sábado, 30 de julho de 2011

Boa leitura com John Huston


Homenagem do canal TCM ao cineasta — que completaria 105 anos no próximo dia 5 de agosto — faz pensar não apenas em sua extensa filmografia, mas também nos bons livros em que ele se inspirou. Clique para ler

Onde você quer chegar?

Entreouvido na virada de canal, ao fim do "Hoje": "Para você chegar aonde quer. Instituição de ensino..."

E não foi possível pegar mais nada, pois o sinal da outra emissora entrou. Não deu nem para saber se o anunciante patrocinava o telejornal ou o programa seguinte da Globo.

Uma coisa, porém, é certa: não pode ser séria uma instituição de ensino que diz "para você chegar para onde quer", porque é isto que aonde significa.

Às vezes fico pensando que deve ter gente que acha "aonde" mais chique do que "onde", da mesma forma que "colocar", em vez de "pôr" ou "botar". O problema é que palavras não são como misses — e nem sempre podem ser escolhidas por questão de boniteza.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A falta que um ponto faz

A primeira nota da coluna do Ancelmo, hoje, no Globo, começa assim: "Lula ficou impressionado com o Hospital Dona Lindu, assim batizado em homenagem à sua mãe, especializado em traumato-ortopedia, que visitou ontem em Paraíba do Sul-RJ."

Além de tirar o fôlego do leitor, a longa frase ficou confusa.

Merecia ao menos um ponto. Porém, mesmo sem ele, poderia ficar mais clara desta forma, por exemplo: "Ontem, em Paraíba do Sul-RJ, Lula visitou o Hospital Dona Lindu — assim batizado em homenagem à sua mãe e especializado em traumato-ortopedia — e ficou impressionado."

Deu para respirar e entender melhor?

PS: a crase em "à sua mãe" pode ser derrubada sem problemas. Afinal, pode-se dizer "a seu pai" sem medo de errar.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Onda gigante com gênero trocado

Mais uma dos filmes do dia no Globo — e no principal título da coluna: "Tsunami japonesa de lirismo".

Em Português, a palavra é masculina, pessoal!

Uma passadinha no Houaiss eletrônico pode tirar a dúvida. Está lá, para quem quiser ver: /s.m. (c1897) vaga marinha volumosa, provocada por movimento de terra submarino ou erupção vulcânica/.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Gíria nova ou o quê?

Alguém me explica o que vem a ser "bons drink"?

A expressão — assim mesmo, misturando singular com plural, português e inglês — está na capa do tabloide "Meia hora", abaixo do trocadilho infame "Amy-a ou deixe-a", na pergunta "Será que tem 'bons drink' no céu?"

É alguma nova gíria ou é moda lançada com "os peixe que nós pesca"?

Com a bênção do mestre Baden

Marcel Powell e Victor Biglione juntam seus violões para brindar ao saudoso virtuose, numa homenagem que cresce a cada encontro dos dois

terça-feira, 19 de julho de 2011

Edu Lobo sequestrado

Minhas amigas não dormem no ponto. Enquanto eu, com uma chatíssima blefarite, vejo tudo embaçado (o efeito é o de um terçol), elas estão de olhos bem abertos.

Custei a perceber que a luzinha da secretária eletrônica estava piscando, com a seguinte notícia: "Edu Lobo foi sequestrado!" E logo descubro que o criminoso é de papel. Sim, isso mesmo! Na coluna do Ancelmo, em nota intitulada "Silêncio de Vinicius", está escrito com todas as letras que o compositor "está em poder de um manuscrito inédito" do poetinha!

Vai daqui a torcida para que a polícia não danifique o "elemento" ao resgatar a "vítima"...

Papel 2

Os artistas não estão com sorte hoje no Globo. A mesma amiga me avisa que, no Segundo Caderno, a viúva de Augusto Boal reclama que os cadernos e roteiros dele estavam apodrecendo com a humidade do Rio.

Ao responsável pelo texto, uma pergunta: o acervo é do século XV? Porque, de lá para cá, o "h" sumiu da palavra, é só olhar no dicionário (f.hist. sXV humidade, sXV humydade, sXV omidade, 1569 umidade).

domingo, 17 de julho de 2011

Sem pé nem cabeça

A série do Globo "Desesperança na Europa" está boa, mas o título de hoje não podia ser mais disparatado. Afinal, o que significa "Irlanda: o ex-tigre de casas-fantasma"?

