quinta-feira, 30 de abril de 2015

Experimente o masculino

A diagramação piramidal do Globo já é um espanto — melhor nem falar do "após" e do nome genérico da editoria-empulhação, que não consigo digerir.

O mau uso da crase, então, salta aos olhos:

Sociedade
TÉCNICA PROMISSORA
Um novo respiro
Três bebês sobrevivem à doença grave após implante de próteses feitas por impressora 3D

Alguém diz "sobrevivem AO problema grave"? Não. Então?

Igualmente errada e horrorosa é essa crase da imagem  aí de cima, encontrada por um amigo no Estadão.

Se existisse contração de preposição e artigo na frase, seria "de Costa-Gavras AO Visconti", né? Ui.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

O repórter fez a autópsia?

A praga do jornalista-legista já encheu, tá, colegas?

Essa história que vocês inventaram de determinar a hora da morte das pessoas não é só horrorosa: é ridícula!

É o mínimo que se pode dizer dessa coisa que o atento amigo achou no Globo online. A manchete diz:

"RIO - Policial morre APÓS operação no Morro do Estado, em Niterói".

Lá dentro, a versão é um pouco diferente:

"Rio - Policial morre DURANTE operação no Morro do Estado, em Niterói".

Há necessidade disso?

O médico legista estima a hora da morte. Jornalista informa que alguém morreu. Ponto.

domingo, 26 de abril de 2015

Bobagens da moda

Em que setor começaram a enterrar as expressões "A LONGO prazo", "A MÉDIO prazo" e "A CURTO prazo"?

O modismo (pra não dizer coisa pior) "NO" curto prazo etc. contaminou o Jornalismo a tal ponto que, hoje, tem até chamada de capa do Globo assim:

"(...) No curto prazo, o hábito leva ao (...); no longo, prejudica (...)".

A longo prazo, essas bobagens prejudicam severamente o Português.

domingo, 19 de abril de 2015

Não delira, gente...

É também o atento amigo que me conta a novidade da Azul: o "RECLÍNIO" das poltronas.

Ou a companhia aérea desconhece a RECLINAÇÃO ou alguém por lá acredita piamente que é Guimarães Rosa.

O escritor não merece — e, vamos e venhamos, "RECLÍNIO" lembra DECLÍNIO, né?

A ordem altera o produto

Pérola pescada pelo atento amigo no caderno Mercado, da Folha de hoje:

"Inspirado pela filha, casal cria um modelo de sapatos de couro infantil e exporta (...)".

O amigo ainda está em choque com o uso do couro infantil.

Aprenda a diferença

Fazendo a limpa nos jornais da semana, dou uma folheada no caderno Zona Sul e encontro a seguinte legenda:

"O mineiro não deixou o Rio após perder sua ex-mulher".

Não bastasse a praga do "após", a frase exibe o velho desconhecimento da diferença entre SEPARAÇÃO e VIUVEZ.

A materinha deixa bem claro que o cara ainda era casado quando a mulher foi morta.

"Ex" é o que deixou de ser algo, deixou um cargo, ou uma função.

Por acaso o tal mineiro virou "EX-VIÚVO" porque se casou outra vez?

sábado, 18 de abril de 2015

Os mesmos 12 anos?!

Estarei muito exigente?

Achei estranhíssima a chamada do Now (o "Agora" da Net) para o filme "Boyhood":

"Doze anos na vida de um menino filmados durante os mesmos 12 anos".

Ninguém pensou numa frase menos confusa pra dizer que o diretor levou mais de uma década fazendo o filme? Nem precisa explicar que foi pingadinho, uma semana por ano.

Desacertos com números e família

O Ancelmo, pelo visto, vai bater o recorde de Gente Boba aqui.

O atento amigo mandou dois exemplares "supimpas", encontrados esta semana na coluna.

O primeiro informa que "o Shopping Barra Point tem mais de 22 lojas fechadas".

Perguntas pertinentes do amigo: "Quantas? 23? Mais de 22 seriam 22,05?"

O outro é de chorar

"(...) o ator Stepan Nercessian (...) perdeu os avós e parentes no genocídio".

Meu amigo não perdoa: "Avô não é mais parente?"

Vai ver avô entrou praquela "categoria-praga" que assola o jornalismo faz tempo: a dos "familiares", ui!

sexta-feira, 17 de abril de 2015

De volta à escola

Essa doeu.

Diz a tautológica nota do Ancelmo "Talento que vem de berço", no Globo de hoje:

"Mãe e filha vão CONTRACENAR JUNTAS".

Com um Português desses, dá pra entender o prurido do jornal com a contração da preposição "PARA"?

Ontem, em matéria com o Aguinaldo Silva, tinha um ridículo "(o 'Lampião') não foi PARA A FRENTE porque (...)".

Aulas do idioma pátrio pra essa gente, já!

Pode isso, jornalista?

O atento amigo leu Gente Boba ontem, coisa que eu não fiz.

E lá estava a "gracinha":

"(...) funcionários MAU HUMORADOS e antipáticos".

