repórter do Globo do que a da mulher de Silvio Santos.


A família Abravanel parece ser mestre em vender seu peixe: no "Corpo a corpo", Íris, que é autora de livros e novelas, repetiu muitas vezes, de formas diversas, que busca sempre ver as coisas pelo lado positivo. E foi o coleguinha que tropeçou no pleonasmo e "encarou de frente" o tautologismo, tema de um divertido número de "comédia em pé" encontrado na internet (clique para ver).

PS descaradamente oportunista: gosta de um bom vilão? Esqueça os da vida real e "encare de frente" os da ficção em http://opiniaoenoticia.com.br/cultura/adoraveis-viloes-de-ontem-hoje-e-sempre/?ga=dst3

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Creme (e manual) anti-idade

Os responsáveis pela publicidade da marca de cosméticos Anna Pegova precisam se atualizar. Não deve fazer bem aplicar no rosto um creme anti-idade que usa grafia antiga, ultrapassada. A agência precisa comprar rapidamente um manual da nova reforma ortográfica, para evitar os sinais da passagem do tempo na escrita...

PS: me aguardem na FLIM!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Reforminha chata

Titulão de hoje no Caderno de Esportes do Globo: "Ninguém para o Botafogo". Será que só eu, por um breve momento ainda meio sonado, tive dúvidas sobre o que estava lendo?

Não sei, mas me lembrei de uma amiga, injuriada com o manchetaço de primeira página, no mesmo jornal, em tempo de enchentes cariocas: "Chuva para o Rio". Dizia ela, irônica: "Não, mais chuva para o Rio, não, por favor! Manda pra São Paulo, Belo Horizonte, qualquer outro lugar..."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Depoimento silencioso

Ouvido hoje no Rj-TV: "(fulano de tal) manteve-se em silêncio durante o seu depoimento."
Ué... Que modalidade de depoimento é essa? Não seria mais correto dizer que o sujeito se recusou a depor? Ou estou sendo exigente demais?

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ficção de Ira Levin
no Jornal Nacional


Em "Os meninos do Brasil", escrito por Ira Levin e adaptado para o cinema, Joseph Mengele punha em prática um programa para criar vários clones de Hitler. Pois, no Jornal Nacional, clonaram o Mengele!

A notícia chegou de Madalena, cidade adotada por uma amiga e colega, que lá desenvolve um belo trabalho com seu marido — confiram em Roça de Livros, vale a pena!

Voltando ao JN, a reportagem era sobre a morte do Romeu Tuma, em cuja gestão, de acordo com o texto lido no ar, foram descobertas "as ossadas" do famigerado médico nazista. "Quantos corpos será que tinha o tal do Mengele?", questiona a minha amiga.

Bem, na ficção do Ira, foram feitas 94 tentativas de recriar Hitler. Vai ver fizeram 94 Mengeles também...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Nota rápida

Não resisto!
Desabou um pé d'água lá fora e logo me veio à lembrança aquele repórter da Rádio Globo, então estreante, em sua primeira comunicação ao vivo com o saudoso Waldir Amaral. Este, tentando descontrair o "foca" minutos antes do início da partida, pergunta da cabine "E então, como estão as coisas aí embaixo?" A resposta: "Chove 'a píncaros' no gramado, Waldir!"

domingo, 24 de outubro de 2010

Coleção de pérolas

Durante algum tempo, colecionei "pérolas" ouvidas no dia a dia, muitas delas em papos com faxineiras que trabalharam comigo.


Algumas são comuns, como a parede "embolsada", o "Estradão de São Paulo" (aquele impresso, não a Via Dutra) e muitas mais (um dia desses volto a elas). Outras são poéticas, como a casa "germinada", para onde uma, já senhora, se mudou (e eu ficava a imaginar o marido regando o solo toda manhã e o imóvel crescendo, um dia o quarto, outro dia a sala...), e o motivo de um atraso da jovem que não durou muito no emprego: "distrair" um dente (quase pergunto se o dentista embalou o molar com cantigas de ninar).

Hoje, os jornais criaram seções em vários cadernos para divulgar coisas do gênero. O engraçado é não darem destaque, nesses espaços, para bobagens que eles mesmos publicam, como o titulão que garantia, semana passada, que o filme "Tropa de elite 2" já havia ultrapassado a meta "alvejada" (!). Quem pegou essa foi minha mãe, que, sabendo da minha "coleção", logo me ligou pra contar. Concordei com ela: a turma do Capitão Nascimento tem mesmo excelente pontaria...

sábado, 23 de outubro de 2010

Dez minutos diante da TV

Meio da semana, início da tarde, controle remoto na mão, descubro que dez minutos diante da televisão, com um mínimo de atenção, são suficientes para se pegar alguns erros — nenhum deles pescado em águas fáceis como enquetes feitas nas ruas e programas de baixo calão.

Seguem três exemplos:

1) No RJ-TV, a atriz famosa e seu parceiro de cena, igualmente ilustre, divulgam a peça que estão estreando. Na trama, diz ela com todas as letras, os personagens vivem se "degladiando". Assim a briga não vale... Ninguém mais estuda latim, eu sei, mas vale uma espiadinha em Russell Crowe de saiote digladiando no Coliseu...

2) No comercial de um sabonete, o texto publicitário garante que, com ele, qualquer um está "melhor protegido". Caro(a) redator(a), experimente concordar a expressão com o plural e o feminino: fica mais fácil perceber que crianças e mulheres, por exemplo, certamente estarão "mais bem protegidas" com o produto — e com o bom português;

3) Ligeira passada pelo canal Sony flagra uma peça de marketing de absorventes femininos. Duas moças responsáveis pela nova campanha, cujo mote é mulheres e flores, se revezam nos comentários. Lá pras tantas, uma diz, enfática, que a conhecida marca "vem de encontro" aos anseios das consumidoras. Zap rápido!

Publicados no Opinião e Notícia

Clique nos títulos para ler os textos.
Às vezes demora um pouco para entrar...

Apaixonados e apaixonates, heróis de ação resistem à aposentadoria

O sobrenatural não é mais o mesmo.Já o mundo real...

Romance policial é coisa (muito) séria

O último Saramago a gente nunca esquece

TV a serviço da literatura

Agonia e êxtase do português

Outra opção é este link aqui:

http://opiniaoenoticia.com.br/tags/solange-noronha/