sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Olha a tautologia aí, gente!

Pois é, lá vem ela outra vez na avenida (desta vez a Presidente Vargas), na matéria "O ponto do medo": "(...) resolvi encarar de frente essa situação." Seria cômico se a tal situação não fosse dramática.

O motorista traumatizado (e entrevistado sob o efeito de remédios, como informa a própria matéria) não tem culpa. Cabe ao repórter, ou copidesque, ou redator, ou revisor, ou editor cuidar para que o pleonasmo não seja impresso no jornal (no caso, a página 13 do Globo). Ou algum deles já encarou uma tautologia de costas?

Às vezes eu durmo no ponto (não o do medo, por favor!) e não vejo as bobagens publicadas por aí. Mas, por sorte, tenho sempre alguma amiga atenta para me alertar.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Apertem os cintos, o revisor sumiu!

Chego da rua, debaixo de chuva, e eis que encontro e-mail de uma das amigas e assíduas colaboradoras do blog, recomendando ver a página 16 da editoria Rio do Globo. E lá estavam essas coisas cada vez mais comuns nos nossos jornais, que fazem economia dispensando revisores e copidesques.

Numa linha, dz o texto: "Policiais que estavam no local pegaram um Fiesta, abandonado durante o tiroteio, e iniciou uma perseguição."

Perguntas:
Iniciou uma perseguição? Quem, cara-pálida? Os policias são o sujeito da frase? Então, eles iniciaram, não é mesmo?

Mais abaixo, outro descuido: "Em seguida, uma duas moças saiu ferida de dentro do ônibus."

Seria "uma das duas moças"? Ou seriam "umas duas moças", mais ou menos? Nada é impossível, uma vez que a concordância é o que menos parece importar na matéria.

domingo, 7 de agosto de 2011

Face não 'curte' o Português

Fui editar minha página de preferências no Facebook (também conhecido como Face ou FB), porque o Ronaldinho estava mal posicionado no campo (em vez de estar em "atletas favoritos", tinha entrado em "atividades", vá entender).

Só então me dei conta de que cada área tem uma perguntinha. Há várias: "Que música você gosta?", "Quais programas de TV você gosta?", e assim por diante.

É um espanto ver que ainda há gente que não sabe que gostamos DE alguém ou DE alguma coisa. Eu, por exemplo, gosto DE preposições no lugar certo, porque gosto DO meu idioma.

Falando em facebookianês claro, os responsáveis pelas páginas da rede na nossa língua andam precisando de umas aulas ou de um bom copidesque. Eu até me candidato à vaga se o salário for bom. Querem me "adicionar" à equipe? Acho que eu vou "curtir".

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Até tu, Leilane?!?
(ou As vítimas assassinas)

A coleguinha Leilane Neubarth é experiente, mas hoje deu uma escorregada feia ao falar da gripe A, que está matando gente por aqui.

No "Jornal Globonews" que ainda está no ar, disse e enfatizou: "(...) já fez 11 vítimas fatais. Vítimas fatais mesmo!"

Gente, as vítimas não mataram ninguém! Fatal é a GRIPE A!

É só dar aquela sempre recomendável passadinha no Aurélio ou no Houaiss e ler o verbete: adj.2g. 1 que é inevitável; que ocorre como se fora determinado pelo destino: "não havia saída, aquela progressão era f."/ 2 que põe termo, que mata; funesto, mortal: "tiro f."/ 3 que leva à infelicidade, à ruína: "a mulher f., erro f."/ 4 que é desastroso, nefasto: "as ditaduras são f. aos intelectuais"/ 5 que não se pode prorrogar: "prazo f."/ 6 que prenuncia ou faz prever desfecho trágico ou funesto: "paixão f.", "decisão f."

Ou seja, deixem a pobre vítima fora dessa história — e também do uso "mortal", "letal", "fatal mesmo" do Português.

A falta que um revisor faz

Certamente foi uma bobeada o erro no título da página "Digital & Mídia" da terça-feira (lido só agora na madrugada de quinta, há poucas horas de receber o jornal de sexta): "Norte e no Nordeste puxam TV por assinatura".

Mas me faz ir para a cama lembrando dos bons tempos em que havia copidesque e revisão nas redações. O inesquecível Romano Speranza, por exemplo, jamais deixaria passar esse deslize.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os momentos certos da vida

Muito legal saber do 40º aniversário do grupo Contadores de Estórias (provavelmente o anglicismo deve-se ao fato de a sua estreia ter ocorrido em NY). Há, porém, alguns problemas no texto do Segundo Caderno.

Um é misturar várias vezes "a dupla" com o verbo no plural — o mesmo casal que "comemora" numa frase "tinham acabado de (...)" na seguinte. E assim por diante.

Outro está na declaração chave do texto: "Existem momentos da vida que damos braçadas, outros que nadamos contra a corrente."

Para que tais ocasiões sejam bem-sucedidas, convém que o pronome relativo "que" seja precedido da preposição "em". Ou seja: "Existem momentos da vida em que damos braçadas, outros em que nadamos contra a corrente."

Deu para sentir a diferença? Em que momento isso ocorreu?