Pessoal, essa a gente aprende pequenininha: MAU HUMOR x BOM HUMOR; BEM-HUMORADO x MAL-HUMORADO.

Na mais básica leitura de quadrinhos, qualquer um encontra a velha luta do bem contra o mal. Não dá pra esquecer.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bobagens a mil por hora

Começo a ajeitar o jornal pra ler e vejo aquele tapa-buraco chamado "lista do dia".

O olho treinado vai direto na crase que não devia estar em:

"(...) o telescópio pôde operar À plena resolução (...)".

Alguém diz "AO pleno vapor"? Ou "AOS plenos pulmões"?

Não. Então...

PS: pra completar, tem um "bendito" APÓS no fim da frase.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Após o 'após', o que virá?

Que tristeza!

A praga do "após-calipso" parece que veio para ficar.

Mais uma vez, chego, abro os e-mails e, novamente no Comunique-se, encontro a chamada:

"SBT demite jornalistas APÓS tirar noticiário do ar".

Tá ficando chato isso...

domingo, 12 de abril de 2015

Leia antes de usar

Decido ler a matéria da revista dominical do Globo a respeito do Carlos Imperial e o que encontro?

"O apresentador também achava uma besteira danada (Fulana) esposar".

"ESPOSAR" e ponto final? Sem um pronomezinho sequer pra complementar o verbo e fechar a frase?!?

PS: o mesmo texto tem um "Tempos APÓS a prisão" que é de doer.

Deixe a bengala em casa

Que tal abrir os e-mails e dar de cara com a manchete do portal Comunique-se — dirigido a jornalistas! — "Repórter fotográfico é ameaçado APÓS registrar PMs com touca ninja"?

Por que os colegas não sabem mais escrever sem essas bengalas horrorosas?

Tudo tem que acontecer "ANTES", "DURANTE" ou "APÓS"?!?

Aproveito pra perguntar: cadê o "DEPOIS", que sumiu dos textos?

sábado, 11 de abril de 2015

Telefonema do além

Mesmo exausta de mil compromissos na rua, tive que rir ao chegar em casa e ler o e-mail do atento amigo, que, como eu, não aguenta mais essas mortes com "hora marcada".

Dou-lhe a palavra:

"No Globo de ontem, página 12, a matéria 'Filho de cineasta é absolvido pelo assassinato do pai', sobre a morte do documentarista Eduardo Coutinho, conta que 'a vítima, ANTES DE MORRER, interfonou para o porteiro' pedindo ajuda. Imagina se ele liga depois de morto, com uma voz cavernosa? Socorro! O porteiro estaria correndo até agora..."

Preciso dizer mais?

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Saudades, dona Norma

O que é esta frase que a assídua colaboradora encontrou no primeiro parágrafo de uma notícia do Extra online?

"(...) Uma testemunha disse TER VISTO ELA na escada da universidade".

Parece que o "Novíssimo Jornalismo" deu adeus à norma culta.

Do jeito que a coisa vai, deve ter professor de Português por aí que não sabe o que é ênclise. E daqui a pouco vamos ver gente recomendando exames médicos periódicos da próclise.

Devaneios acadêmicos

O atento amigo foi fazer uma pesquisa sobre acidentes de trânsito e encontrou o texto de um cara, que, pesquisei depois, é um sociólogo que já fez diversos levantamentos do gênero para órgãos do governo.

Bom, diz lá, bem no início:

"Ao longo dos anos, desde o primeiro Mapa da Violência divulgado em 1998, VIEMOS tratando os acidentes de trânsito como um capítulo privilegiado da violência letal que CERCEIA milhares de vidas em nossa cotidiana convivência (...)"

Primeiramente, meu amigo implicou (eu, idem) com o "viemos" (aproveito para informar que o presente do verbo VIR, na primeira pessoa do plural, é VIMOS).

Quanto ao uso do CERCEAR, embatucamos. Alguém já ouviu falar em "cortar rente" (ou "limitar", ou "depreciar"...) para matar?!?

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Quanto mais simples melhor

Queridos colegas, "bora" parar com essa palhaçada de querer "falar bonito"?

A linguagem jornalística deve ser simples, direta.

Então, voltemos à velha lição: pessoas FAZEM e TÊM coisas; coisas acontecem POR CAUSA disso ou daquilo; gente morre ou se acidenta E PONTO, não "antes" ou "depois" de nada, muito menos "durante"... E por aí vamos, antes (agora sim!) que o Jornalismo vá pro ralo de vez.

Dei uma rápida folheada no (agora terceirizado) Morar Bem e bati o olho num absurdo "profissionais liberais e os que POSSUEM horários mais flexíveis (...)".

De terrenos e cargos eu tinha conhecimento, mas essa história de TOMAR POSSE de hora é novidade pra mim.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Deputado assume ou divide?

O atento amigo ouviu na CBN, à tardinha, a melhor do dia.

De Brasília, a repórter disse que cobraram do deputado um "MEIA culpa".

Seria um MEA CULPA pela metade?!