quarta-feira, 9 de maio de 2012

Quando se vira ex

A matéria a respeito de uma mulher torturada já estava longa e confusa, devido à mania do momento: como se fossem atores em cena, repórteres/apresentadores têm que rir, se condoer, se indignar, enfim, externar as emoções "adequadas" ao que estão relatando.

Seriam eles "ex"-jornalistas? Ou é preciso ser levado à prisão para o "elemento" atingir a condição de "ex"? Sim, porque, na reportagem em questão, o bandido por trás da ação, encarcerado, só foi mencionado como "o ex-traficante". Pela lógica dos colegas (talvez "formados" pela CAL ou pelo Tablado) — e pela insistência no "ex", repetido à exaustão —, deduz-se que, indo parar na cadeia, todos deixam de ser o que eram, passando a "ex-cirurgião", "ex-artista", "ex-engenheiro", "ex-vendedor ambulante" etc. etc. etc.

Em tempo: na Globo News, a nova moda de apresentadores atores, que "interpretam" as notícias, criou uma leva de jornalistas canastrões. E em todos os canais, outra mania, a de incorporar o jargão policial, já encheu.

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