segunda-feira, 30 de abril de 2018

Distração domingueira

Os colegas da editoria País do Globo estavam distraídos ontem — um domingo especialmente preguiçoso, por estar próximo a um feriado — ao escrever duas notícias lidas hoje pela assídua colaboradora.

Numa, por falta de vírgulas, inventaram um tal (ou uma tal) de "Temer Maristela". Alguém conhece?

É até risível, mas a ausência da pontuação também criou, antes, uma sentença gigante, de tirar o fôlego do leitor.

Pra completar, ainda tem o bendito "familiares", que eu detesto. O que foi feito dos PARENTES?!

Noutra, por falta de imaginação, há um "informa que a informação".

E, é claro, "utilizaram seu santo nome em vão", porque ninguém sabe USAR mais nada, nem a própria língua.

domingo, 29 de abril de 2018

O Português foi pra troposfera


Conhecedor do assunto, o atento amigo leu, recentemente, que "os cirros não contêm grandes quantidades de gelo".

Intrigado com a novidade, ele começou a pesquisar na internet e caiu no tal do Dicionário Informal, que diz que esse tipo de nuvem “contém pequenas quantidades de gelo”. 

Como a informação já estava melhorzinha, ele foi em frente e deu de cara com isso:

"Se você ver uma nuvem toda branquinha e de aparência sedosa, pode ser um cirros". (sic, com plural e tudo)

Redator (ou redatora), se você VIR um dicionário de verdade, consulte o futuro subjuntivo do verbo VER, por favor.

Aproveite para consultar alguns advérbios antes de dizer, a respeito do seu produto: 

"Dicionário Informal. O dicionário onde o português é definido por você!" (sic, com exclamação e tudo)

Já ouviu falar em "NO QUAL" ou "EM QUE", por exemplo?

Procure, procure com vontade, antes de fechar suas (des)informações com isso:

"Dicionário inFormal® possui definições de gírias e palavras de baixo-calão. Seu conteúdo não é adequado para todas as audiências".

"Possuindo" desse jeito, deve ser censurado mesmo. Eu apoio.

Talvez ficasse, certamente ficaria

Ficamos preocupadas, a assídua colaboradora e eu, com o deslize que ela encontrou hoje em texto da Dorrit, sempre muito bem escrito:

"Não fosse a obstinação de Carter, que (...), talvez eles continuariam ali trancafiados".

O futuro de pretérito, indicativo, não combina com o advérbio "talvez".

O ideal, na frase, é o pretérito imperfeito subjuntivo, "talvez continuassem".

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Pelo menos é bobagem divertida

Tá certo, é um erro de digitação — e isto não é exatamente o que eu publico aqui.

Mas preciso muito dar umas risadas — e o deslize, encontrado hoje no JB, na transcrição de parte de uma sentença, está rendendo brincadeiras deliciosas entre amigos jornalistas.

Espero que todos se divirtam também — e que a minha HORTA esteja suficientemente "objetiva".

terça-feira, 24 de abril de 2018

Mais uma pra rir



Hoje o atento amigo está me divertindo!

Ao saber que o cultivo da cana-caiana vem sendo desestimulado, devido à sua alta vulnerabilidade a vírus e bactérias, ele foi procurar informações sobre as variedades mais usadas atualmente pelos produtores de cachaça.

Ao entrar no site especializado Cachaciê, ficou desencantado: ao que parece, não existe mais cana com nome. No lugar da cana-crioula, da cana-capim e outras, ele encontrou letras e números designando espécies, como se fossem senhas de internet.

"Melhor" mesmo foi a pergunta que site fez pro amigo antes da pesquisa:

"Você POSSUI mais de 18 anos?"

Ele clicou no "sim", porque com máquina não se discute, mas diz que "mandava buscar de volta, se fosse proprietário daquele período".

Onde já se viu "possuir" um tempo ou uma idade, gente?

A vítima me desculpe, mas...

Tive que rir com o atento amigo, que estava ligado no "Cidade alerta", da TV Record.

Depois de consultar o policial que comanda as operações de helicóptero a respeito de uma pessoa que estava sendo socorrida na rua, o apresentador do programa "informou":

"(...) nós não sabemos ainda se é vitima de acidente, de bala de fogo ou vítima perfurada".

Fiquei sem palavras... Engasguei de tanto dar risada.

O beabá da crase


Veja na imagem a nota do Ancelmo, enviada pela assídua colaboradora.

Está mal diagramada, mas não é este o seu principal problema.

É no uso da crase que a gente vê como o tema tem sido pouco explorado nas escolas, universidades e redações.

E não há mistério algum no acento, como pode ser demonstrado com o acerto e o erro do "textículo".

Em "à vereadora", busque o masculino, "ao vereador".

Preposição A + o artigo O = AO / Preposição A + o artigo feminino A = À.

Em "à caneta", busque o masculino. Alguém aí diria que escreveu uma frase "ao lápis"?

Ou seja, não há artigo, só preposição. Não é tão complicado, é?

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Disponha, mas não tanto

Recebi agorinha mais uma pérola pescada pela assídua colaboradora.

