terça-feira, 30 de julho de 2013

Pedido com propriedade


Terminei a nota anterior pedindo uma coisinha.

Pois peço outra: peçam ajuda aos dicionários, peçam socorro aos colegas veteranos e PEÇAM com a regência correta, por amor à Língua Portuguesa.

Sim, porque o terceiro absurdo apontado pelo meu amigo é a nova regência que inventaram para o pobre verbo: "PEDIR PARA QUE" isso, "PEDIR PARA QUE" aquilo.

O trem já está sendo usado no Globo, pode?

Peço ao "para" que se retire da frase. E, aos jornalistas, peço que visitem um "pai dos burros" antes de cometer barbaridades. Se encontrarem a aberração em algum deles, vai chover canivete!

Suspeito de crime contra o idioma

A outra aberração apontada pelo meu amigo tem a ver com o noticiário policial e sua última novidade.

Pode parecer exercício de matemática, mas é mesmo produto de quem trabalha com o idioma da República Federativa do Bobajal:

"Uma pessoa foi assaltada por quatro bandidos. Um foi preso. Três 'SUSPEITOS' fugiram."

Suspeitos?!?

Vou pedir só uma coisinha: pensem antes de escrever, por favor!!!

Retenção X Intensidade

Um amigo jornalista faz observação tripla de bobagens corriqueiras — e eu fecho com ele, pois, quando o erro começa a ser repetido nos veículos das Organizações Globo, cristaliza.

Aqui vai a primeira, muito ouvida na CBN, entre outras emissoras de rádio: dizer que o trânsito fica INTENSO sempre que há uma batida.

Reclama o ex-colega de redação, com toda razão:

"Intenso é quando o volume de veículos aumenta. Colisão não produz aumento do número de veículos, só reduz a velocidade de escoamento e provoca RETENÇÕES."

Os queridos colegas jornalistas entenderam a diferença? Se ainda houver dúvidas, pensem na ponte Rio-Niterói (ou estradas em geral) nos nossos muitos feriadões.

Modo certo, grosso modo

Só pra começar o dia aqui, o que faz um "A grosso modo" na coluna Gente Boa de domingo?

Ia jogar fora o jornal quando dei de cara com o trambolho.

Pessoal, é “grosso modo”, sem a preposição na frente, tá?

A expressão latina significa “de modo grosseiro, impreciso”. Nem por isso precisa ser usada grosseira ou imprecisamente.

PS: desconheço a dupla acima, mas achei boa a ilustração.

domingo, 28 de julho de 2013

Complicando o simples

Vai gostar de um polissílabo assim lá na... Alemanha, talvez, onde os elementos vão sendo agregados à palavra original, transformando-as em palavrões (no bom sentido).

Acabo de ver no Facebook uma postagem contra a MEDICALIZAÇÃO da educação.

O Fórum sobre o neologismo o explica assim:

"Entendemos por medicalização o processo em que as questões da vida social, sempre complexas, multifatoriais e marcadas pela cultura e pelo tempo histórico, são reduzidas à lógica médica, vinculando aquilo que não está adequado às normas sociais a uma suposta causalidade orgânica, expressa no adoecimento do indivíduo."

Não dava pra inventar um jeito mais simplesinho de dizer "não queremos que qualquer coisinha seja tratada com remédio"? É só uma sugestão.

sábado, 27 de julho de 2013

Novela? 'O jogo da amarelinha'?

Mal falei em textos pessimamente traduzidos no Globo e encontro, em exemplar que estava guardado aqui, "novela" no lugar de "romance" ("novel", em inglês).

E isso em matéria a respeito do grande Julio Cortázar e do magistral "O jogo da amarelinha"!!!

Novela, em bom Português, é aquele mar de lágrimas e intrigas que se arrasta uns seis meses na televisão, ou uma história que nem é grande como um romance, nem é pequena como um conto.

Dá pra contratar um revisor, please? O genial Cortázar merece!

Confissões de Miley Cyrus

Uso do tradutor do Google foi uma das explicações dadas para a postagem da ex-colega de redação que reclamou da frase encontrada no Ela:

"Miley Cyrus é uma amiga e eu penso que ela é linda."

Diz minha amiga (e não "uma" amiga qualquer, como no texto mal traduzido):

"O verbo 'achar' é pouco recomendado pelos manuais de redação, mas... era o que cabia, né?"

