segunda-feira, 6 de maio de 2013

Erro em dose dupla

Por que dar destaque ao deslize?

Na matéria "O pecado mora ao lado", do Globo de hoje, a fala do entrevistado foi registrada com erro: 

"De manhã, é um oásis. Mas, quando chega a noite e a madrugada, é um inferno."

O Lido ora é um oásis, ora é um inferno — e neste se transforma quando elas (a noite e a madrugada) chegam.

O deslize é desculpável. A repetição no "olho", em letras grandes, não.

Cacoetes transmissíveis

Está certo, a língua é viva e a imaginação de jornalistas e publicitários é fértil. Estes inventaram a "refrescância" e a "crocância"; aqueles, no Globo de hoje, criaram a "itinerância", em matéria sobre a obra do Leminski.

Na outra ponta, temos os colegas totalmente sem criatividade, que seguem modismos como cordeirinhos. É o caso do simpático apresentador do "RJ-TV", que usa "por conta disso" e "por conta daquilo" o tempo inteiro. 

Gente, volta pra escola e aprende a "causa", como o André Trigueiro, que assumiu o telejornal no sábado e soube usar a palavra direitinho.

Mais um modismo no ar

Ontem à noite, buscando alguma coisa pra ver antes de "Game of Thrones", bati no finzinho de um programa chamado "Reclame", em que a apresentadora falou muito dos "projetos diferenciados" que acabara de exibir.


Alguém pode me explicar o que isso significa? "Diferenciados" são os novos "alternativos", que saíram de moda?

Pague (multa) para entrar

Por que será que os responsáveis pelas legendas do "Fashion Police" resolveram traduzir "Hot ticket" como "Multa Quente"?

O segmento do programa trata do principal evento da semana (leia-se "aquele ao qual compareceram mais celebridades").

Ou seja, o tíquete aí é ingresso mesmo, não tem nada a ver com pena por infração.

sábado, 4 de maio de 2013

Tendo possibilidades, use-as

O amigo jornalista me escreve: "Dê uma lida na chamada de capa do Globo de hoje sobre punição de menor infrator. Parece ter sido escrito por uma criança. Tem coisas como '(...) possuem possibilidades (...)'."

Triste mesmo.

Juro que não entendo essa história de alguns colegas acharem mais chiques "possuir" do que "ter", "utilizar" do que "usar" etc. etc.
Citando outra amiga, pergunto: alguém aí "possui" uma gripe ou um vírus qualquer?

Também fico pensando no que acontecerá com o idioma quando um monte de palavras cair em "desutilização". Já imaginou?

Agregação de besteira

Essa mania de agregar ao Jornalismo elementos dessa língua feiosa chamada "marketinguês" cria monstrengos como esse título do blog de seriados da Veja:

"'Downton Abbey' terá linha de roupas e produtos agregados".

Cabem aí várias perguntas.

Estarão falando dos prestadores de serviço da propriedade? Os produtos ficarão reunidos na mansão? Ou vão criar um aglomerado deslumbrante como este aí da foto, visto pelas lentes do Hubble?

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Qual é a causa?

O Globo precisa pedir a seus profissionais que ressuscitem a palavra "causa", morta, enterrada e substituída por "conta", sem critério algum.

O abuso do "por conta disso" e "por conta daquilo" chega a causar incômodo — ou seria "contar" incômodo?

Sim, porque, do jeito que vai a coisa, daqui a pouco "contas criminais" serão ganhas nos tribunais, teremos uma lei de "conta e efeito" etc. etc.