No tempo em que não existia ombusdman por aqui (mas o colega Luiz Garcia fazia este papel no Globo), aprendi coisas como: não se misturam os sujeitos no meio da frase.
A utilíssima lição serve para evitar bagunças como esta de hoje, em nota na coluna do Ancelmo: "Maria Fernanda, que enfrenta uma guerra judicial com o sobrinho Alexandre Teixeira, considera 'o fato de a Global conduzir esta negociação sem sua participação um verdadeiro ultraje'."
Se o trecho está entre aspas, significa que foi dito por Maria Fernanda. Então, de quem será a tal participação?
Se o possessivo "sua" se refere à atriz, a frase deveria ter pausa, com dois pontinhos, depois dos quais ela diria: "O fato de a Global conduzir esta negociação sem a minha participação é um verdadeiro ultraje."
Solange, acho que você está pedindo um requinte muito grande desses redatores mal remunerados. Tem coisas mais simples que eles não conseguem acertar. Agora, por exemplo, apaixonaram-se todos, perdidamente, pelo espelho d`água. E a lâmina d`água, coitadinha, foi abandonada. As pessoas estão mergulhando no espelho d`água, não mais na lâmina d`água (ficam na superfície, boiam sem esforço); o carvão que empesteava a praia da Macumba estava poluindo o espelho d`água (e a lâmina d`água,coitadinha, lá embaixo, sofria para respirar). Estão também apaixonados pelos "procedimentos cirúrgicos". Ninguém mais vai ser operado, ou fazer uma cirurgia, vai "passar por um procedimento cirúrgico". E avião virou aeronave, graças à repetida e insistente vozinha dos aeroportos, aquela que diz que a aeronave está "em solo" (e quando ela está "em ar", como é que fica?). E nada mais se deve a algum fato ou devido a algum fato ou por causa de, mas sempre "por conta de". Ninguém se toca. Vão repetindo à exaustão e não aparece ninguém pra dar um soco na mesa na redação e mandar parar com isso. Não. Não vão parar. Vão "seguir fazendo", esse espanholismo bobo chupado pelos locutores de futebol. Vamos de eufemismo em eufemismo destruindo nossa bela língua portuguesa.
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