Ex-tigre de casas-fantasma quer dizer... nada! Não dá para imaginar isso nem como título de filme surrealista do festival de cinema fantástico do Rio, que começa amanhã.

Surrealismo, terror, sci-fi...


O fantástico está de volta ao Rio com o RioFan, festival que leva à Caixa Cultural longas e curtas-metragens inéditos e promove cursos, de segunda, dia 18, até o próximo domingo

O ônibus da morte
e o repórter assassino

Esqueça "Christine, o carro assassino", de Stephen King. "O ônibus assassino", de um repórter de São Paulo, faz coisa muito mais aterrorizante no Globo Online.

O crime foi flagrado por uma amiga jornalista e eu, como São Tomé, fui lá ver para crer. Pois encontrei o manchetaço:

Acidente
Ônibus que atingiu oito motos e MATOU TRÊS MORTOS invadiu contramão

Publicada em 15/07/2011 às 12h33m
CBN, Globonews TV

No momento, inquietam-me algumas dúvidas: conseguirei dormir depois de ler essa história de horror; terei pesadelos com os mortos matados juntamente com o Português e a lógica; ou serei capaz de enganar a mim mesma com um conto da carochinha, no qual o colega estaria apenas fazendo uma brincadeirinha de humor negro com o leitor?

Para quem quiser conferir, como eu, é só clicar aqui.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Palavra genérica

Mais uma da área publicitária: "Medley, o genérico que os médicos mais confiam!"

Pode até ser o genérico que os médicos mais recomendam, prescrevem etc., mas o fazem porque confiam NA marca, ou seja, Medley é o genérico EM QUE eles mais confiam.

Ao contrário dos remédios e do que querem alguns autores de livros "didáticos", palavras não são "genéricas". Elas têm funções específicas e não aceitam ser substituídas com facilidade.

Podem receitar à vontade, mas Português errado é difícil de engolir.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Despedida em Cabo Frio

Esta chegou mais cedo, mas só vi agora. Minha amiga recebeu e fez questão de me repassar a mensagem, que vale a pena.

"Fizeram um portal que atravessa a estrada na saída de Cabo Frio. Todo em metal, com os seguintes dizeres (e pontuações):

VIU COMO FOI BOM VOCÊ TER VINDO!"

Como dizia um personagem do Jô Soares, você não quer que eu volte.

domingo, 10 de julho de 2011

Lições esquecidas

Aprendi muito nos anos passados na redação do Globo, especialmente com Argeu Affonso, Luiz Garcia ("ombudsman" numa época em que ainda não se usava a expressão sueca) e o saudoso Aloísio Branco.

As lições podiam vir em pequenos toques, discussões, ou até na forma de truques para lembrar algumas regras do Português — e não tinham a ver apenas com crases, vírgulas etc., mas também com estilo.

Uma delas, que parece ter sido completamente esquecida no jornal, recomendava evitar a troca de pessoa no texto jornalístico (coisa que Saramago fazia maravilhosamente na literatura). Como se lê hoje na matéria da participação de João Ubaldo Ribeiro na Flip: "(...) disse, acrescentando que para ser lido um escritor precisa não só de talento, mas de 'sorte ou alguma coisa imponderável que não sei bem qual é'."

Os mestres recomendariam recursos diversos para evitar a mistura do "ele" (disse) com o "eu" (não sei). Dois pontos são, talvez, a solução mais simples. Algo como "O autor acescentou: 'Para ser lido (...)'."

Parece uma bobagem, mas torna a leitura mais agradável e menos confusa.

Mais bem escrito, o idioma
faz o texto ainda melhor

Interessante o artigo no Globo de hoje, em defesa do Power Point (ver página de Opinião). Os autores, empresários e especialistas no assunto, só tropeçaram no uso do "melhor", que já derrubou muita gente especializada em escrever.

A palavrinha pressupõe uma comparação: Fulano é melhor que Beltrano, o software tal é melhor (ou pior) que aquele outro — e assim por diante.

Onde está a comparação na frase "(...) 95% das apresentações poderiam ser melhor trabalhadas (...)"? Em lugar algum, eis a questão.

Neste caso (e em todos os similares) é melhor dizer "as apresentações poderiam ser mais bem trabalhadas". Deu para sentir a diferença? Ou é necessário fazer uma explanação melhor, mais bem explicada?

sábado, 9 de julho de 2011

Assim dá ruga...

