Muita gente não entende minha implicância com o "após" que assola a imprensa.
No meu tempo de redação, essa praga horrorosa não existia.
Pessoas morriam DE infarto, NUM acidente, COM um tiro ou NO tiroteio, após os quais eram enterradas. Ponto.
Hoje a assídua colaboradora me mandou um monte de "após" que encontrou no Globo — e há muito tempo eu não trabalho no jornal.
Ou seja, não recebo um tostão pelo copidesque, mas vou me esforçar pra tentar explicar por que essa mania de "temporizar" os acontecimentos é equivocada.
Num dos títulos, cabia dizer que "depois de 44 anos de luta", a rua tal foi reaberta. Faz sentido, é informativo.
O abuso "desmoraliza" o uso acertado.
Vejam na imagem o ridículo do "após durante". Custa muito ser simples, direto e claro? Que tal "Destruído pela chuva, Sheraton dá a volta por cima"?
Quer "temporizar"? "Destruído pelo temporal de fevereiro (...)" é uma sugestão.
Ou ficassem com o subtítulo, que, adequadamente (se não houvesse a bobajada anterior), diz: "Hotel reabre depois de quase dois meses fechado".
É só um trecho. Leiam com atenção.
Se forem usar "também", esqueçam o "além". Se tem "a partir de", prefiram o presente, dispensem o futuro.
E não separem o sujeito ("caixa de força") do verbo ("estourou"), por favor.
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