Mas teve mais, dois parágrafos abaixo.

"Em recente aparição (...), a cantora confessou que o estilista americano é um dos seus favoritos (...)".

"Aparição"? "Confessou"?

Traz a moça pra JMJ já! E chama o Francisco. Uma confissão dessas merece ser ouvida pelo papa em pessoa!

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O papa, a moda e o sírio

Acordei com notícias da moda JMJ (mas, antes de cuidar delas, fui tomar café e fazer as unhas, que ninguém é de ferro!).

Já tinha comentado aqui que o Português dos colegas não anda muito católico (deviam se inspirar no papa, que fala um "portunhol escorreito").

Uma amiga encontrou este horror num texto:

"Fugindo à sua tradição dos vestidos superestampados, André surpreendeu com um look praticamente feito de crepe amarelo (cor oficial do Vaticano)."

"O que será um look 'praticamente feito de crepe'?", pergunta ela.

Em meio aos gritos da turba que chegam até ao meu Bairro Peixoto (!), tento explicar:

Deve ser assim praticamente um vestido (que pode ser calça, ou saia, ou blusa, ou shortinho), confeccionado em material que é praticamente tecido (mas que inclui plástico, metal, borracha, plumas e paetês). Que tal?

Houve também reclamações quanto ao amarelo-vaticano, cujo tom seria mais claro, mas o que mais me espantou foi alguém ter encontrado no UOL um "Sírio de Nazaré"!!!

Gente, se o cara nasceu em Nazaré, é israelense, não é sírio.

Já o CÍRIO, aquela vela grandona (e as procissões feitas com ela), pode vir de qualquer parte.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Português não muito católico

Grande amiga jornalista — e escritora de primeira — me desperta da preguicite aguda com um texto encontrado no Segundo Caderno de ontem.

Para facilitar ainda mais a vida, ela se deu ao trabalho de grifar as preciosidades mais marcantes desse festival de bobagens em torno de uma série chamada "Orange is the new black".

Lá vai:

"A vida na cadeia segue regras darwinistas." (sentiram a erudição?)

A frase acima está diretamente relacionada ao "ecossistema prisional" (vou chamar o Mario Moscatelli pra me explicar isso direitinho).

Nesse biossistema, "a vitória depende de uma subserviência bizantina" — mas "às vezes é o contrário" (e eu ainda estou tentando entender a primeira parte da premissa!).

A biogeocenose (gostaram?) é tão complexa que, nela, "a divisão é racilista" — valei-me, São Guimarães Rosa!

Pensa que o festival acabou aí? As surpresas não cessam.

Descobrimos ainda que WASP significa white american saxon princess. Ou seja, estamos, minha amiga e eu, completamente desatualizadas, pois achávamos que era sigla para White, Anglo-Saxon and Protestant.

Como ela me contou que o Papa, em sua bênção de hoje, pediu proteção para o nosso idioma, já virei fã do simpático argentino.

E vou rezar para que os colegas parem de escrever esses textos não muito católicos.

domingo, 21 de julho de 2013

Qual é o sentido disso?

Antes de fazer uma pausa para o tradicional ajantarado dominical, deixo uma pergunta no ar.

Depois de ler um "Louis Vitton" (sem "u") num texto estranho, intitulado "As mulheres de Woody Allen", encontrei o parágrafo reproduzido abaixo.


É de tirar o fôlego, tem só um ponto final.

E não entendi qual é o estranhamento entre ter "as ilusões destruídas" e ser "estrela do diretor".

Alguém me explica o sentido desse trem?

sábado, 20 de julho de 2013

Essa doeu!

Lendo hoje o jornal que ontem não tive tempo nem de folhear, encontrei um texto-legenda a respeito de uns peladões que "pousaram sob uma galeria de ex-presidentes da Câmara". (sic)

Deve ter sido manobra arriscadíssima, coisa para amantes de esportes mais que radicais.

Já imaginou aterrissar de barriga, em chão duro, nu com a mão no bolso? Ui!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Cretinos e cretinas de plantão

Socorro!

Acabo de receber esta de um querido amigo jornalista:

"Pode 'membra do grupo feminino' não-sei-das-quantas? Está no JB, em matéria sobre o protesto na porta do Cabral Vader e a reação de seus stormtroopers."