Estou eu aqui, sem muita disposição pra ler o jornal, mas ela, incansável, descobriu que tem gente que "dispunha a seu dispor" no Globo online.

Evidentemente, não podia faltar um "após" no título da matéria, em que todos "utilizam" helicópteros muitas vezes, em várias frases, e ninguém USA nada.

Será que acreditam que palavra polissilábica é mais chique?!?

Sem sentido e sem graça


Enquanto a assídua colaboradora continua encontrando o tal do "chegar em" a torto e a direito no Globo ("cheguem A algum lugar", crianças!), outro amigo achou no JB esse disparate aí da imagem e comentou:

"Não sei se vai ter replay..."

O título absurdo merece o humor negro.

Espero que o jornal não pretenda seguir a linha dos famosos "Violada no auditório" e "Cachorro fez mal à moça" (para quem não conhece, o primeiro referia-se a um ato do músico Sergio Ricardo, que jogou seu violão na plateia; e o segundo, a um simples sanduíche).

Não é fácil fazer esse tipo de trocadilho com classe.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Sem permissão para errar

Alguém me explica por que os colegas jornalistas estão usando tanta preposição deslocada nos textos?

O atento amigo registrou duas hoje, ambas com o mesmo personagem: o famigerado Maluf.

Na Globonews. criaram um embargo "a ele".

Procurem na internet, meninos e meninas. Não há.

Sei que, às vezes, o "juridiquês" nem parece Português, por isso lhes dou, de bandeja, a explicação do amigo:

"Interpõe-se embargo a alguma decisão, mas não à pessoa que é objeto da decisão, ou seja, embargos POR ele, ou EM DEFESA dele."

Não bastasse a feiura em dobro na tela, o pé da imagem mostra mais repetição (de verbo, porque deve dar preguiça procurar outro, sei lá).

No JB, o subtítulo de "Edson Fachin concede prisão domiciliar a Paulo Maluf" é o seguinte:

"Em decisão monocrática, relator permite com que deputado afastado permaneça em casa".

Duvido que alguma gramática PERMITA UM disparate desses!  Como profissionais SE PERMITEM fazer coisas assim com o idioma?

segunda-feira, 16 de abril de 2018

O que não é e já foi




Quando voltei pra casa, há pouco, já estava corrigida (no Globo online) outra bobagem enviada pela assídua colaboradora hoje cedo.

Posto para mostrar como o tempo do verbo é mais que importante.

E, também, para confessar minha ignorância.

Alguém aí já ouviu esse uso da palavra "hóstia"? De que época é a gíria?

Como comentei com a amiga, o mais próximo que conheço é o xingamento espanhol "a la ostia" — algo como "no óstio", em tradução livre.

E mais não digo, porque não pega bem.

Tem ou não tem?

Ontem, no Globo impresso, a assídua colaboradora encontrou reprodução de fala de um certo candidato raivoso e homofóbico (pra dizer o mínimo), em que havia uma frase assim:

"São pessoas (...) que tem página, entendeu?" (sic)

Não, não entendemos a falta do acento circunflexo, necessário no plural: "a pessoa TEM" e "as pessoas TÊM", OK?

Hoje, no Ancelmo, ela achou uma Piaf com acento em "Édith".

Aí, lasquei-me. Fui pesquisar e e encontrei as duas grafias, a que desconhecíamos e a mais comum, Edith Piaf.

Como é nome próprio e francês, não vou afirmar que há erro. Mas estranhei.

sábado, 14 de abril de 2018

Nem sempre 'ter' é 'possuir'

Não basta deixar o cliente sem sinal; tem que esculhambar a justificativa também.

Este parece ser o lema da NET, que me deixou sem TV, internet e telefone desde ontem.

Além de publicar no site um textículo horroroso, com repetição de "problema", acento virado ao contrário e o escambau, informa que eu "não possuo" visita técnica agendada.

Não "possuo" mesmo!

Onde já se viu alguém "possuir" um agendamento?

Ou "possuir" uma visita? (pega até mal, gente!)

Espero que também não estejam sugerindo que eu "possua" o técnico.

Rapidamente (porque esse trem não está confiável), pergunto: o que a empresa TEM (e não "possui") contra o lindo, simples, direto e claro verbo "TER"?

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Mais informação, menos repetição

Figurinha fácil neste blog, a coluna do Ancelmo me saiu com mais uma agorinha.

A nota não contém erro, mas não flui, não informa o leitor e não se decide entre minúsculas e maiúsculas ao falar da lei:

"O STF decidiu hoje, por unanimidade, que a lei de cotas deve ser aplicada também nos concursos públicos promovidos pelas Forças Armadas. Trata-se da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 41, em defesa da Lei Federal 12.990/2014, a chamada Lei de Cotas, que reserva 20% das vagas para cotas". (sic)

Abaixo disso, há mais dois parágrafos com a expressão "LEI DE COTAS", sem que se explique o básico: das ditas "minorias", quais serão beneficiadas?

Em vez de fechar o primeiro trecho com o feioso repeteco, que tal "20% das vagas para negros, pardos, indígenas, deficientes" e quem mais aí se incluir?