O anúncio do Hidrafil, creme "antiage" (classificação idiota até no português, "antiidade" — e que soa na TV como "antiaid", ou seja, "antiajuda"), provoca rugas com a frase "80% faz muita diferença" (com entonação exclamativa).

Gente, 80% — ou qualquer outra porcentagem acima de um — "fazem", no plural, por favor (e com exclamação, se assim preferirem 80% dos publicitários, de todas as idades).

Coquetel de palavras

Coquetel pressupõe combinação de dois ou mais ingredientes. Nem por isso a marca, atual responsável pelas palavras cruzadas do Globo, precisa fazer uma miscelânea nos seus já fraquíssimos passatempos diários (saudades do Santos Alves!).

Hoje, por exemplo, temos um "adjetivo associado ao bombeiro". A resposta? O belíssimo substantivo CORAGEM.

Pois é. E às vezes aparecem "misturas" muito mais indigestas nesse coquetel de palavras.

Só vendo para acreditar

A Bella de 'Crepúsculo' não faz feio em ‘Corações perdidos'

O colar de pérolas do FB

Pelo andar da carruagem, em breve já será possível desfilar com o colar de pérolas generosamente ofertadas pelo Facebook e colhidas por uma grande amiga e atriz (é claro que, assim que a joia ficar pronta, daremos início a outra, caso a rede não suspenda a reposição do estoque).

A pérola pescada hoje é de encher os olhos (de espanto, obviamente): "Fulana não está disponível, mas você ainda pode enviá-la uma mensagem."

Que tal? Acho que dispensa comentários. Além do mais, devido à hora, meus neurônios avisam que em breve não estarão mais disponíveis e é melhor eu enviá-los pra caminha.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Palavra da moda

A palavra do momento é "dono" (ou "dona", claro).

Todo mundo se tornou proprietário de alguma coisa, reparem nos jornais. Fulana é dona de uma voz assim, Beltrano é dono de uma técnica assada...

Até Rubem Fonseca, um dos meus escritores favoritos, é "dono de diversos prêmios literários (...)". (hoje, no Globo)

Nada contra o uso, apenas contra o abuso. Afinal, palavras não são como o Mate Leão (e azedam quando viram modismo).

terça-feira, 5 de julho de 2011

Motivo para ficar prosa


Ser citado na coluna do mestre Moacir Japiassu sem ter perpetrado algum crime contra o idioma pátrio é para deixar qualquer jornalista orgulhoso.

Quem ainda não conhece o Jornal da ImprenÇa, do Comunique-se, deve procurar conhecer, pois é fonte garantida de conhecimento e diversão.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Anjo errado

Já há algum tempo, o Globo criou um monte de seçõezinhas para ridicularizar as bobagens ditas por aí por quem tem pouca ou nenhuma instrução, como sói acontecer neste país.

No entanto, devia se preocupar mais com o festival de besteiras que anda publicando — e não apenas em matéria de erros de Português.

Hoje, por exemplo, recomenda-se o filme "Anjo do mal", no Telecine Cult, com foto e ficha técnica de uma produção de quinta categoria, datada de 2009 (e uma sinopse de doer, que começa com a seguinte frase, em negrito: "Dias difíceis na medicina." — por favor, não me perguntem o que isso significa!).

Será que nem por um momento o especialista de plantão achou que tinha algo errado com o cartaz do canal? Não lhe ocorreu visitar o IMDb, por exemplo, e verificar a existência de outros "anjos do mal" mais adequados a receber o título de cult?

Pois há e foi exibido: chama-se "Pickup on South Street" no original, tem direção de Samuel Fuller e é de 1953.

sábado, 2 de julho de 2011

Para cada geração diante
da TV, um tema inesquecível


Sabe cantar a música do Bat Masterson, do National Kid, do Jaspion ou do Spectreman? Lembra até hoje da abertura de "Bonanza", "Profissão: Perigo", "Missão impossível", "Arquivo X", "Além da imaginação"? Qual é o seu teletema? Clique e opine

Pérolas do Facebook

Vira e mexe, os textos publicitários do Facebook (ou Face, ou FB, como preferirem) dão as caras por aqui. Até os da própria rede costumam ser um "primor".

Vejam o que uma amiga destacou hoje em seu mural: "Esses 3 amigos encontraram amigos através do localizador de amigos. Você já encontrou todos os seus amigos?"

Em seguida, ela indaga, perplexa: "Quem será o redator do Facebook, genteee?!?"

E eu me arrisco a responder com outra pergunta: será que ele ousa se apresentar?!?