É o cúmulo dessa palhaçada inventada sei lá por que grande idiota que deve achar que feminismo se faz com um "a" no fim da palavra.

Ou terá sido um "idioto"? Diz aí, "genta"!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Wolverine não é lobo, gente!

Amiga jornalista encontrou o trocadilho no Ela online e reclamou:

"Achei estranho usarem 'mais menino do que lobo' na matéria com o Hugh Jackman. Não há menção a Mowgli. E referir-se ao ator (de 44 anos) como 'menino' é forçação de barra, né?"

Pior ainda, complemento eu, é meter o "lobo" na história.

O personagem que o belo australiano volta a interpretar no cinema é o mais que famoso Wolverine — bicho que, em bom Português, traduz-se como "carcaju" ou "glutão".

Nem da mesma família eles são: o lobo é canídeo (e carnívoro); o glutão é um mustelídeo (e omnívoro).

Quando o Hugh for chamado pra viver um lobisomem, por favor, me avisem!

domingo, 14 de julho de 2013

Escolhas equivocadas

Um colega jornalista reclamou no Facebook da "redução idiota" (para usar termos delicados) do titulo do Globo:

"Morte de Cory Monteith causa comoção no Twitter".

De fato, o título parece coisa de adolescente bobo, do tipo que acha que ser muito "tuitado" é notícia.

Nananinanão!

Notícia é a morte de um ator querido do público, "mocinho" de uma série de sucesso ("Glee"), aos 31 anos (e com cara de 20 e poucos, como exigia seu personagem e se vê aí na foto).

Esse "aos" 31 anos me fez lembrar outro texto pueril deste domingo no jornal: a entrevista com o diretor do novo "Wolverine", que, a certa altura do texto, "diz, aos 48 anos".

"Diz aos 48 anos"?!? O que será que ele dizia aos 18 e aos 39? E o que dirá aos 60? Já estou curiosa...

sábado, 13 de julho de 2013

Do ontem ao hoje e vice-versa

Alguém me explica essa moda da coluna Gente Boa de, no tema principal da página, misturar os tempos dos verbos?

Hoje mesmo li que artistas "fizeram" isso, "aconteceram" aquilo; o tempo "estava" assim e assado...

De repente, "os dois estão de cachecol" e começam a "agir" como se estivéssemos participando da cena.

Enlouqueceram ("enlouquecem"?!?) todos ou estou exigente demais?

Tetra é quatro, tri é três

O Ela descobriu a pólvora!

Decido ler a entrevista com Eliane Coelho (foto), soprano brasileira, e lá está a informação sensacional:

"A tetralogia 'O anel dos nibelungos' é dividida em quatro partes."

Caso o pessoal do caderno ainda não saiba, a trilogia "O senhor dos anéis" (assim como tantas outras) é dividida em três, tá?

sexta-feira, 12 de julho de 2013

No 'Hoje' ninguém morre mais

Pensei que a moda burra tinha acabado, mas que nada: o "Hoje" acaba de ressuscitar os imortais!

Pois é.

E o milagre, pelo visto, foi conseguido por um touro sagrado, que atingiu um homem várias vezes e lhe concedeu o dom, pois o cara "não corre mais o risco de morrer".

Também quero essa dádiva que me parecia ser privilégio de seres míticos. E não venham com Academia Brasileira de Letras, que essa "imortalidade" não vale. Quero a do telejornal!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Manifestação em prol do idioma

Acho que vou começar a mobilizar as pessoas — ou, pelo menos, os jornalistas — para ir às ruas numa manifestação contra o novo (des)acordo ortográfico.

Além de ter mais detratores do que entusiastas, a invencionice faz uma bagunça na cabeça de quem já passou por mais de uma "gracinha" dessas — colegas de profissão aí incluídos.

É só ler os jornais.

No Globo, encontro exemplos diários da confusão.

Hoje, há um "super importante", separado. E já encontrei o "super" com hífen antes de vogal muitas vezes. Mas, pela superinteressante regra atual, tem que ser tudo juntinho.

Eu não quero o acordo ortográfico. Acho que os portugueses, também não.
 
A propósito: foi de um artigo indignado, publicado num site de Lisboa, que tirei a ilustração acima.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quem concorda com o quê?

Depois de sair com a "vaca marítima" na cabeça (vide nota abaixo), volto, abro o computador e já encontro mais uma novidade do meu amigo jornalista que anda furioso com o desrespeito às regências.