Padrão Globo de Regência

É difícil engrenar a leitura do jornal quando, de cara, a gente encontra um "alívio A Fulano".

Se desejam inventar uma língua, sugiro aos responsáveis pelo Grupo Globo que criem um Curso de Novíssimas Regências — gratuito, é claro, para atrair público.

Procurem nos dicionários, procurem na internet.

Depois me contem se acharam o tal "alívio A", que, por inexistente, jamais dará fôlego a quem quer que seja.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Aqui (ainda) se fala Português

Sei que muita gente tem ódio mortal da crase, mas não dá para, simplesmente, ignorá-la.

Pelo menos, não até inventarem mais uma reforma pro nosso pobre idioma, que parece estar a cargo de estilistas e decoradores, desses que inventam uma nova moda a cada estação.

Como observou (e registrou) o atento amigo, o acento "alcançou absoluta inexpressividade e insignificância" no 8º Fórum Mundial da Água.

A ausência dele estaria correta, por exemplo, em "junte-se a revolução com duas colheres de bom senso e uma pitada de consciência e começaremos a ter uma receita para não desperdiçar os recursos hídricos".

Abaixo da frase em Português, é possível ler o Inglês escorreito.

Esqueça a língua da rainha, pense no masculino e repita: "junte-se AO Canadá", "junte-se AO Reino Unido", "junte-se À Inglaterra"... Ficou claro?

terça-feira, 10 de abril de 2018

O mandado e o mandato

Sempre lembrando que este espaço é dedicado às Letras, não à política, publico um trechinho de nota do Ancelmo EM QUE o atento amigo encontrou duas bobagens:

1) A frase capenga "Durante as horas que havia dúvida". Diz-se "durante as horas EM QUE"; ou "no tempo EM QUE se escrevia com cuidado" etc.;

2) Quem cumpre o MANDADO de prisão NÃO É o indivíduo que se pretende prender: é o escrivão, o policial, enfim, alguma dita autoridade, que pode, inclusive, ter o duplo poder de emitir a ordem e fazer com que ela seja cumprida. Como presidente, a pessoa em questão cumpriu dois MANDATOS. Trata-se de outra coisa.

domingo, 8 de abril de 2018

Dá pra arrumar uns erros novos?

Quando a assídua colaboradora me enviou o título gigante que encontrou no Globo online — "(velho político de SP) segue internado com (isso) e (aquilo)" —, pensei:

"Não sei mais o que dizer a respeito desse uso do verbo SEGUIR como sinônimo de 'continuar' num contexto que indica PARALISAÇÃO."

Aí, abro o mesmíssimo jornal na internet e dou de cara com o manchetaço:

"Após confronto, segurança (...) é reforçada".

A meninada, definitivamente, não aprendeu que toda ação gera uma reação, que uma coisa sempre acontece depois de outra etc. etc.

Essa insistência em escrever mal me dá um desânimo...

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Questiona-se pouco, sobretudo

Continuo tentando pôr em dia as colaborações enviadas pelos amigos (assíduos ou não, atentos e que tais, todos queridos).

Para resumir um pouco o trabalho, reuni um punhado de regências recentissimamente inventadas, em que o "SOBRE" sobressai.

A Globonews botou na tela, em letras garrafais:

"(Fulano) inicia voto SOBRE habeas corpus A (Beltrano)".

O Globo reproduziu parte de uma gravação e publicou:

"Em outro trecho da conversa, o empresário LHE QUESTIONA SOBRE (...)". Uau! (e duplo, mais uma vez!)

Pra não ficar atrás, A Folha criou o título:

"Na véspera de julgamento SOBRE (Sicrano), comandante (...)".

Só pra lembrar: aqui não se discute política, mas o bom Português — e, consequentemente, as regências verbais e nominais.

Questiona "sobre", julga "sobre" o voto "sobre" e o escambau sem questionar?

Não jogue qualquer pronome ou preposição na frase sem consultar fonte segura. Recomendo Aurélio e Houaiss sem titubear.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Chocolate com recheio de licor

Outra pérola enviada pelo atento amigo, esta pescada no Globo.

A matéria, ao que parece, é do Alckmin em campanha.

A legenda, alguém me explique, por favor, porque, pra nós, "entra em carro durante agenda em 2018" não faz sentido algum!

Acho que a comemoração da Páscoa na redação foi animada, viu?

Mantenha o controle do texto

Tive uns dias meio atribulados, não li jornal e acumulei colaborações.

Aos pouquinhos, tentarei comentar todas elas.

Começo com a regência estropiada do "CONTROLE DO TABAGISMO", que o atento amigo encontrou com "AO" numa sala de espera — e eu achei também na internet, em campanha publicitária da Unimed.

Ninguém "controla AO" coisa alguma.

Deixei o cigarro há alguns anos e recomendo que se controle O péssimo hábito.

Ter o controle DA sua vida e DA sua saúde, livre do vício perigoso (e mal cheiroso), é muito bom. Com a preposição correta, é melhor ainda.