domingo, 10 de julho de 2011

Lições esquecidas

Aprendi muito nos anos passados na redação do Globo, especialmente com Argeu Affonso, Luiz Garcia ("ombudsman" numa época em que ainda não se usava a expressão sueca) e o saudoso Aloísio Branco.

As lições podiam vir em pequenos toques, discussões, ou até na forma de truques para lembrar algumas regras do Português — e não tinham a ver apenas com crases, vírgulas etc., mas também com estilo.

Uma delas, que parece ter sido completamente esquecida no jornal, recomendava evitar a troca de pessoa no texto jornalístico (coisa que Saramago fazia maravilhosamente na literatura). Como se lê hoje na matéria da participação de João Ubaldo Ribeiro na Flip: "(...) disse, acrescentando que para ser lido um escritor precisa não só de talento, mas de 'sorte ou alguma coisa imponderável que não sei bem qual é'."

Os mestres recomendariam recursos diversos para evitar a mistura do "ele" (disse) com o "eu" (não sei). Dois pontos são, talvez, a solução mais simples. Algo como "O autor acescentou: 'Para ser lido (...)'."

Parece uma bobagem, mas torna a leitura mais agradável e menos confusa.

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