A última, diz ele, é cantar "parabéns a você", em vez do tradicional — e mais que correto — "pra você".

Certamente, quem lançou a moda é parente de quem perpetrou o manchetaço ao lado, publicado no Facebook por outra colega.

Por onde andam os santos protetores (redatores, revisores etc.) das regências e concordâncias? Valei-nos!

Vacas ao mar!

Saí de casa embatucada com a gíria de surfista usada na coluna Gente Boa como se fosse "íntima" de todos, até de quem não frequenta a praia:

"(...) depois de uma vaca monumental no mar."

E me lembrei de décadas atrás, quando peguei o primeiro texto escrito por uma repórter recém-chegada do Sul. Lá estava:

"(...) Fulano subiu a lomba, usando paletó de abrigo (...)."

Precisei de tradutor pra entender que o personagem subia a ladeira vestindo roupa de ginástica (ou jogging).

Ah, a "vaca" não explicada ou aspeada no Globo é um tombo, OK?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A sequência do massacre

Eu não disse que os colegas continuam assassinando o idioma pátrio?
Pois outra amiga encontrou, no Globo online, um passo a passo que ensina:

"(...) à medida em que for enrolando ela (...)".

Dispensa comentários.

E eu encontrei uma chamada de capa, no Globo de hoje, que diz que "moradores em área da Zona Sul (...) são cada vez mais raros."

Tive que ir lá dentro pra ver do que se tratava, já imaginando uma cidade fantasma, mas que nada: apenas está aumentando o número de aluguéis por temporada.

Não custa lembrar: mesmo que temporariamente, quem ocupa um apartamento é morador, OK?

O massacre da serra elétrica

Uma amiga jornalista me escreve para reclamar de bobagens variadas que encontrou no Estadão, como um inexistente "desmate" no lugar do correto "desmatamento".

Acho que o excesso de corte foi transferido das árvores para as palavras...

Mas os crimes contra o idioma (e as colaborações para este blog) não param aí. Um amigo mandou esta:

"Na capa de ontem, o Globo diz que algumas pessoas foram indiciadas por 'incêndio a ônibus'. Vão estropiando a regência e ainda acabam repetindo a chamada do JB, nos anos 1970, que falava da prisão de 'assaltantes a banco'."

E segue o massacre "da serra elétrica".

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Vendo bicho onde não há

Alguém precisa contar a história "O menino que gritava 'lobo'" para os responsáveis pelas legendas da HBO.

Ao contrário do que eles pensam, alguém que faz o gênero "cry wolf" não é "um lobo uivante", como li há pouco na TV.

A expressão é usada, por exemplo, para pessoas que vivem reclamando sem motivo, para crianças que abrem o berreiro por qualquer besteira etc. etc.

Lobisomens — bem como mortos-vivos, vampiros e outros bichos — estão na moda, mas nada têm a ver com o pastorzinho do conto infantil.

Há necessidade disso?

Que a língua é viva, todos sabemos. 

Que se apropria de termos estrangeiros, especialmente quando não há similares no idioma pátrio, idem.

Mas a praga da "customização" — conhecida em bom Português como "personalização" — saltou rapidamente do "marketinguês" para o jornal, no qual hoje temos novo horror, destacado em título: "Customizável".

Será preguiça do pessoal da Economia do Globo? A feiosíssima "customização" repete-se várias vezes dentro do texto.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Só isso na plateia?!?

Tem alguma coisa errada na matéria da apresentação dos Stones em Glastonbury.

Diz o Globo que eles tocaram para "mais de cem pessoas (no lugar) e cerca de 2,5 milhões (que assistiram à transmissão pela BBC Two)". (sic)

Pelo visto, todo mundo ficou em casa e só os parentes e amigos íntimos de Mr. Jagger e cia. resolveram aparecer no festival.

Lagoa estilhaçada

Pessoal que caminha, corre ou passa, mesmo de carro, pela Lagoa Rodrigo de Freitas, cuidado! Aquilo ali deve estar cheio de cacos até agora.

Segundo o Globo, ontem um carro "entrou no espelho d'água da Lagoa" (no título, ele "caiu no espelho").

E, como bem sabe quem já quebrou um espelho ou qualquer outro objeto feito com material estilhaçável, a remoção completa de todos os caquinhos não é tarefa simples.